Das 25 marcas mais valiosas do Brasil, só sete tiveram alta nas ações, em 12 meses

Pesquisa da Interbrand reuniu marcas mais valiosas do país, mas o valor não se refletiu no desempenho dessas empresas na bolsa de valores

Cielo teve o melhor desempenho na bolsa nos últimos 12 meses entre as 25 marcas mais valiosas do Brasil (Foto: Divulgação)
Cielo teve o melhor desempenho na bolsa nos últimos 12 meses entre as 25 marcas mais valiosas do Brasil (Foto: Divulgação)

Na última segunda-feira (27), a consultoria Interbrand divulgou seu ranking das 25 marcas mais valiosas do Brasil. O ranking leva em consideração fatores como performance financeira, percepção e influência das marcas junto aos consumidores. Mas nem sempre o valor da marca está associado ao retorno para os acionistas. Segundo um levantamento feito pelo Valor Investe, apenas sete empresas dessa lista tiveram alta em suas ações, em 12 meses, até ontem (dia 28). Isso não significa, no entanto, que elas são um “mau negócio”.

O número de empresas do ranking no azul poderia, inclusive, ser pior. Isso porque a Skol e a Brahma, que ocupam a terceira e quarta posição, respectivamente, são marcas de uma mesma companhia, a Ambev. A empresa foi uma das que teve alta em suas ações nos últimos 12 meses, com valorização de 3,38%. O ranking também não considerou as ações da Claro, que deixaram de ser negociadas.

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Nas dez primeiras colocações das marcas mais valiosas, o setor financeiro foi o que teve mais representantes. O Itaú e o Bradesco apareceram na primeira e segunda posição. O Banco do Brasil estava na quinta e o Nubank, estreante na lista, na sétima. De todos eles, no entanto, apenas o Banco do Brasil teve alta nos últimos 12 meses, com valorização de 19,65%.

Variação das ações das empresas mais valiosas

EmpresaColocação no rankingVariação da ação em 12 meses* (%)Valor da ação (R$)Valor da empresa pela Interbrand (R$ bilhões)
Cielo1885,285,070,9
Petrobras1026,6223,593
Porto1621,1824,051
Banco do Brasil519,6537,8710,3
Drogasil144,4524,481,2
Brahma*43,3814,5913,3
Skol*33,3814,5918,9
Assaí20-4,515,360,7
Ipiranga13-4,5713,441,2
Itaú Unibanco1-9,7523,7344,4
Localiza23-10,7453,450,6
Vivo9-20,5839,733
Renner11-31,7417,872
Bradesco2-32,3712,9228,6
Hering25-41,578,640,6
Natura6-44,0814,29,7
PagSeguro22-45,498,330,7
Atacadão21-45,5811,880,7
Nubank7-45,914,363,8
Magazine Luiza8-47,763,383,5
SulAmérica24-60,85200,6
XP12-62,8211,921,8
Havaianas17-63,068,570,9
Americanas19-96,841,010,8
Claro151,1
Fonte: B3 / Elaboração: Valor Data. *Variação em 12 meses, até 28 de março

Melhores X Piores

Dentre as sete ações que tiveram ganhos no último ano, quatro estão no ranking das 10 mais valiosas: a Skol (3º), a Brahma (4º) – lembrando que Skol e Brahma são a mesma coisa na B3 -, o Banco do Brasil (5º) e a Petrobras (10º). Embora a petrolífera seja a última do Top 10, ela é a segunda com maior valorização em 12 meses, com alta de 26,62% nas ações.

A que teve maior valorização de todas foi a credenciadora de pagamentos Cielo, com alta de 83,28% no último ano. A companhia, no entanto, só está na 18ª colocação da lista da Interbrand. Esses números mostram, portanto, que nem sempre a marca estar na boca e no coração do povo se reflete em ganhos aos seus acionistas, via valorização de seus papéis em bolsa.

As ações da Porto (ex-Porto Seguro) estão em terceiro lugar entre as mais valorizadas, com alta de 24,04%. A companhia é a 16ª mais valiosa da lista. A Drogasil, marca que estava na 14ª posição do ranking da Interbrand, faz parte da rede Raia Drogasil, cujas ações tiveram 4,45% de alta no último ano.

A lista das empresas com o pior desempenho têm três representantes do top 10 de marcas mais valiosas. A Natura, que ocupa a 6ª colocação, viu suas ações derreterem 44,08% no último ano. O Nubank, estreante na lista, teve desvalorização de 45,91% . Já o Magazine Luiza, 8ª empresa mais valiosa, registrou perdas de 47,77%.

É hora de fugir delas?

A desvalorização no último ano, no entanto, não faz dessas ações um “mau negócio”. Pelo menos é o que garante Pedro Wilson Domingues, especialista em Renda Variável da Nexgen Capital. Ele explica que boa parte das variações no vermelho são explicadas pelo cenário conturbado, marcado pelo movimento de forte alta nos juros e pelas incertezas com a transição de governo (dois movimentos que penalizam a renda variável).

“Os investidores seguem buscando as melhores empresas na bolsa. E entende-se que entre as mais valiosas estão as melhores. Mas isso significa que elas vão passar de forma tranquila por um cenário assim? Não. Por isso, apenas sete tiveram performance positiva, mesmo que na lista existam muitas empresas robustas. Além disso, muitas delas estão posicionadas em setores mais sensíveis, como o varejo, por exemplo”, explica.

Essas ações podem, inclusive, representar uma oportunidade, segundo o especialista. Isso porque muitas dessas companhias continuam tendo bons fundamentos e, por isso, tendem a se recuperar em um cenário mais favorável. Como os papéis delas estão mais baratos agora devido à desvalorização recente, elas podem ter um bom potencial de ganho para quem comprá-las agora.

“Grande parte das performances negativas são pelo momento instável que passamos. Quando começarmos a ter sinalização de queda nos juros, de estabilidade nos gastos do governo e o mercado começar a perceber um futuro sem recessão ou crise, essas empresas voltam a performar bem”, afirma o especialista. “Assim, dentro do cenário atual, temos uma oportunidade de comprar boas empresas por um preço baixo. Mas é preciso ter atenção na hora de selecioná-las e entender que o retorno será de médio e longo prazo”, conclui.

Portanto, é importante que o investidor avalie os dados do balanço dessas companhias antes de investir. “Elas não precisam trazer resultados necessariamente positivos, mas é importante que eles se mostrem sólidos dentro do cenário que temos”, diz.

Por fim, o especialista afirma que as companhias que tiveram bom desempenho nesse período aparecem como uma opção de estabilidade na carteira. Isso porque muitas delas já subiram bastante e, agora, tendem a ter menos fôlego para altas expressivas. Ainda assim, se elas reportaram um bom desempenho, mesmo em um cenário adverso, é de se esperar que elas não passem por volatilidades mais fortes nos próximos meses.

“No curto e no médio prazo é esperado que essas ações que subiram fiquem mais estáveis, sem muita volatilidade por já terem tido esse direcionamento dos investidores. Mas, se pensarmos no longo prazo, existe a expectativa delas continuarem subindo. Isso porque, mesmo no prazo de dois a três anos, as empresas brasileiras ainda estarão muito baratas”, conclui.

Por Nathália Larghi, do Valor Investe 

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