Ações da Gol (GOLL4) caem após apresentação dos resultados do 1º tri

Empresa anunciou que aguarda economia de R$ 500 milhões para 2023 com MP do PIS/Cofins

Aeronave da companhia Gol. Foto: Divulgação/Gol
Aeronave da companhia Gol. Foto: Divulgação/Gol

As ações da Gol (GOLL4) operam em forte queda nesta quarta-feira (26), depois da apresentação dos resultados da empresa referentes ao primeiro trimestre de 2023.

Apesar da desconfiança dos investidores com os papéis a partir do balanço da companhia aérea, o BB Investimentos avalia que os resultados foram positivos.

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O BB Investimentos tem recomendação de compra para Gol, com preço-alvo em R$ 19. Na terça-feira, as ações fecharam cotadas em R$ 6,41.

Inflexão após maior crise da história

Segundo análise do banco, a empresa mostra eficiência operacional e redução de alavancagem, dando sinais que entrou em um ponto de inflexão após a maior crise na história da aviação comercial, diz o BB Investimentos.

O analista Renato Hallgren escreve que a recomposição da malha aérea brasileira pós-pandemia e a renovação da frota da Gol deverá entregar ganhos de margens operacionais consistentes nos próximos trimestres.

‘Maior atenção dos investidores em 2023’

Nos primeiros três meses do ano, a Gol conseguiu apresentar recuperação relevante nas margens operacionais, aponta o banco, com crescimento de 9,5 pontos percentuais na margem Ebitda, com maior receita por passageiro.

“Dado a continuidade na demanda por voos domésticos e internacionais e, principalmente após a reestruturação de passivos e injeção de capital da controladora Abra, acreditamos que a Gol deverá atrair maior atenção dos investidores ao longo de 2023”, afirma.

Economia com MP do PIS/Cofins deve ser de R$ 500 milhões

O presidente da Gol, Celso Guimarães Ferrer, defendeu que a empresa espera uma economia na casa de R$ 500 milhões em 2023 com a MP que isenta as passagens de Pis/Cofins.

A isenção entrou em vigor no início deste ano via Medida Provisória — o texto foi aprovado em votação ontem pela Câmara e seguirá agora para o Senado. O texto em votação prevê a isenção até dezembro de 2026.

O executivo destacou que o número de economia com a MP não está inserido nas projeções da empresa para 2023. A empresa espera fechar o ano com uma receita de R$ 19,5 bilhões.

“A MP no primeiro trimestre teve efeito positivo de R$ 130 milhões [em receita]”, disse o presidente da empresa, em teleconferência de resultados.

O executivo disse que a MP venceria em maio, mas que a estimativa depois da votação de ontem na Câmara é de que o texto passe no Senado e de que o setor terá o benefício até dezembro de 2026.

Preço para voar bate recorde

O preço médio pago por um passageiro para voar 1 km (o chamado yield) na Gol atingiu o valor recorde de R$ 0,4852 no primeiro trimestre, alta de 32% na comparação com igual período de 2022.

A demanda (RPK) saltou 14,1%. Já a oferta (medida em ASK) avançou 11%.

O Rask (receita operacional por assentos-quilômetro oferecidos) líquido foi de R$0,4385, alta de 37,7% no ano.

O Prask (Receita de passageiros por assentos-quilômetros oferecidos) ficou em R$ 0,4043, alta de 35,7%.

Já o Cask (custo por assento oferecido) foi de R$ 0,3675, alta de 18%. Desconsiderando os combustíveis, o Cask foi de R$ 0,21, alta de 9,4%.

Alternativas para comprar slots da Voepass em Congonhas

Ferrer destacou que a empresa está ainda avaliando as alternativas para o futuro do negócio com a Voepass envolvendo a compra dos slots da empresa em Congonhas.

A intenção foi anunciada em junho de 2021, quando as duas empresas fecharam um acordo para a venda da MAP à Gol por cerca de R$ 120 milhões (considerando dívida).

A MAP seria vendida junto dos slots que a Passaredo e MAP tinham no terminal (ambas as empresas são da Voepass). As duas tinham 26 slots – em uma divisão temporária dos horários que pertenciam à falida Avianca Brasil (OceanAir).

Acontece que no ano passado a Agência Nacional de Aviação Civil liberou um novo modelo regulatório que permite a comercialização de slots no mercado secundário — antes, essa comercialização era apenas possível via M&A. Com o novo marco regulatório, a venda da MAP não seria mais necessária.

“Tivemos mudança significativa nas regras. Nós, assim como eles, estamos entendendo a viabilidade da operação da MAP. Não mais da maneira que a gente tinha pensado, mas como isso poderá ser configurado de outra maneira à luz da nova regulamentação”, disse.

A Gol poderá enfrentar concorrência. Para além de outros possíveis interessados nos horários de Congonhas, o Valor mostrou em reportagens que a Voepass pode agora usar os seus slots como garantia para empréstimos. A alternativa tem sido estudada pela Voepass, segundo fontes.

A própria Gol, conforme mostrou o Valor em outra reportagem, tem estudado usar os seus slots em Congonhas como garantia para uma linha do BNDES, segundo fontes.

Operação regional

Ferrer foi questionado na teleconferência sobre a operação regional da empresa após a redução da parceria com a Voepass.

Ele explicou que a Gol manterá a parceria de codeshare (compartilhamento de assentos) com a Voepass (que não era exclusiva, ao passo que a Latam aumentou os laços com a aérea menor), mas que a partir do dia 9 não terá mais acordos para contratar capacidade via uso do ATR (no chamado acordo de CPA).

“As operações regionais que a gente tem com a Voepass têm o objetivo principal de estimular demanda em mercados regionais onde a gente acredita que a nossa aeronave não seja adequada. A Gol sempre teve claro modelo de frota única”, disse o executivo.

“Hoje já voamos para mercados tidos como regional com o 737. O ATR teve papel principal para que a gente pudesse voar em cidades que a gente estava voltando a operação, mas sem clareza. Usamos o ATR com o objetivo de reduzir custo”, completou.

Ele ponderou que o ATR tem um custo de leasing por assento elevado e que, com a subida do dólar, passou a fazer sentido usar o 737 e estimular alguns mercados com mais oferta — por isso o fim do acordo de CPA.

Gol sinaliza sinergias entre Smiles e LifeMiles

O presidente da empresa  sinalizou janela de sinergias entre a Smiles e o LifeMiles, programa de fidelidade da Avianca, após a conclusão da criação da holding Abra – formada entre os acionistas da Gol e Avianca.

“Estamos trabalhando com a Avianca para endereçar as sinergias possíveis. Essas sinergias vão ser em receita e não de corte de rotas. Estamos falando em dois dos maiores programas de fidelidade. Com esse grupo junto a gente acha que pode crescer muito o tamanho da Smiles em base de clientes”, disse.

A Smiles, maior programa de fidelidade da região, expandiu sua base de clientes em 8% no primeiro trimestre na comparação anual, para cerca de 6 milhões de usuários. A receita da empresa em base anualizada até o fechamento de março foi de R$ 1,2 bilhão, alta de 21%.

O executivo disse ainda que outro braço da empresa, a Gol Log, deverá faturar R$ 1 bilhão neste ano, contra cercas de R$ 530 milhões no ano passado. O negócio tem sido sustentado pela parceria com o Mercado Livre.

Sobre a demanda por transporte de passageiros, o executivo disse que a empresa se mantém otimista no segundo trimestre, embora seja naturalmente um período de baixa sazonalidade.

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