Bancos estrangeiros recomendam aumento de alocações em commodities e energia
UBS avalia que guerra prolongada pode empurrar os preços do ouro acima de US$ 2.000 por onça
O risco de a crise de energia e de commodities ficar ainda mais grave “aumentou materialmente” com a escalada nas tensões geopolíticas dos últimos dias e potenciais interrupções no comércio de petróleo, gás natural, grãos e metais “são, agora, um risco significativo para os investimentos e a economia real”. A avaliação é dos estrategistas do J.P. Morgan, para quem os investidores devem proteger as carteiras desse risco com um aumento de alocações em ativos ligados a commodities e energia.
“Essas alocações serviriam como proteção à inflação, riscos geopolíticos e à reabertura das economias após a covid-19, no que vemos como um ciclo contínuo de expansão econômica”, apontam os estrategistas em referência à economia global. Eles notam que os estoques de commodities se contraíram acentuadamente e que esses baixos níveis “nos deixam com poucos amortecedores, o que poderia gerar aumentos não lineares dos preços das commodities, principalmente à luz do nosso cenário-base de um novo aumento nas tensões geopolíticas”.
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Na avaliação dos profissionais do J.P. Morgan, é necessário manter proteções para as questões geopolíticas, mas também permanecer estrategicamente posicionado para juros mais altos e uma recuperação dos mercados de risco. Assim, os estrategistas continuam com visão “overweight” [acima da média do mercado] para ações e “underweight” [abaixo da média do mercado] para bônus, “pois não vemos o risco geopolítico atual como uma ameaça às perspectivas de crescimento em 2022, enquanto esperamos que as taxas dos títulos subam ainda mais”.
Commodities como ‘hedge’ geopolítico
O UBS recomenda que, com o risco de interrupções na cadeia de oferta em meio à invasão da Ucrânia pela Rússia, as commodities podem ser um “hedge geopolítico” eficaz para as carteiras, além de oferecer uma atrativa fonte de retorno em um ambiente de crescimento acelerado, inflação persistente e taxas de juros mais altas. “Nós pensamos que uma escalada prolongada poderia empurrar os preços do ouro acima de US$ 2.000 por onça”, escreve Mark Haefele, CIO do UBS Global Wealth Management, em relatório.
O banco suíço também recomenda que os investidores se posicionem para o fortalecimento do dólar, moeda “porto seguro” que tende a se recuperar durante períodos de maior incerteza geopolítica ou sentimento “risk-off” nos mercados financeiros. A instituição financeira pensa que a expectativa de seis ou sete aumentos nas taxas de juros dos Estados Unidos provavelmente apoiará o dólar americano nos próximos meses. “Como tal, vemos o dólar americano como uma moeda de posição tática atraente no momento”, diz Haefele.
Com a incerteza devendo permanecer elevada nos mercados, os investidores que procuram reduzir a volatilidade nas carteiras podem considerar equilibrar algumas de suas exposições cíclicas com setores e estratégias defensivas, afirma o CIO do UBS.
Segundo ele, o segmento de saúde global ainda é o setor defensivo preferido do banco, e “também vemos estratégias de dividendos, estratégias de alocação dinâmica e o uso de soluções estruturadas como meios potencialmente atraentes de melhorar os perfis de risco-retorno de carteiras globais”.
(Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico)