O que fazer com as ações da Azul (AZUL4) após acordo bilionário?

Azul (AZUL4) trocou R$ 3 bilhões por emissão de 100 milhões de novas ações, mas cenário traz desafios ao papel

Azul (AZUL4): acordo bilionário é positivo, mas aérea tem cenário desafiador à frente. Foto: Diegonvs/Flickr
Azul (AZUL4): acordo bilionário é positivo, mas aérea tem cenário desafiador à frente. Foto: Diegonvs/Flickr

A barra de uma possível recuperação judicial da Azul (AZUL4) foi aliviada com os arrendadores e fabricantes de aeronaves. A avaliação do mercado é de que o acordo da companhia aérea para trocar dívida com fornecedores por novas ações foi positivo e afasta a empresa de uma possível recuperação judicial.

O ponto final sobre proteção a credores chegou, mas agora o que esperar das ações da Azul (AZUL4)?

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Para analistas, o investidor precisa ter cautela porque ao passo que o acordo é positivo, ele gera diluição de acionistas e a companhia aérea ainda enfrenta dificuldades impostas pelo cenário econômico.

Por que as ações da Azul (AZUL4) sobem tanto em um mês?

Desde meados de setembro, o mercado vinha se animando com a perspectiva de acordo entre Azul e seus principais fornecedores de aeronaves e equipamentos.

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Somente a expectativa de um encerramento nas negociações levou as ações da Azul a subirem cerca de 40% em setembro, de acordo com dados da B3.

Assim, na segunda-feira a Azul finalmente colocou o ponto final nos rumores, levando a ação a subir mais de 8% no dia seguinte ao acordo.

Já em um mês, o papel obteve 50% de alta – não suficiente, contudo para reverter o tombo de 61% no ano.

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Conforme o comunicado ao mercado, a Azul (AZUL4) diz que firmou acordo envolvendo 92% de sua obrigação a fornecedores. Em troca da eliminação de dívidas de R$ 3 bilhões, a Azul ofereceu a credores compensação em 100 milhões de novas ações.

A nova emissão foi avaliada em R$ 575 milhões pelo Bank of America (BofA), considerando o preço de fechamento das ações na terça-feira.

Por que o medo de diluição do acionista diminuiu?

Com o acordo, a Azul reduz o risco de se afogar em um longo processo de recuperação judicial via Chapter 11, artigo da legislação americana que protege empresas contra credores. Esta é a avaliação do BTG Pactual e do JPMorgan.

Mas, junto a emissão de novas ações, vem a inevitável diluição de acionistas minoritários.

Segundo o BTG, no entanto, os moldes do acordo fazem com que a diluição de 22% do capital da Azul seja bem inferior à esperada pelo banco, de 62%.

Além disso, “o acordo anunciado representa a maior parte de todos os passivos de emissão de ações, efetivamente diminuindo o risco do assunto”, afirmam os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcel Zambelo.

A Azul fixou o valor de R$ 30 por ação (AZUL4) no acordo para trocar a dívida por equity. Ao tomar esse valor como base, a Genial Investimentos também nota que a diluição dos acionistas “deve ser significativamente menor”.

“Na nossa visão, a renegociação bem-sucedida dos passivos vai ajudar a fortalecer tanto a geração de caixa quanto estrutura de capital”, dizem analistas da Genial Ygor Bastos e Caíque Rocha.

Eles esperam que assim a Azul tente buscar um break-even entre lucro e custos operacionais. A equivalência entre gasto e receitas da aérea estava prevista para 2024, mas foi prorrogada pelos desafios do cenário econômico. E não são poucos.

O que esperar das ações da Azul (AZUL4)?

A pressão da Guerra no Oriente Médio sobre o petróleo impõe o primeiro desafio para a recuperação judicial. A alta do dólar e da commodity simultaneamente faz mal ao balanço da Azul.

Além disso, os juros altos também prejudicam a companhia, comenta Ângelo Belitardo Neto, analista da Hike Capital. Ainda mais porque a Selic voltou a subir.

“Dado que não temos nenhum sinal de melhoras nessas três variáveis, a chance da Azul se endividar em novas conversões de dívida para equity é muito grande”, diz Belitardo. Ele possui uma visão mais pessimista para o papel.

“Temos uma deterioração no cenário fiscal que aumenta aversão ao risco Brasil e prejudica o real contra o dólar.”

Mesmo o fato do preço de passagens aéreas subir nos últimos 12 meses, ele não é tão facilmente repassado ao consumidor final.

“Por mais que passagens estejam aumentando, é porque os custos das aéreas aumentaram”, comenta o analista. “E custos crescem em velocidade maior que a companhia aérea consegue repassar para consumidores.”

Todos esses fatores podem levar à venda dos próprios papéis que a Azul emite, jogando o valor da ação para baixo.

Em relatório, o BofA reiterou a recomendação de venda para as ações da Azul (AZUL4).

“Vemos a ação em uma relação pouco atraente de risco e retorno. Ao considerarmos riscos associados ao real e ao preço do petróleo, não vemos muitas oportunidades para melhora do yield nos próximos trimestres”, diz o banco americano em relatório.

O BofA cortou o preço-alvo da ação de R$ 7,80 para R$ 6,80, com potencial de alta de 18,3%. É bem menor que o upside de 170% indicado por BTG e Genial, ambos com preço-alvo de R$ 17,00.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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