Apostas online viram nova ameaça para empresas de educação, avalia BTG
Analistas do banco escrevem em relatório que jogos de azar parecem 'fonte crescente de preocupação' para o setor
A indústria de apostas online e jogos de azar apresenta riscos reais às empresas de educação da bolsa de valores brasileira. Esta é a avaliação do BTG Pactual, em relatório assinado pelos analistas Samuel Alves, Yan Cesquim e Marcel Zambello.
“Com as empresas já indicando mais um ciclo de captação desafiador (especialmente no ensino a distância), um risco potencial começou a ganhar força nas discussões do setor sobre a demanda no mercado de ensino superior: o aumento estratosférico da indústria de jogos de azar no Brasil”, escrevem.
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Dessa maneira, o BTG repercute estudo da consultoria Educa Insights sobre o impacto negativo das apostas no mercado de ensino superior.
Em suma, 30% das pessoas consultadas disseram que os jogos online comprometem seus planos de graduação.
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“A pesquisa descobriu que cerca de 50% dos que apostam frequentemente gostariam de iniciar um curso de graduação. (Bem como) mostra que 35% dos potenciais matriculados desistiram da educação superior em 2024 porque gastaram seu dinheiro em apostas e plataformas de cassino virtual”, observam os profissionais do BTG.
“O percentual foi ainda maior para famílias de baixa renda. No universo de indivíduos com renda mensal média de R$ 2,4 mil, 39% afirmaram ter desistido de se matricular em um curso. Assim como 41% dos indivíduos que ganham aproximadamente R$ 1 mil mensais”, prosseguem.
“Outro dado alarmante: apenas 37% disseram que talvez parem de apostar em 2025 para continuar estudando”, ressaltam.
Dinheiro indo para apostas online
Então, para o BTG, as discussões sobre o impacto das apostas online no consumo estão apenas começando. Sendo que já podem estar afetando a demanda no mercado de educação, alerta o banco no relatório.
“De acordo com uma pesquisa da consultoria PwC, o setor de jogos de azar no Brasil gerou R$ 100 bilhões em 2023. Ou cerca 1% do PIB. Para as famílias de baixa renda, esses gastos representam 76% das despesas com lazer e cultura”, anotam os analistas.
“Coincidentemente, empresas listadas começaram a sinalizar um cenário difícil para as captações no segundo semestre de 2024. Especialmente no segmento de EAD. As primeiras impressões indicam uma concorrência mais acirrada e uma postura mais agressiva”, sinalizam.
‘Fonte crescente de preocupação’
Por fim, diante de um novo problema no cenário, o BTG afirma que não está otimista com o setor e as ações de educação na bolsa.
Entre outros fatores, o banco considera que as empresas enfrentarão neste ano o desafio de provar que seus fundamentos podem se sustentar em meio a bases de comparações anuais mais difíceis e um ambiente regulatório mais desfavorável.
“Além disso, as apostas parecem ser uma fonte crescente de preocupação no setor. Vale destacar que as taxas de juros mais altas também podem representar riscos negativos para as empresas de educação. Já que os balanços continuam alavancados”.
“Assim, preferimos adotar uma abordagem relativa no setor, mantemos nossas preferências. Dado sua baixa exposição ao ensino a distância e boas perspectivas de desalavancagem, a Anima (ANIM3) continua sendo nossa principal escolha”.