Ações da Suzano (SUZB3) sobem após divulgação dos resultados do 1T23
Analistas do Itaú afirmam que a Suzano apresentou resultados mais fracos, mas dentro do esperado
A Suzano (SUZB3), maior produtora de celulose de mercado do mundo, encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 5,2 bilhões, com queda de 49% na comparação anual, refletindo o menor resultado financeiro em meio a ganhos menores com variação cambial.
Já o desempenho operacional da companhia teve evolução positiva frente ao mesmo período de 2022, mas foi mais fraco do que o visto no quarto trimestre, diante da queda dos preços e dos volumes comercializados de celulose e da desvalorização do dólar médio frente ao real.
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Desempenho na bolsa
Com os resultados, os papéis da empresa sobem na bolsa nesta sexta-feira (28), valorizando 1,50% por volta das 11h10, cotados a R$ 38,57. Nos últimos 12 meses, porém, o saldo ainda é bastante negativo. A empresa perdeu mais de 20% do valor das ações na bolsa no período.
Recomendação e preço-alvo para as ações da Suzano
O Itaú BBA cortou o preço-alvo de Suzano de R$ 62 para R$ 51, potencial de alta de 34,2% sobre o fechamento de ontem, reiterando recomendação de compra. Há pouco, as ações caíam 1,61%, cotadas em R$ 37,39.
Os analistas liderados por Daniel Sasson escrevem que a companhia apresentou resultados sequencialmente mais fracos no quarto trimestre, mas dentro do esperado, com menores volumes e preços de celulose.
“Incorporamos os resultados e também uma correção de preços mais rápido que o esperado ocorrida no início do ano”, comentam. Também incluíram as novas premissas de investimento que a Suzano divulgou para o Projeto Cerrado.
O banco nota que os preços da celulose negociada na China vêm se deteriorando de forma mais rápida que o previsto e agora projetam que a commodity deve chegar o fim do ano em US$ 570 a tonelada, contra US$ 675 na estimativa anterior, e US$ 550 em 2024.
O aumento nos investimentos da Suzano para o Projeto Cerrado não preocupa, sendo correção por conta da persistência da inflação alta. Os analistas notam que a companhia tem alavancagem baixa e boa geração de caixa, apoiando essa revisão.
Receita líquida
De janeiro a março, a receita líquida totalizou R$ 11,28 bilhões, alta de 16% na comparação anual. Frente aos três últimos meses de 2022, houve queda de 22%, refletindo baixas de 11% nas vendas da matéria-prima (2,46 milhões de toneladas) e de 17% em papel (280 mil toneladas).
Ebitida
No trimestre, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da Suzano subiu 20%, a R$ 6,16 bilhões, com margem Ebitda ajustado de 55%, puxado principalmente pelo preço médio líquido 13% maior da celulose em dólares, parcialmente compensado pelo aumento de custos (CPV).
Ante o quarto trimestre, houve queda de 25% no Ebitda, na esteira do recuo de 13% no preço médio líquido em dólar da celulose e da queda de 12% no volume vendido a fibra e de papel, além do câmbio menos favorável às exportações.
O custo caixa de produção de celulose sem paradas ficou estável em R$ 937 por tonelada na comparação com o quarto trimestre, mas subiu 8% em um ano, puxado por custos maiores com madeira, insumos mais caros e maior custo fixo.
Investimentos
A Suzano informou hoje que elevou a R$ 22,2 bilhões a previsão de investimentos no Projeto Cerrado, que compreende a construção de uma nova fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul.
Preparação para momento mais difícil
“Para muitos players, os preços já estão abaixo do custo de produção. A pergunta é quanto tempo vai levar para que eles comecem a parar fábricas”, afirmou o presidente da Suzano, Walter Schalka.
Por outro lado, os estoques de celulose estão em níveis muito baixos ao longo da cadeia de valor e, em algum momento, os consumidores terão de voltar às compras, ponderou.
“Mas não se sabe quando vai acontecer essa recomposição de estoques, bem como as paradas nos players que têm custo de produção mais elevado”, reiterou.
Junto com os resultados, a Suzano anunciou a revisão dos investimentos no Projeto Cerrado, de R$ 19,3 bilhões para R$ 22,2 bilhões, uma vez que os contratos estavam sujeitos à correção pela inflação e a companhia acabou optando por fazer em casa produtos ou serviços que antes seriam contratados junto a fornecedores.
Essas alternativas de “fazer ou comprar” responderam por R$ 1,3 bilhão do acréscimo no orçamento do projeto.
“Isso vale para planta química, vagões, casas para moradia dos trabalhadores. Chegamos à conclusão de que é mais vantajoso construir esses ativos do que comprar, o que traz competitividade adicional ao projeto”, explicou.
Crédito de carbono
Um dos destaques do trimestre, disse, foi a primeira certificação de um projeto de crédito de carbono da companhia, de 1,7 milhão de toneladas de carbono equivalente.
Após receber o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para compra dos ativos de tissue da Kimberly-Clark no Brasil, a Suzano prevê que o fechamento da operação deve acontecer no fim deste trimestre.
Questionado sobre as recentes invasões de áreas produtivas da Suzano por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Schalka classificou os atos como “crime” e destacou que a posição da companhia sempre foi muito clara em relação à preservação dos direitos constitucionais.
“É inaceitável discutir invasão a propriedade privada. A Suzano claramente fica em uma posição de não aceitar a situação, mas entende que precisa construir pontes com os movimentos sociais e buscar soluções, como tem feito”, observou.
Demanda doméstica
Apesar do cenário mais desafiador, as vendas de papel ao longo do primeiro trimestre foram firmes, com normalização da demanda doméstica de imprimir e escrever e desempenho mais forte em cartões, indicou o diretor de papel e embalagens da Suzano, Fabio Almeida.
“As vendas recuaram na comparação anual por uma decisão de reduzir as exportações e, com isso, recompor estoques que vinham rodando em níveis abaixo do ideal”, disse o executivo, em teleconferência com analistas para comentar os resultados.
Segundo Almeida, os preços de papéis permaneceram elevados nos últimos dois anos e, mais recentemente, começaram a se acomodar. Ainda assim, permanecem saudáveis nos Estados Unidos e na Europa.
No Brasil, acrescentou, houve espaço para anunciar novos aumentos de preço, que foram implementados no início deste ano.