Petrobras aprofunda perdas na bolsa com pedido de suspensão de venda de ativos e tributação sobre exportação

Petroleiras menores também registram forte queda na sessão

Estrutura da Petrobras, uma das gigantes mundiais do setor de petróleo e gás - Foto: Geraldo Falcão/Agência Petrobras
Estrutura da Petrobras, uma das gigantes mundiais do setor de petróleo e gás - Foto: Geraldo Falcão/Agência Petrobras

As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras (PETR3; PETR4) sofrem forte queda na manhã desta quarta-feira (1), depois do anúncio do Ministério da Fazenda de que haverá aumento na taxa de exportação de petróleo.

Por volta das 12h35, as ações preferenciais (PETR4) caíam 3,58%, cotadas a R$ 27,72. Já as ordinárias registravam queda de 3,05%, a R$ 24,47. Mais cedo, no começo do pregão as quedas eram próximas de 1%.

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Entre as menores, as ações da Prio caíam 3,95% no horário mencionado. A Enauta registrava tombo de 3,27%. Mas a queda mais sensível era da 3R, caindo 10,05%.

Pedido de suspensão de venda de ativos

No começo da tarde, o Ministério de Minas e Energia pediu que Petrobras (PETR3;PETR4) suspendesse a venda de ativos por 90 dias. Ofício do ministério inclui também a solicitação da suspensão de novas processos de desinvestimento em curso.

O motivo, segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em nota, é a revisão da Política Energética Nacional e a instalação de novos membros do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Em resposta aos investidores, a Petrobras afirma que seu conselho de administração deve avaliar o requerimento.

Credit Suisse: taxação vai ‘destruir valor’

Uma análise do Credit Suisse aponta que a tarifa de 9,2% sobre as exportações de petróleo por quatro meses anunciada pelo governo federal é muito negativa para as empresas de produção e exportação.

“O mecanismo é efetivamente destruidor de valor para as empresas de produção e exploração – uma indústria que representa cerca de 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do país”, escrevem os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero.

Os analistas afirmam que volume das exportações de petróleo são bem menores do que a produção, e os recursos arrecadados são desproporcionais aos danos causados. Além disso, a tarifa de exportação não deveria ser necessária, pois o governo já possui receitas substanciais, e deve recuperar R$ 6,7 bilhões com os impostos, ante R$ 9,6 bilhões que receberá em dividendos sob a política atual.

Apesar da medida afetar a Petrobras, a empresa deve sofrer impactos menores que outras do setor dada a sua participação em refino.

Para a Petrobras, eles estimam efeito negativo de US$ 650 milhões no Ebitda, ou US$ 430 milhões após impostos, menos de 1% do valor de mercado. Para um ano inteiro, o impacto no Ebitda seria de US$ 2 bilhões, com os impostos permanentes levando a uma queda no preço-alvo para os recibos de ações (ADRs) de US$ 16 para US$ 14.

Prio deve sofrer impacto maior

Segundo os Cardoso e Gumiero, a introdução de uma tarifa de exportação reduziria os preços de paridade de exportação, afetando a receita das empresas, em particular as independentes, com destaque para a Prio, antiga PetroRio.

Para a Prio, os analistas calculam um impacto negativo de US$ 75 milhões no Ebitda, ou US$ 50 milhões após impostos, cerca de 1% do valor de mercado atual. Se o governo estender os impostos, o impacto no Ebitda pode chegar a US$ 225 milhões em um ano e, com os impostos incorporados indefinidamente no modelo, o preço-alvo para as ações da Prio cairia de R$ 42 para R$ 35.

Citi: arrecadação cresce, mas pequenas vão sofrer

O Citi estima que, com a medida, o governo pode arrecadar R$ 6,4 bilhões nos quatro meses iniciais de vigência, valor muito inferior ao potencial dividendo da Petrobras, entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões no quarto trimestre, que a empresa pagaria ao governo seguindo a fórmula atual, que poderia ser usada para mitigar o impacto do imposto sobre combustíveis.

Os analistas Gabriel Barra, Andrés Cardona e Joaquim Atie afirmam que o mercado precificará uma alíquota de imposto de importação de curto prazo, devido à falta de visibilidade do marco regulatório e tributário no Brasil. Segundo eles, a Prio e Enauta enfrentariam o maior impacto negativo em termos nominais, com a Petrobras sendo menos afetada.

O Citi tem preço-alvo de R$ 60 para as ações da Prio e, considerando o novo imposto, o preço-alvo pode cair para R$ 52. Já o preço-alvo da Enauta pode recuar de R$ 19 para R$ 14, enquanto o preço-alvo para Petrobras pode ter queda de R$ 19,15 para R$ 18,80.

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