Abilio Diniz: ‘Há uma ideia errada de que o varejo no Brasil está em crise’
Um dos principais nomes do comércio brasileiro, o empresário Abílio Diniz disse que não vê sinais de crise no varejo
Um dos principais nomes do comércio brasileiro, o empresário Abilio Diniz disse que não vê sinais de crise no varejo. O segmento, que vem sofrendo ao longo de todo 2023, desde que se tornou pública a fraude das Americanas (AMER3), hoje em recuperação judicial, ainda é um dos mais descontados da bolsa, com algumas raras exceções.
Para Diniz, presidente do conselho da Península, uma empresa de investimentos, e conselheiro das operações do Carrefour, tanto global quanto brasileira, o consumo do brasileiros está em evolução e esse é um bom sinal para o varejo.
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Consumo está melhorando, diz Abilio Diniz
“Olha, há uma ideia errada de que o varejo no Brasil está em crise. Pegando a macroeconomia, o consumo das famílias no Brasil, no primeiro trimestre, declinou um pouco. No segundo, já voltou a subir, está voltando a subir no terceiro e vai fechar o ano com alta”, disse ele, durante a edição do Macro Vision, evento realizado nesta quinta-feira (9) pelo Itaú BBA, o braço de investimentos do Itaú.
“O Auxilio Brasil, no governo anterior, e hoje o Bolsa Família está dando um auxílio para o consumo também”, afirmou o empresário. “Se eu pegar os dados da ABRAS (associação dos supermercadistas), ela projeta crescimento positivo para o setor de supermercado”, afirma.
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Segundo Abilio Diniz, “o mercado não está amando muito os varejistas e tem algumas razões para isso”. No entanto, ele destaca que é preciso fazer algumas ponderações setorias. No alimentar, ele afirma que “não há crise de jeito nenhum”. A coisa fica ruim, aponta, no varejo de bens duráveis. “Quando você pega bens duráveis, demandantes de crédito, vai ter dificuldade, vai ter desafios pela taxa de juro estar muito alta”.
No curto e médio prazo, embora o Banco Central esteja em um meio a um ciclo de normalização monetária, ele não enxerga melhoras nesse setor. “Ah, está baixando a taxa de juro. Agora vai melhorar muito. Para quem? Uma pessoa que vai comprar uma geladeira, um televisor, faz muita diferença a taxa Selic estar 12,25% ou estar perto de 9,50%”, pergunta, para em seguida responder: “Ainda continua muito alta. Então, não há uma perspectiva muito clara de ativação aqui no Brasil do mercado de crédito”.
Rubens Ometto e Eugênio Mattar
Junto com Abilio Diniz, participaram do evento os empresários Rubens Ometto, presidente do conselho de administração do Grupo Cosan, e Eugênio Mattar, presidente do conselho de administração da Localiza. Eles falaram sobre as perspectivas para o Brasil principalmente no próximo ano.
Mattar se disse prudente quanto ao futuro. “O Brasil é um país com uma estabilidade bem instável”, disse. “Então, considerando assim, eu vou dizer que a gente é muito prudente.”
Já Ometto se queixou principalmente do projeto de arcabouço fiscal, lançado para substituir o Teto de Gastos, de Michel Temer.
“Um dos pilares do arcabouço fiscal é que só pode gastar um porcentual do que arrecada a mais. Isso faz com que a receita e o órgão fiscalizador saiam querendo arrecadar. E nem sempre eles obedecem as regras. Isso faz com que a segurança jurídica não seja tranquila, que é fundamental para nós, empresários”, destacou.