Ações da Cyrela (CYRE3) têm forte alta após resultados; analistas divergem sobre números

A empresa divulgou seu balanço na manhã desta sexta-feira (17)

Imagem: divulgação (Cyrela)
Imagem: divulgação (Cyrela)

A incorporadora Cyrela (CYRE3) reduziu seu lucro líquido em 4,5% no quarto trimestre, sobre o mesmo período do ano passado, para R$ 208 milhões. No total de 2022, o indicador caiu 11,5%, somando R$ 809 milhões. A empresa divulgou seu balanço na manhã desta sexta-feira (17).

A receita líquida da companhia cresceu 4,1% do quarto trimestre de 2021 para o de 2022, atingindo R$ 1,37 bilhão. Nos 12 meses do ano passado, foi de R$ 5,4 bilhões, alta de 13%.

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A margem bruta recuou 2 pontos percentuais ante o último trimestre de 2021, chegando a 31,4%. Há queda de 2,5 pontos percentuais também sobre o terceiro trimestre. O indicador vinha em tendência de alta, após subir 2,6 pontos percentuais do segundo para o terceiro trimestre de 2022.

Em todo o ano passado, a margem bruta ficou em 32% queda de 2,7 pontos percentuais.

Ações, recomendações e preços-alvo

Por volta das 11h30, as ações da empresa subiam com consistência, alcançando valorização de 6,01%, cotadas a R$ 15.

O Credit Suisse tem recomendação de compra para as ações da Cyrela, com preço-alvo de R$ 21, potencial de alta de cerca de 40% sobre o valor do momento.

O Citi tem recomendação de compra para Cyrela, com preço-alvo em R$ 18, potencial de alta de 13% sobre o fechamento de ontem.

O Bradesco BBI tem recomendação de compra para as ações da Cyrela, com preço-alvo de R$ 22, potencial de alta de 38% sobre o resultado da quinta.

Queima de caixa

A Cyrela registrou queima de caixa de R$ 54 milhões no quarto trimestre, ante uma geração de R$ 100 milhões no mesmo período do ano anterior. Em 2022, reportou geração de caixa de R$ 33 milhões, queda anual de 92,4%.

Na divulgação do balanço do terceiro trimestre, os executivos da companhia já haviam alertado o mercado para esperar um consumo maior de caixa nos próximos trimestres, em função do aumento de lançamentos nos trimestres anteriores, o que eleva os gastos da incorporadora para construir.

A Cyrela reportou no quarto trimestre R$ 1,44 bilhão em lançamentos, contabilizando apenas a sua participação nos projetos, recuo de 38,7% ante o mesmo período de 2021.

As vendas líquidas somaram R$ 1,5 bilhão, alta de 11% no mesmo intervalo, também contabilizando somente a participação da companhia.

Em 2022, a Cyrela reduziu os lançamentos em 3,4%, para R$ 5,8 bilhões. Já as vendas líquidas subiram 20,2%, para R$ 5,5 bilhões.

Credit: Cyrela tem números robustos

A Cyrela encerrou 2022 com um desempenho impressionante e nadando contra a maré, considerando a deterioração da dinâmica do setor, de acordo com o Credit Suisse, em relatório.

A empresa conseguiu entregar um retorno sobre patrimônio líquido de 12,5%, o que justifica o prêmio em sua avaliação em relação aos pares e reforça a posição da empresa como líder do segmento de média e alta renda, escrevem os analistas Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga.

Eles afirmam que, ainda sem sinais de melhora na acessibilidade e com o estoque da cidade ainda em níveis elevados, estão cautelosos para que a Cyrela consiga replicar esse desempenho em 2023, que o mercado parece estar precificando na ação.

“Se uma tendência de queda nas taxas de longo prazo se concretizar, acreditamos que a ação continuará reagindo positivamente”, dizem eles, ainda que seja necessário entregar um retorno sobre patrimônio líquido de cerca de 15% em 2023, o que parece desafiador.

Citi: liquidez é ponto de atenção

Os resultados financeiros da Cyrela no quarto trimestre foram dentro do esperado, mas a liquidez da companhia é algo para se ficar atento nos próximos períodos, diz o Citi.

Os analistas André Mazini, Hugo Grassi Soares e Renata Cabral escrevem que a Cyrela impulsionou seu lucro ao vender ações da Cury e isso pode continuar ao longo de 2023.

“Mesmo assim, a companhia ainda queimou R$ 54 em caixa no quarto trimestre, sob peso de 108 projetos em andamento”, comentam.

Eles notam que a Cyrela finalizou dezembro com R$ 2,4 bilhões em caixa, mas suas dívidas subiram para R$ 1,02 bilhão e devem continuar aumentando por conta do processo de aquisição de terrenos.

Bradesco BBI: lucro razoável e queda de margem

A Cyrela apresentou resultados mistos no quarto trimestre de 2022, com números operacionais robustos e um lucro líquido razoável, apesar de uma pequena queda em sua margem bruta, de acordo com o Bradesco BBI, em relatório.

“Vemos a Cyrela se mantendo razoavelmente bem em meio aos desafios macroeconômicos do segmento, e seus resultados têm sido sustentados por uma atividade comercial razoável e uma carteira de receitas robusta que deve ajudar a navegar até 2023, que provavelmente será um ano desafiador”, escrevem os analistas Bruno Mendonça e Pedro Lobato, em relatório.

Segundo os analistas, a receita líquida da Cyrela no trimestre ficou em linha com as projeções, e cresceu em 2022 como um todo devido à carteira de receitas robusta e ao maior volume de vendas. A empresa gerou R$ 33 milhões em caixa em 2022, dizem eles.

Já margem bruta do trimestre caiu e veio abaixo do esperado, refletindo a menor margem para novos lançamentos, enquanto os resultados financeiros cresceram e ajudaram a alcançar um lucro razoável, segundo eles. Os analisas afirmam ainda que a Cyrela é nome mais líquido do setor.

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