Bolsas da Europa têm forte queda diante do aumento da perspectiva de recessão

Pessimismo também contribuiu para derrubar os mercados asiáticos

Bandeira da União Europeia. Foto: Pixabay
Bandeira da União Europeia. Foto: Pixabay

As bolsas europeias registram forte queda na manhã desta quinta-feira pressionadas pelo reposicionamento de investidores antes do final do primeiro semestre, que se encerra hoje, depois que os presidentes dos bancos centrais dos Estados Unidos, Europa e Inglaterra deixarem claro ontem que seguirão com os apertos monetários necessários para controlar a inflação.

Segundo pesquisa do Deutsche Bank publicada ontem, os investidores estão cada vez mais convencidos de que o ritmo de elevação dos juros A pesquisa revelou que cerca de 90% dos investidores esperam que os EUA entrem em recessão antes do final de 2023.

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O Barclays prevê um crescimento do PIB da zona do euro abaixo do consenso durante o verão e uma recessão no inverno, baseada em parte na redução da renda real. Embora os balanços das famílias pareçam sólidos, já que estão com 2 trilhões de euros a mais do que o esperado na tendência de 2015 a 2019, as pesquisas do Barclays sugerem que o excesso de riqueza fornecerá apenas parte de proteção. Em nota, os economistas do Barclays argumentam que apenas uma pequena parte do excesso de riqueza está em ativos altamente líquidos, as famílias estão expostas à depreciação dos preços dos ativos e as poupanças provavelmente são distribuídas de forma desigual. Apenas uma pequena parcela do excesso de riqueza está nos ativos mais líquidos, 500 bilhões de euros estão em moeda e depósitos, de acordo com o Barclays.

A Fitch Ratings também divulgou, hoje, relatório com perspectivas de que a interrupção do fornecimento de gás russo à Europa aumenta muito o potencial de recessão na zona do euro.

Além disso, o mercado também espera com cautela a divulgação do índice de inflação PCE dos Estados Unidos, preferido do Federal Reserve para calibrar suas expectativas.

Às 07h41, o índice pan-europeu Stoxx 600 recuava 2,07%, a 404,85 pontos. Entre as bolsas, a de Paris tem queda de 2,74% a 5.865,36 pontos, enquanto Londres desce 1,92%, a 7.171,90 pontos, e Frankfurt cai 2,28%, a 12.707,59 pontos.

Os comentários dos presidentes do Fed, Jerome Powell, do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde e do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, ontem, na conferência do BCE pesaram no último dia do semestre, disse Jeffrey Halley, analista sênior de mercado da Oanda.

“Os presidentes dos BCs sugeriram que continuariam subindo mesmo se suas economias desacelerassem para conter a inflação. Isso aumentou os riscos de recessão”, disse ele. A expectativa dos ouvidos pelo Valor ontem, após a conferência, é de que conter a é mais importante do que provocar uma recessão, para que os erros da não sejam repetidos.

“Não há dúvidas de que o Federal Reserve, o BCE e o BoE estão dispostos a fazer o que for preciso para trazer a inflação de volta à meta, mesmo que isso signifique passar por muita dor, disseram os analistas da Pictet Wealth Management. Segundo eles, o “trade-off” de política subjacente deve estar igualmente claro agora: quanto mais bem-sucedido o BCE for no combate à fragmentação financeira, mais altas as taxas de juros poderão ser aumentadas.

Um dia depois da reunião em Sintra o banco central da Suécia (Riksbank) elevou nesta quinta-feira sua taxa básica de juros de 0,25% para 0,75% e sinalizou um ritmo mais lento de compras de ativos, enquanto luta contra a alta da inflação. O Riksbank agora espera que a taxa básica de juros seja elevada para perto de 2,0% no início de 2023, de cerca de 1,2% anteriormente, e para 2,1% no final do período de previsão, no segundo trimestre de 2025. “A inflação subiu rapidamente e deve permanecer acima de 7% pelo restante do ano”, disse o banco central sueco.

Entre outras notícias, a taxa de desemprego ajustada subiu para 5,3% em junho na Alemanha, acima dos 5,0% de maio. Na zona do euro, contudo, o desemprego caiu em maio para 6,6% ante 6,7% em abril. Na Alemanha, as vendas no varejo registraram ligeira alta de 0,6% em maio, depois de registrarem forte queda de 5,4% em abril.

