Ações da Guararapes disparam na bolsa mesmo com queda de 66% no lucro

"Maior pressão inflacionária e endividamento das famílias" impactou números, diz a empresa

Loja da Riachuelo, controlada pela Guararapes (GUAR3). Foto: Divulgação
Loja da Riachuelo, controlada pela Guararapes (GUAR3). Foto: Divulgação

A Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, lucrou R$ 102,2 milhões no quarto trimestre do ano passado, o que representa queda de 66,4% em relação ao mesmo período de 2021. Entre janeiro e dezembro, o lucro foi de R$ 52 milhões, queda de 88,5%.

De acordo com a companhia, o resultado reflete o menor Ebitda ajustado da Midway em razão da “maior pressão inflacionária e endividamento das famílias”. A Midway financeira reverteu o resultado positivo de R$ 116,1 milhões do quarto trimestre de 2021 em número negativo de R$ 81,7 milhões no mesmo período do ano passado.

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Mesmo diante dos resultados negativos, as ações da empresa dispararam na bolsa, subindo mais de 10% por volta das 16h40 desta quinta-feira (9), cotadas a R$5,22.

Análise da XP

Os resultados da Guararapes, dona da Riachuelo, foram fracos no quarto trimestre, pressionados pelo desempenho negativo da unidade de serviços financeiros Midway, que viu aumento nas provisões de inadimplência, diz a XP.

Os analistas Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday escrevem que as operações se mostraram resilientes, com expansão de margem do varejo, resultado de melhores números operacionais no digital e economias nas despesas gerais e administrativas.

No entanto, as maiores provisões na Midway acabaram causando uma redução de 25% no Ebitda consolidado da Guararapes, cerca de 18% abaixo das estimativas. No lado positivo, a inadimplência na unidade mostrou estabilidade.

A XP tem recomendação neutra para Guararapes, com preço-alvo em R$ 5, potencial de alta de 5,48% sobre o fechamento de ontem.

Santander

A Guararapes, dona da Riachuelo, teve um quarto trimestre desafiador como esperado, com efeitos negativos em suas operações de varejo, comenta o Santander em relatório. Segundo o banco, o resultado também foi pressionado por perdas acentuadas em sua divisão de financiamento ao consumidor.

O desempenho mais fraco da divisão de varejo foi influenciada pelo clima mais frio e pela Copa do Mundo, o que levou a uma queda nas vendas em mesmas lojas (SSS), em linha com a estimativa do Santander.

“Além disso, ao contrário da expansão da margem bruta de seus pares no trimestre, a margem bruta de mercadorias da Riachuelo caiu 120 pontos-base na comparação anual, devido a perdas de estoque e desalavancagem operacional na unidade fabril da empresa”, comentam os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo.

Eles destacam ainda que, mesmo considerando a redução significativa nas despesas gerais e administrativas, impulsionadas pela revisão das estruturas internas e serviços terceirizados, a margem Ebitda ajustada de mercadorias ainda ficou 1,2 pontos percentuais abaixo da projeção do Santander.

Em relação à divisão de financiamento ao consumo, a Midway reverteu a melhora apresentada no terceiro trimestre e reportou um Ebitda ajustado de R$ 15,8 milhões, queda de 90% em relação ao ano anterior e 70% abaixo do estimado. O banco ressalta, contudo, que o indicador teve vários impactos negativos não recorrentes, o que torna o trimestre e as tendências subjacentes mais difíceis de discernir.

“As perdas mais que dobraram em relação ao ano anterior devido à desaceleração da receita no trimestre, uma vez que a empresa restringiu a concessão de crédito e adotou políticas de crédito mais conservadoras visando conter o aumento da inadimplência”, pontuam os analistas.

O Santander reiterou a recomendação neutra para as ações da Guararapes, com preço-alvo de R$ 7,70. O valor representa um avanço potencial de 53,7% sobre a cotação atual.

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