Petrobras: Prates não cumpriu os 100 primeiros dias no comando da petroleira, mas aliados de Lula já vêem desgaste na relação entre os dois

Segundo aliados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem cobrado Prates para que dê uma guinada na gestão

Jean Paulo Prates, escolhido pelo governo Lula como presidente da Petrobras (PETR3; PETR4). Foto: Adriano Machado/Reuters
Jean Paulo Prates, escolhido pelo governo Lula como presidente da Petrobras (PETR3; PETR4). Foto: Adriano Machado/Reuters

O advogado e economista Jean Paul Prates assumiu o comando da Petrobras (PETR3;PETR4) em janeiro, mas sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nunca esteve tão desgastada. A informação é da colunista Malu Gaspar, do Globo.

Prates foi escolhido para o cargo pelo presidente Lula e teve a indicação formalizada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no dia 3 de janeiro. No dia 26, o conselho da Petrobras aprovou Prates como presidente. Mais recentemente, no entanto, Lula tem enviado diferentes sinais de que está insatisfeito com a gestão da petroleira nos três primeiros meses de seu governo.

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Guinada na gestão

Segundo aliados, Lula tem cobrado Prates para que dê uma guinada o quanto antes. Segundo a colunista do Globo, ministros e aliados que têm conversado com o presidente afirmam que o clima entre os dois não é dos melhores.

O principal motivo do desgaste, tanto segundo interlocutores do presidente da República quanto do próprio Prates, é que Lula acha que, depois de quase três meses à frente da Petrobras, ele não tem conseguido implementar a agenda do governo – como a alteração da política de preços da companhia para os combustíveis, ou um programa de conteúdo nacional para equipamentos, com incentivo ao setor naval.

Lula tem criticado publicamente a política de paridade de preços internacionais (PPI) e a distribuição recorde de dividendos a acionistas, que contou com um surpreendente voto favorável de Prates.

Insatisfação de setores do PT

Mas, para aliados de Prates, o problema do presidente da Petrobras não é Lula, e sim a insatisfação de setores do PT com a diretoria indicada pelo CEO e avalizada pelo presidente.

Pode ser, mas não há só setores do PT em guerra interna contra Prates. Na semana passada, os comitês da Petrobras recomendaram a rejeição de duas indicações para compor o conselho, uma de Lula e outra do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira.

A assembleia de acionistas pode ignorar a recomendação e colocar no conselho quem o governo quiser. Mas o fato de que Prates não pode (e na compreensão do Planalto, não tenta) passar por cima dos controles internos da companhia vem sendo visto como sinal de fraqueza.

Nos bastidores, quem conversa com Lula ouve o presidente dizer que Prates foi “capturado” pelo “status quo” da Petrobras, e que tem tomado muitas decisões sem consultar o governo.

Reajuste salarial de 43,88% pegou mal

Também pegou mal no Palácio do Planalto o reajuste salarial de 43,88% para conselheiros e diretores, aprovado pelo conselho de administração da Petrobras na semana passada. O reajuste precisa ser chancelado pela assembleia de acionistas, na qual o governo tem a maioria dos votos.

Só na semana passada Prates conseguiu dar posse à sua diretoria, o que seu grupo espera que alivie a tensão com o presidente da República. Mas em breve ele terá que fechar as vendas de ativos que já foram assinadas e que estavam suspensas a pedido do ministro das Minas e Energia.

O que o PT e Lula gostariam que ocorresse é que os negócios fossem revertidos de alguma maneira. Mas Prates já indicou que não correrá esse risco.

Para diminuir o atrito com a base do governo e angariar algum apoio, Prates se aliou à FUP e sindicalistas ligados ao PT. Já colocou em sua equipe de assessores três pessoas ligadas à Federação Única do Petroleiros (FUP) — e deve nomear um quarto integrante da federação, o sindicalista José Maria Rangel, para a gerência-executiva de Responsabilidade Social, com orçamento de R$ 450 milhões.

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