Acionistas do Inter aprovam migração para Nasdaq

Mais de 85% dos presentes em AGE deram sinal verde ao projeto de reorganização societária da companhia

Joao Vitor Menin, CEO do Inter: migração das ações para Nasdaq vai fortalecer posicionamento como empresa de tecnologia global — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Joao Vitor Menin, CEO do Inter: migração das ações para Nasdaq vai fortalecer posicionamento como empresa de tecnologia global — Foto: Silvia Zamboni/Valor

Acionistas do banco Inter aprovaram nesta quinta-feira a proposta de migração das ações da companhia brasileira para a bolsa americana Nasdaq. Em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), mais de 85% dos presentes aprovaram o projeto de reorganização societária, que vai permitir a listagem do banco digital nos EUA.

O Inter abriu capital na B3 em 2018. Após a conclusão do processo, haverá migração de 100% das ações para a bolsa americana, mas com BDRs (recibos de ações negociadas na B3). “A migração das nossas ações para a Nasdaq vai fortalecer nosso posicionamento como uma empresa de tecnologia global, além de nos dar acesso ao mercado de capitais mais maduro do mundo e abrir fontes de receitas à medida que a empresa continua seu sólido ritmo de crescimento”, diz o CEO do Inter, João Vitor Menin.

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Os acionistas terão até o dia 20 de maio para escolher entre apenas trocar as ações atuais por BDRs listados na B3, que serão lastreados em ações de Classe A da Inter&Co listadas na Nasdaq ou receber o valor ou parte das ações em dinheiro, chamada de opção “cash out”, dentro do projeto de reestruturação.

O cash out, porém terá um limite total de R$ 1,131 bilhão, equivalente a 10% das ações em circulação (“free float”). Se a demanda exceder o limite estipulado, haverá rateio proporcional entre aqueles que escolherem a opção. Nesse cenário, os acionistas receberão uma parcela em dinheiro e outra em BDRs. Segundo o diretor vice-presidente de tecnologia, operações e finanças, Alexandre Riccio de Oliveira, “a tendência é que ocorra o rateio”.

O valor de troca das ações foi estabelecido com base na média ponderada dos últimos 30 dias de negociação antes do anúncio, equivalente a R$ 19,35 por unit (composto por uma ação ordinária e duas preferenciais). Para cada duas units, o acionista recebe uma ação PN resgatável, ou seja, R$ 38,70. O cash out ficará disponível apenas para acionistas com posições em custódia até 15 de abril de 2022.

Segundo a companhia, quem não se manifestar durante o período receberá BDRs automaticamente. No caso dos recibos, cada seis ações ou duas units serão convertidas em um BDR. Após o recebimento será possível cancelar os BDRs e transformá-los em ações Classe A listadas diretamente na bolsa Nasdaq.

A aprovação na AGE acrescentou um novo capítulo em uma história que o Inter iniciou ainda no começo de 2021, quando anunciou estudos para a migração. Em agosto, o banco digital brasileiro comprou a plataforma de transferência de valores americana Usend, como parte de um esforço de internacionalização. Em outubro, fez o primeiro laudo de avaliação para efetuar a reorganização societária.

Se tivesse realizado a operação no início do ano, os valores desembolsados teriam sido muito maiores. O cash out previsto, por exemplo, alcançava R$ 2 bilhões quase o dobro do atual, e a remuneração por unit sairia a R$ 45,84 ante os R$ 19,35. A última proposta embute um prêmio de 35,8% ante o fechamento de hoje, aos R$ 14,25, que, por sua vez, embute valorização de 6,73% só no pregão desta quinta-feira.

No ano de 2022 até dia 11 de maio, os papéis do banco digital amargam uma queda de 49,95% atingidos pela onda de aversão às ações de tecnologia globalmente. Em um ano, o recuo das units atinge 77,13%.

“Hoje o momento [para a conclusão da operação] é melhor do que no fim do ano passado”, avalia Oliveira. “Seria mais favorável fazer a migração o mais rápido possível, porque o momento da companhia é muito bom. Estamos bem capitalizados e preparados para executar nosso planejamento pelos próximos três anos sem captação.”

O executivo explica que na nova versão da reestruturação os recursos do cash out são garantidos por um empréstimo ponte válido por um ano do consórcio de bancos coordenadores, que inclui Bradesco, BTG, Itaú e ABC Brasil. Durante o período, o Inter terá tempo para avaliar a melhor opção para a quitação, como, por exemplo, a emissão de debêntures. “Vamos explorar a melhor maneira de fazer essa quitação, podemos até usar o próprio capital como alternativa, mediante as autorização das autoridades competentes. Vamos estudar a melhor forma dadas as condições de mercado na ocasião.”

Conforme o vice-presidente, “da perspectiva de negócios, achamos melhor para o acionista pegar apenas os BDRs, ou seja, o momento é melhor para entrar do que sair”. Segundo Oliveira, “acreditamos no negócio no curto, médio e longo prazos e na valorização futura do ativo”.

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