Cogna (COGN3) cai mais de 5% e fica entre as piores da bolsa depois de apresentar balanço

Por volta das 12h30, os papéis caíam 5,42%, cotados a R$ 1,92

Polo da Universidade Anhanguera, que pertence à Cogna (COGN3), em Piracicaba, interior de SP - Foto: Divulgação
Polo da Universidade Anhanguera, que pertence à Cogna (COGN3), em Piracicaba, interior de SP - Foto: Divulgação

As ações da Cogna (COGN3), empresa de educação com foco no ensino superior, tinham forte queda nesta sexta-feira (24) após a empresa apresentar seus resultados. Por volta das 12h30, os papéis caíam 5,42%, cotados a R$ 1,92, ficando com uma das maiores quedas da sessão no horário.

Em 12 meses, as ações da Cogna acumulam queda de 17,31%, apesar de terem experimentado uma alta, pontual, depois de o governo anunciar que está formando um grupo de trabalho para reformar o Fies, o programa de financiamento estudantil que ajudou a potencializar os resultados das empresas de educação na bolsa na última década.

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Balanço

A Cogna, maior grupo educacional do país, registrou um lucro líquido ajustado de R$ 76,1 milhões no quarto trimestre, revertendo um prejuízo de R$ 65,5 milhões no mesmo período de 2021.

No acumulado do ano passado, a companhia ainda apura prejuízo de R$ 52,6 milhões, mas o valor representa uma redução de 48% sobre 2021.

Projeções

O Itaú BBA tem recomendação neutra para Cogna, com preço-alvo em R$ 3. Há pouco, as ações caíam 1,97%, cotadas em R$ 1,99.

O Credit Suisse tem recomendação de venda para as ações da Cogna, com preço-alvo de R$ 2,50, potencial de lata de 2,5% ante o fechamento de ontem na B3.

O Citi tem recomendação neutra de alto risco para as ações da Cogna, com preço-alvo de R$ 2,50, potencial de alta de 23,2% ante o fechamento de ontem na B3.

Itaú

Para o Itaú BBA, os resultados da Cogna no quarto trimestre foram positivos, impulsionados pelo desempenho da Kroton e da Vasta, indicando boas tendências para os próximos trimestres, diz o Itaú BBA.

Os analistas Vinicius Figueiredo, Lucca Generali Marquezini e Felipe Amancio escrevem que as margens da Cogna ficaram estáveis na comparação anual, quando retirados efeitos não recorrentes, o que é melhor o que o esperado.

A Kroton, unidade de cursos superiores da Cogna, apresentou mais um trimestre de crescimento, impulsionado pela expansão na base de alunos. A Vasta teve números acima do esperado.

Cogna continua com melhoria operacional no 4º tri, mas endividamento é um revés, diz Credit Suisse

A Cogna reportou crescimento da receita no quarto trimestre em base anual, com expansão da base de alunos de graduação da Kroton e iniciativas de eficiência operacional na Kroton e na Vasta expandindo a margem, mas não foram suficientes para cobrir os resultados financeiros, impactados pelo nível de endividamento, diz o Credit Suisse, em relatório.

Os analistas Maurício Cepeda e Pedro Caravina escrevem que a empresa vem implementando a disciplina de caixa, melhorando a qualidade dos recebíveis e o conservadorismo de sua contabilização, com melhores estratégias de captação, redução de preços promocionais e cobrança.

A empresa trabalhou custos e despesas e melhorou as margens após a reviravolta, com fluxo de caixa operacional positivo a partir de 2021, e os analistas projetam que essa situação persista apesar da macroeconomia pressionada.

Ainda assim, eles não esperam uma dinâmica favorável do setor daqui para frente, com tíquetes estagnados ou em queda no ensino superior, com perdas reais dada a inflação, e a base de alunos estagnada. Segundo os analistas, a possibilidade de aumento do financiamento estudantil do governo pode aliviar as pressões para manter a base de alunos.

Cogna tem 4º trimestre misto, com melhor tendência de receita, diz Citi

A Cogna apresentou resultados mistos no quarto trimestre, com receita líquida ligeiramente acima das estimativas, impulsionada pela aceleração contínua da linha de frente na Kroton e reconhecimento de 36% do valor de contrato anual de 2023 da Vasta, diz o Citi, em relatório.

Os resultados, porém, foram ofuscados por R$ 215 milhões de baixa contábil de ágio relacionado a SETS e Red Balloon, resultando em o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) contábil 32% abaixo do previsto, escrevem os analistas Leandro Bastos e Renan Prata.

Segundo eles, as tendências de tíquetes foram combinadas com alta frequência crescendo modestamente e baixa frequência pressionada, enquanto as taxas de desistência permaneceram praticamente estáveis. Além disso, os recebíveis diretos permaneceram controlados e a alavancagem estável, dizem.

Para os analistas, a resiliência operacional da Vasta, menores despesas com inadimplência e o amadurecimento de diferentes incentivos de redução de custo podem ajudar a aumentar as margens e geração de fluxo de caixa ao longo do tempo, mas a visibilidade continua baixa e o fluxo de caixa livre para o acionista negativo, o que deve continuar pesando nos resultados por algum tempo.

Cogna: Captação de novos alunos está dentro do esperado

A captação de novos alunos no atual processo entre as faculdades da Cogna está dentro do esperado. “Em fevereiro e março caiu um pouco, mas está dentro do nosso orçamento”, disse Roberto Valério, presidente da Cogna.

Segundo o executivo, sua percepção é que os grandes grupos educacionais vêm adotando políticas menos agressivas de preço de mensalidade.

Neste ano, a companhia prevê estabilidade na linha de investimentos e marketing. A margem de Kroton, por sua vez, pode ter algum ganho com redução de provisão para devedores duvidosos (PDD) e redução de despesas corporativas.

Questionado se a estrutura física dos campi tem capacidade para atender um aumento com um possível novo Fies, Valério explicou que a taxa de ocupação atual está na casa dos 50% e que por isso há espaço para um crescimento.

RJ da Americanas na pauta da Vasta

A Vasta, empresa de educação básica controlada pela Cogna, provisionou R$ 15 milhões devido à recuperação judicial da Americanas. Esse valor equivale a 100% da dívida que a varejista tem com a companhia que vende seus livros didáticos por meio do marketplace da Americanas.

A Abrelivros, associação das editoras de livros didáticos, pretende negociar com os representantes da recuperação judicial da Americanas a devolução desse material, uma vez que sua comercialização ocorre praticamente no período de retorno às aulas.

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