Treinador de futebol, professor e militar: quem é e como pensa Tim Walz, o vice de Kamala Harris

Candidata democrata escolheu governador de Minnesota confiando na sua intuição e esperando retomar um terreno perdido por seu partido

Tim Walz, candidato a vice-presidente dos Estados Unidos. Foto: Reprodução / Instagram @timwalz
Tim Walz, candidato a vice-presidente dos Estados Unidos. Foto: Reprodução / Instagram @timwalz

Tim Walz é o nome do momento na política americana. Afinal, o atual governador de Minnesota foi anunciado na terça-feira (6) como candidato a vice-presidente dos Estados Unidos na chapa liderada por Kamala Harris.

Assim, ficaram definidas as duas chapas para a disputa das eleições nos Estados Unidos. Do lado democrata, Kamala e Walz. No lado republicano, o candidato é o ex-presidente Donald Trump e o vice é o senador por Ohio J.D. Vance.

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Kamala é a atual vice-presidente dos Estados Unidos e assumiu a candidatura após a desistência do atual presidente, Joe Biden. Agora, o que todos querem saber é quem é Tim Walz, esse novo personagem que surge na história de uma eleição que terá impactos no mundo todo – e que pode resvalar no Brasil e no seu bolso.

As eleições nos Estados Unidos acontecem em 5 de novembro, uma terça-feira. Até lá, a expectativa é de que esse seja um dos fatores de volatilidade nos mercados, importante para quem quer investir no exterior.

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Quem é Tim Walz, candidato a vice de Kamala Harris?

Timothy James Walz tem 60 anos e é governador do estado de Minnesota desde 2018, reeleito em 2022. Ele é formado em ciências sociais e fez carreira como militar da Guarda Nacional. Trabalhou também como professor e técnico de futebol americano de times do ensino médio.

Se aposentou do serviço militar em 2005 e migrou para a política. No ano seguinte foi eleito deputado por Minnesota, reeleito cinco vezes antes de ser escolhido para governar o estado americano.

Em seus discursos, ele enaltece a sua origem em uma cidade pequena, de perfil rural, West Point, no Nebraska. “Eu vim de uma cidade de 400 habitantes. 24 crianças em uma sala, 12 primos, fazenda, esse tipo de coisa”, disse ao podcast do jornalista Ezra Klein, do The New York Times.

“Uma cidade tão pequena tinha serviços públicos [bons] como esses e tinha uma escola com um professor de governo que me inspirou a estar sentado onde eu estou hoje. Essas são as histórias reais das cidades pequenas”, prosseguiu Walz, na mesma entrevista.

Klein resgata essa entrevista em uma coluna entitulada “Walz é o pai do meio do meio-oeste que os democratas precisam?”

Isso diz muito sobre a corrida, reforçando a análise de que indicação é uma forma do Partido Democrata tentar buscar de volta os votos de trabalhadores dos estados do meio-oeste americano que migraram para os republicanos nas últimas votações.

Escolha de Tim Walz busca ser ‘complemento’ de Kamala

Paulo Feldmann, professor da FIA Business School, explica à Inteligência Financeira que as chapas nos Estados Unidos são tradicionalmente “complementares”. Portanto, buscando candidatos a presidente e vice-presidente que tenham histórias distintas, em busca de um maior potencial eleitoral.

“A Kamala escolheu alguém do sexo masculino, alguém bem diferente dela, que é de um estado muito moderno [Califórnia], e ele é bem do meio-oeste, bem conservador. E ela não tem essa imagem de conservadora. Esse contraste é importante. São dois democratas, mas com experiências de vida diferentes”, conclui o professor.

Na reta final, Kamala Harris esteve entre três nomes de perfis semelhantes, homens brancos oriundos do “interior” dos Estados Unidos, para a vaga de vice. Os outros finalistas foram o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro; e Mark Kelly, ex-astronauta e senador pelo Arizona.

Apuração do The New York Times aponta que pesquisas dos democratas apontaram a Kamala que os três trariam a ela chance de vitória na disputa pela Casa Branca. E que a decisão final por Tim Walz seguiu muito fortemente a intuição da candidata, que se sentiu conectada e à vontade com seu agora vice.

Ainda de acordo com o jornal, entre os políticos que Kamala Harris consultou antes da palavra final estão o presidente Joe Biden, os ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton e a ex-secretária de estado Hillary Clinton.

