Bradesco (BBDC4) supera previsão de lucro no 1º tri, mas não convence mercado e ações caem
Analistas observaram o ritmo fraco do crédito e das margens com clientes, além das receitas com tarifas, que vieram abaixo das previsões
As ações do Bradesco (BBDC4) caíam nesta quinta-feira (2), mesmo após o banco divulgar lucro acima das previsões para o primeiro trimestre de 2024.
Assim, por volta de 11h40 (horário de Brasília), o papel preferencial da instituição (BBDC4) recuava 1,9%.
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Enquanto o Ibovespa tinha alta de 0,6% no mesmo horário.
Mais cedo, o Bradesco anunciou que teve lucro recorrente de R$ 4,2 bilhões de janeiro a março.
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Embora isso signifique uma queda de 1,6% ano a ano, o resultado veio acima da previsão média de analistas, de R$ 3,8 bilhões.
Mudanças no Bradesco
Em apresentação a jornalistas, o presidente-executivo do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, ressaltou a mudança de postura do grupo na concessão de crédito, priorizando operações com menor risco.
Consequentemente, o banco observou queda no índice de inadimplência e nas provisões para perdas esperadas com calotes.
“Nosso apetite por risco é diferente do passado”, resumiu Noronha na apresentação.
Um dos bancos mais atingidos pela combinação de juros e inflação alta nos anos pós-pandemia, o Bradesco teve um salto nas perdas com calotes, o que pressionou fortemente os lucros.
Assumiu em novembro passado no lugar de Octavio de Lazari, demitido, com a missão de também aumentar a competitividade do Bradesco num mercado com crescente concorrência dos bancos digitais, como o Nubank (ROXO34).
BBDC4 no 1T2024
Contudo, analistas apontaram para um conjunto misto de resultados.
Se a qualidade da carteira de empréstimos melhorou, isso veio às custas de foco em linhas de menor risco, menos lucrativas.
“Apesar do lucro acima do consenso, observamos tendências suaves no crescimento das receitas, particularmente na margem com clientes e com o mercado, o que exigiria uma aceleração nos próximos trimestres para o banco atingir suas previsões”, afirmou o Goldman Sachs em relatório.
Por exemplo, a margem financeira, que mede quanto o banco ganha em operações de crédito, apontou queda de 0,9% ano a ano.
A previsão do Bradesco para o desempenho ao longo de 2024 é de crescimento de 3% a 7%.
E o ritmo de crescimento das receitas com tarifas (+1,3%) também ficou abaixo do que o próprio banco espera para o ano (+2% a 6%).
“Acreditamos que atingir as expectativas nestes primeiros trimestres é muito importante, não apenas para os investidores, mas também para que a equipe do Bradesco acreditar que o novo capitão tem o controle do navio”, afirmou o BTG Pactual, também em relatório.
O resultado da divisão de seguros, que responde por quase metade do lucro do grupo, cresceu com melhora operacional, que compensou menores receitas financeiras.
Confira destaques do balanço na tabela abaixo:
Bradesco no 1º tri/2024 | Total | Variação anual |
Carteira de crédito | R$ 890 bilhões | +1,2% |
Índice de inadimplência acima de 90 dias | 4,8% | -0,3 ponto percentual |
Despesa com provisão para calotes | R$ 7,81 bilhões | -17,9% |
Receita com tarifas e serviços | R$ 8,86 bilhões | +1,03% |
Despesas operacionais | R$ 13,36 bilhões | +4,4% |
Lucro recorrente | R$ 4,2 bilhões | -1,6% |
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE) | 10,2% | -0,4 ponto percentual |
Resultado operacional de seguros | R$ 4 bilhões | +8,9% |
CEO do Bradesco mostra confiança
Marcelo Noronha reafirmou o compromisso com o atingimento de metas para 2024.
Ele sublinhou que o Bradesco cresceu mais do que a média do setor bancário em crédito em fevereiro e março.
Dessa forma, a velocidade de crescimento nos próximos trimestres deve ganhar força, disse na conferência com analistas.
Em relação às receitas com tarifas, o executivo explicou que o baixo crescimento teve impacto do fim da cobrança de taxas sobre contas correntes e no cartão de crédito.
Efeito Casas Bahia
Perguntado sobre a recuperação extrajudicial da Casas Bahia (BHIA3), Noronha disse que o Bradesco fez uma provisão extra em 2023.
A varejista anunciou no domingo (29), um acordo com credores para renegociação de uma dívida de R$ 4,1 bilhões.
Juntos, Bradesco e o Banco do Brasil (BBAS3), detêm 55% dos créditos devidos pela Casas Bahia.