Bloqueios causam desabastecimento em supermercados, diz Abras; confira o impacto sobre as ações do setor
Empresas de giro mais rápido do Sudeste têm queda no valor das ações
O setor de supermercados já começa a enfrentar problemas de abastecimento devido aos bloqueios nas principais rodovias do país promovido por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
As manifestações, que pedem o cancelamento do resultado das eleições e intervenção militar, têm causado mal-estar até entre empresários apoiadores do atual presidente, como João Galassi, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
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Bolsonaro esteve presente em evento da Abras em setembro, durante a campanha eleitoral.
O momento exigiu que Galassi pedisse ao presidente Jair Bolsonaro alguma ação “a respeito das dificuldades de abastecimento que já começam a enfrentar os supermercadistas em função da paralisação dos caminhoneiros nas estradas do país”.
Galassi, fará um pronunciamento a respeito dos efeitos da paralisação no setor supermercadista ainda nesta terça-feira por volta das 14h30.
Ações dos supermercados
Às 11h da manhã desta terça, quando os bloqueios seguem travando o trânsito nas estradas de todo o país, as ações das empresas supermercadistas caíam na Bolsa.
O Assai (ASAI3) registrava queda de 1,01%, com ações valendo R$ 19,63.
O Carrefour Brasil (CRFB3) também operava em baixa, com desvalorização de 1,70%, com os papéis valendo R$ 19,13.
Já o Grupo Mateus (GMAT3), que atua no Norte e Nordeste do país, não sentiu o impacto das paralizações como os concorrentes. As ações sobem 0,68%, cotadas em R$ 7,34.
O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que atua mais com o varejo alimentar para rendas maiores e tem um giro mais lento, também tem conseguido se proteger do impacto das paralizações. As ações registram alta, de 1,41%, valendo R$ 22,36.
Empresas pedem ação do poder público
A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) vê com preocupação os bloqueios de estradas por manifestantes e pede que as autoridades atuem para liberar a circulação.
A entidade representa empresas atacadistas e distribuidoras que vendem alimentos, bebidas, produtos de higiene, limpeza e medicamentos entre outros produtos. O setor trabalha com uma frota de 100 mil caminhões.
A Abad afirma que ainda não é possível avaliar a extensão dos prejuízos provocados pelas manifestações. “Queremos crer que seja um movimento pontual”, observou.
Veja abaixo a íntegra da nota da Abad:
‘Toda e qualquer manifestação que paralise a movimentação nas estradas brasileiras preocupa a Abad, entidade que representa um setor que movimenta nacionalmente uma frota de mais de 100 mil caminhões e abastece todos os dias mais de 5.570 municípios no país. Queremos crer que seja um movimento pontual e, por ora, não podemos avaliar a extensão dos prejuízos. Pedimos ao poder público que atue e libere as estradas. Em circunstâncias como essa, é preciso aplicar as leis e defender o cidadão comum e as empresas que trabalham honestamente no país.”
Depois das eleições, a entidade já divulgou nota defendendo a pacificação dos ânimos. “É o momento de se olhar para a frente, pacificar os ânimos, buscar o diálogo com o novo governo e centrar as energias em revigorar a economia do país”, afirmou Leonardo Miguel Severini, presidente da Abad.