Klabin: mercado vê piora sequencial, mas resultado dentro do esperado; ações têm leve queda

Bancos comentam resultado divulgado nesta terça e fazem projeções para as ações da Klabin

Foto: divulgação

A Klabin apresentou resultados dentro do esperado no quarto trimestre, com números sequencialmente mais fracos, impactado por menores volumes e preços realizados de celulose, compensando queda nos custos, segundo análise de alguns dos principais bancos de investimento do país.

Na tarde desta quarta-feira (8), por volta das 17h, as ações da empresa registravam leve queda, de 0,52%, a R$ 3,85. O Itaú BBA tem recomendação de compra para Klabin, com preço-alvo em R$ 24. Há pouco, as ações caíam 0,52%, cotadas em R$ 19,20.

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Os analistas do Itaú BBA, liderados por Daniel Sasson, escrevem que o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 1,9 bilhão superou as estimativas de R$ 1,87 bilhão. O número é alta de 1% em um ano e queda de 18% sobre setembro.

O banco aponta que embalagens apresentou números resilientes na comparação anual, com desempenho positivo em sacos compensando parcialmente queda sequencial em papelão ondulado.

Em celulose, os resultados foram fracos, com menor produção por paradas de manutenção na Puma I e queda de 1% nos preços realizados ante o terceiro trimestre. Os custos de produção caíram, com menores gastos em madeira.

“A geração de fluxo de caixa livre foi robusta em R$ 1,8 bilhão, ajudada por menores despesas financeiras e liberação de R$ 400 milhões em capital de giro”, comentam. A empresa manteve alavancagem sob controle em 2,6 vezes a dívida.

BB reduz recomendação, mas vê potencial

O BB Investimentos reduziu a recomendação da Klabin de compra para neutra e cortou o preço-alvo de R$ 30 para R$ 24.

O valor implica em um potencial de alta de 25% em relação à cotação atual. Apesar dos resultados trimestrais fortes, a atualização vem após uma revisão de ‘valuation’ da companhia e de sinais de arrefecimento de demanda, somados à queda na rentabilidade.

O banco diz que, assim como nos trimestres anteriores, a Klabin reportou números robustos no quarto trimestre de 2022, em linha com as estimativas da casa, mesmo com queda de margens.

A casa acredita que os próximos resultados ainda devem ser satisfatórios, principalmente considerando as vantagens competitivas da exportadora de papel e celulose.

Entre elas a liderança, a elevada competitividade de custos, a diversificação de fibras e a exposição a mercados resilientes.

Por outro lado, o BB Investimentos avalia que os resultados deverão começar a refletir os efeitos do arrefecimento de preços de celulose e, portanto, continuarão se afastando dos números recordes apresentados pela empresa ao longo de 2022.

“Observamos que as units da Klabin estão sendo negociadas com 24% de desconto sobre seu múltiplo histórico. Ainda assim, acreditamos que as ações das empresas do setor poderão apresentar volatilidade mais elevada no curto prazo e passar por novas correções ao longo do ano”, aponta a analista Mary Silva.

Junto com a divulgação do resultado, a Klabin anunciou a distribuição de dividendos complementares de R$ 245 milhões (cerca de R$ 0,31 por unit), a serem pagos em 24 de fevereiro, sendo negociados ex-dividendos a partir de 14 de fevereiro.

“Vale destacar que em 2022, a companhia distribuiu mais de R$ 1,6 bilhão em proventos, que representa um yield de 6,8% sobre a cotação de fechamento média do ano”, diz a analista.

Inter: dinâmicas apertadas em todas as linhas

Os resultados da Klabin para o quarto trimestre de 2022 vieram em linha com as expectativas, afetados por dinâmicas mais apertadas em todas as linhas de negócios, bem como paradas em algumas de suas operações, o que limitou, em partes, o volume produzido e disponibilizado em alguns segmentos, diz o Inter.

O Banco Inter reiterou sua recomendação de compra para as ações da Klabin, com preço-alvo de R$ 29, potencial de alta de 51% ante o valor negociado no momento na B3.

A analista Gabriel Joubert escreve, em relatório, que a Klabin teve receita dentro do previsto, com vendas de papéis e embalagens apresentando maior recuo, em razão da sazonalidade do quarto trimestre, mas também a uma demanda mais enfraquecida nos mercados internacionais.

“Apesar da alta dos insumos ainda pesar sobre os custos, vimos estes mais comportados no trimestre”, afirma. Mesmo assim, o Ebitda reportou uma queda de 18% em base trimestral, escreve a analista.

Apesar do trimestre mais desafiador, a Klabin está bem posicionada para enfrentar as possíveis adversidades de uma economia global em desaceleração, o que pode refletir na demanda e, consequentemente, preços das commodities em geral, limitando avanços mais significativos nas receitas, diz Joubert.

Citi: preços compensaram custos

A Klabin apresentou um resultado no quarto trimestre resiliente, na visão do Citi Bank, que acredita que os preços mais fortes compensaram parcialmente os custos mais altos.

A receita líquida de R$ 20 bilhões foi apoiada pelos preços internacionais elevados da celulose, que cresceram 32% na comparação com quarto trimestre de 2021, para US$ 831 por tonelada da celulose HW. O aumento dos repasses de preços no mercado doméstico durante o trimestre também contribuiu para esse desempenho, comenta o Citi.

Por outro lado, os custos de mão de obra e componentes químicos mais caros pressionaram os resultados do preço. Sobre a demanda de celulose, o Citi destaca que a empresa apresentou estabilidade nos mercados dos EUA, América Latina e Europa, enquanto na China, os pedidos ficaram mais fracos.

Os volumes de celulose também caíram 3% na comparação anual, para 374 mil toneladas, devido a paralisações não planejadas. Já os volumes de papelão ondulado doméstico recuaram 8% na mesma base comparativa, impactados pela desaceleração do segmento de alimentos.

O Citi mantém a sua indicação de compra das ações da Klabin, com preço-alvo de R$ 35, uma valorização potencial de 82,9% sobre o preço atual dos papéis.

Santander: investimento impactou fluxo de caixa

Os resultados da Klabin no foram positivos, em linha com o consenso do mercado, sustentada por melhores preços realizados dos seus produtos no período, diz o Santander.

Os analistas Rafael Barcellos e Arthur Biscuola escrevem que os preços mais altos ajudaram a reduzir o impacto de volumes mais fracos e a persistência dos custos elevados no balanço.

Na unidade de embalagens, os preços realizados aumentaram 3% na comparação com o trimestre encerrado em dezembro. Em papel e celulose, o Ebitda da unidade caiu 10%, pressionada por menores volumes e pressões de custos.

A companhia registrou geração de fluxo de caixa positivo, o que o banco vê como bom sinal, mesmo com os desembolsos feitos para investimentos no Puma II, mantendo alavancagem em 2,7 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda.

O Santander tem recomendação de compra para Klabin, com preço-alvo em R$ 31.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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