O que Tim Walz pensa sobre economia

O professor Paulo Feldmann afirma que as reais ideias de Tim Walz sobre a economia americana ainda são uma “incógnita”, mas que não deve se esperar algo muito diferente do pensamento médio dos democratas mais ao centro.

Ele estaria, portanto, distante de nomes mais à esquerda entre os democratas, como o senador Bernie Sanders, que tentou disputar a presidência em 2020.

Contudo, há opiniões opostas a respeito das políticas de Tim Walz em Minnesota, especialmente no que diz respeito aos impostos e aos gastos públicos. O think-tank Instituto sobre Taxação e Política Econômica (Itep, na sigla em inglês) analisa que a política de Walz foi endurecer a cobrança sobre os mais ricos, mas reduzir das famílias de classe média e baixa renda.

“Minnesota está a parte da maioria com um sistema moderadamente progressivo que pede um pouco mais dos mais ricos do que das famílias de baixa e média renda”, afirma o relatório assinado pelo diretor de pesquisa da organização, Carl Davis.

Por outro lado, há quem critique as medidas do governador. Por exemplo, o The Wall Street Journal, que afirma em editorial que Walz tornou a economia do estado excessivamente dependente de gastos públicos, o que o levou a aumentar impostos para custear essas medidas.

Walz, o Brasil e a China

Para o professor Paulo Feldmann, a escolha de Tim Walz não deve mudar muito o cenário para o Brasil diante das eleições americanas. De acordo com o especialista as expectativas de mais medidas protecionistas devem se confirmar, vençam os democratas ou os republicanos.

Contudo, o alvo principal dessas medidas deve ser a China, embora haja um impacto global. “O temor de um avanço grande da China permeia ambos os partidos. Seja quem for eleito, isso deve continuar”, avalia Feldmann.

Kamala Harris e seu candidato a vice-presidente, Tim Walz. Foto: Reprodução / Instagram @timwalz

Carreira como militar é contestada por republicanos

Após o anúncio, a carreira de Tim Walz na Guarda Nacional passou a ser alvo de críticas republicanas. A oposição acusou o candidato a vice de Kamala Harris de “inflar” as suas credenciais, como descreveu o site americano Politico.

A campanha democrata alterou a descrição do cargo militar de Tim Walz na biografia oficial. Antes, dizia-se que ele era “um comandante sargento-mor aposentado”. Agora, portanto, consta que ele “serviu como comandante sargento-mor”.

O fato é, como explica o Politico, que ele sim chegou a ocupar o posto. Contudo, que ele se aposentou com uma patente menor porque saiu para entrar na política antes de concluir a formação necessária. Assim, seu título na reserva seria o de “sargento mestre”.

Professor e treinador de futebol americano

O futebol americano está na vida de Tim Walz desde criança. Assim, ele cresceu praticando o esporte na infância em Nebraska e continuou vivendo o futebol americano ao longo da vida, com a mudança para Minnesota.

Em paralelo aos estudos e à vida na Guarda Nacional, ele se transformou em professor e em treinador. Nos Estados Unidos, as competições entre os times do high school, o ensino médio americano, atraem atenções e verbas.

O WSJ conta a história de um campeonato em 1999. Walz foi chamado para ser o coordenador da defesa do Mankato West, time de uma escola na cidade de Mankato, em Minnesota. E foi justamente uma defesa precisa no final do jogo levou o time à conquista do campeonato estadual.

‘Esses caras estranhos’: o deboche de Walz sobre Trump

Tim Walz se tornou uma espécie de viral da política americana nas semanas que antecederam a sua escolha como vice de Kamala Harris. O governador de Minnesota ajudou a popularizar a palavra da moda dos democratas no momento: “weird”. Em português, “estranho”.

Em vez de falar agressivamente sobre os adversários, Tim Walz afirmou em entrevistas e discursos que Donald Trump e seu vice, J.D. Vance, são “caras estranhos”. Um tom de deboche que os jovens democratas gostaram e passaram a usar com frequência.

Em reação, J.D. Vance respondeu em discurso que “quer discutir com Walz sobre o que é estranho”, ironizando o fato de o governador ter apertado a mão, e não dado um beijo ou um abraço, na esposa Gwen Walz em um palco. “Nós somos caras normais”, disse o vice de Trump.

A expectativa é que Vance e Walz façam um debate entre os candidatos a vice. O democrata disse, inclusive, que “mal pode esperar” para ter um embate com o republicano.

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