O Bernstein rebaixou a recomendação das ações da Lufthansa por ser a empresa área que tem perspectivas mais desafiadoras no setor. Os analistas disseram que as viagens corporativas e o tráfego do leste asiático, dos quais a transportadora alemã dependia muito antes da pandemia, estavam demorando mais para se recuperar. Os desafios da Lufthansa incluem questões não resolvidas sobre alocação de capital e vendas de ações, disseram os analistas, observando que o governo alemão ainda precisa vender sua participação de 14%, o que deve ser feito até outubro de 2023.

Pessimismo derruba bolsas asiáticas

As bolsas asiáticas fecharam a sessão majoritariamente em queda nesta quinta-feira em meio a temores sobre a atividade econômica mundial e a possibilidade de recessão. Este é o segundo dia consecutivo de perdas para os mercados asiáticos.

No Japão, o índice Nikkei fechou a sessão em queda de 1,54%, a 26.393,04 pontos, influenciado pelo setor de eletrônicos e automóveis, uma vez que persiste a incerteza sobre os custos de operação mais altos e as perspectivas econômicas. A Tokyo Electron caiu 4,1% e a Nissan Motor perdeu 3,8%.O índice Nikkei registrou retração de 8,3% no primeiro semestre de 2022. Os investidores estão se concentrando nos dados econômicos dos EUA e suas implicações para a formulação de políticas do Fed.

Na China continental, as bolsas fecharam em território misto, estendendo os ganhos iniciais depois que os indicadores da atividade fabril e de serviços do país se expandiram em junho, após três meses consecutivos de contração. “Isso reafirma a expectativa de uma recuperação econômica na China que provavelmente ganhará impulso no segundo semestre do ano, juntamente com a implementação de medidas de estímulo”, disseram analistas da UOB em nota. O Shanghai Composite Index subiu 1,1% para 3.398,62 e o Shenzhen Composite Index teve queda de 2,2% para 2.194,50. Já o Índice de Preços ChiNext avançou 1,5% para 2.810,60. As ações de bebidas chinesas subiram, com Kweichow Moutai aumentando 1,8% e Wuliangye Yibin valorizando 5,2%. A Tianqi Lithium subiu 1,6% após revelar planos para levantar até US$ 1,7 bilhão em um IPO em Hong Kong.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve queda de 0,6%, a 21.859,79 pontos no fechamento com foco nas preocupações com as medidas restritivas que continuam vigentes na China, mesmo após os dados positivos divulgados hoje, que mostraram melhora nos PMIs de manufatura e serviços da China em junho. A afirmação do presidente chinês, Xi Jinping, reiterando o compromisso da China com as medidas restritivas pode ter reforçado o pessimismo nos mercados em Hong segundo o analista sênior de mercado da Oanda, Jeffrey Halley, por e-mail. Entre os piores desempenhos do HSI, Meituan caiu 4,2%, Lenovo Group caiu 4,2% e Orient Overseas perdeu 3,1%. O índice Hang Seng TECH fechou em queda de 1,4%, em 4.870,30. Enquanto isso, a Sino Biopharmaceutical subiu 6,0%, a China Resources Beer subiu 4,6% e a Xinyi Glass subiu 4,2%.

Em Seul, o índice Kospi teve queda de 1,9%, a 2.332,64 pontos com a retração sendo liderada pelas ações relacionadas a games, internet e tecnologia. O Kospi registra prejuízos de 13% no mês. Investidores estrangeiros e institucionais lideraram o recuo da sessão, uma vez que as preocupações com os lucros corporativos mais fracos pesaram no mercado. Os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que ele arriscaria uma recessão em sua luta contra a inflação também contribuíram para o clima pessimista. A empresa de jogos online NCsoft caiu 10% devido a preocupações com o crescimento lento da receita, já que seu par local Krafton também recuou 7,8%. O grupo de Internet Naver caiu 2,6% em resultados possivelmente fracos do 2T. A gigante de tecnologia Samsung Electronics caiu 1,7%.

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