Ações da Ambev (ABEV3) fecham em forte alta depois de Petrópolis anunciar recuperação judicial

Especialistas relacionaram a alta nas ações da Ambev às dificuldades apresentadas pela concorrente, mas cenário futuro ainda causa preocupação

Planta industrial da Ambev - foto: divulgação
Planta industrial da Ambev - foto: divulgação

As ações da Ambev (ABEV3) subiram consistentemente nesta terça-feira (28), fechando em alta de 4,45%, cotadas em R$ 14,55. Os papéis se beneficiaram do anúncio de recuperação judicial do Grupo Petrópolis, que é dono da Itaipava, Crystal e Petra e detém 13% do mercado cervejeiro.

A Petrópolis tem dívidas de R$ 4,4 bilhões e entrou com pedido de RJ na justiça para evitar o vencimento de uma parcela de R$ 105 milhões de uma dívida financeira. O pedido foi aceito, de forma cautelar, pela 5ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro

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“A Ambev performou bem acima do Ibovespa em função do pedido de recuperação judicial do grupo Petrópolis”, avalia Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research. Ele afirma, porém, que o ânimo dos investidores pode esfriar com o passar do tempo. “O momentum do mercado de cervejeira é difícil”, avalia.

Gigantismo da Ambev dificulta crescimento

O fato de a Ambev já possuir uma participação de mercado de 65% reduz a possibilidade de ampliação do seu tamanho. “Existe uma dificuldade de crescimento de volumes em função do consumo per capita de cervejas no Brasil já ser alto”, avalia.

Além disso, pesa a dificuldade que as cervejarias estão tendo de repassar preço aos consumidores, o que reduz as margens até mesmo das gigantes do setor.

Ele destaca também eventuais mudanças na reforma tributária e um possível fim de pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP) como aspectos que devem pesar contra a Ambev e demais players no médio e longo prazo.

“A companhia não se encontra num valuation atrativo, na nossa opinião. Por isso, a gente mantém sugestão de venda do papel”, diz.

Na opinião dos analistas do BTG Pactual, a Ambev já recuperou a maior parte do mercado que havia perdido de 2015 a 2019. Isso também pode reduzir o impacto da crise da Petrópolis sobre o aumento de participação da Ambev no mercado.

Dessa forma, a empresa já havia concretizado sua estratégia de “reposicionar as marcas principais para ‘lutar’ no segmento de produtos mais baratos”, exatamente aquele onde a Petrópolis tinha maior destaque.

XP alerta sobre perdas no segmento premium

Apesar da piora do cenário macro e das novas premissas de menor crescimento do PIB e alta da taxa BRL/USD, que afeta negativamente os resultados da Ambev, a XP espera “que o processo de recuperação do setor de Bebidas continue em 2023”, segundo relatório.

Os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, ambos do setor Agro, Alimentos e Bebidas da XP, afirmam que a recuperação deve ser estimulada “principalmente pela recuperação do canal on-trade (bares e restaurantes)”, depois de uma fase tenebrosa desses estabelecimentos nos últimos anos devido à pandemia.

Ainda assim, a XP alerta que, se a AmBev perder participação de maneira prolongada para os concorrentes principalmente nos segmentos premium e mainstream, sua receita pode ser “severamente afetada”, completam os analistas.

Itaú: é cedo para otimismos com ações da Ambev

Na opinião de Gustavo Troyano, analista do Itaú BBA, o desempenho ruim da Petrópolis já favoreceu os ganhos de marketshare da Ambev e da Heineken ao longo dos últimos três anos. Ainda assim, o analista crê que “um comprador poderia surgir”, com a Ambev entre as empresas que poderiam absorver a operação.

Com relação à Ambev, Troyano crê que o cenário é positivo no curto prazo, “mas é muito cedo para ser otimista com o longo prazo”. Ele avalia que a Petrópolis “se concentrará em otimizar sua estrutura de capital e rentabilidade no curto prazo”, conclui.  

O Itaú BBA tem preço-alvo de R$ 18 para as ações, que fecharam o pregão na casa dos R$ 14,50.

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