Quem é Tallis Gomes e o que faz a G4 Educação, que ele liderava até renunciar após polêmicas
Executivo que afirmou que queria se ver 'livre de mulher CEO' foi substituído por uma mulher à frente da G4
Tallis Gomes ficou conhecido no mundo dos negócios pelas empresas que fundou, como a Singu e a Easy Taxi. No entanto, o nome do empresário dominou as redes sociais recentemente em razão de falas polêmicas. A mais recente foi quando afirmou “Deus me livre de mulher CEO” nas redes sociais.
Nos stories do seu Instagram, Tallis foi questionado sobre ter um relacionamento com uma mulher que fosse CEO de uma empresa. Na réplica, o empresário criticou o movimento feminista “por obrigar a mulher a fazer papel de homem” e disse que a “energia feminina” deveria ser usado “nos lugares certos, lar e família”. Tallis Gomes pediu desculpas públicas nas redes sociais.
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A fala provocou uma onda de reações, incluindo de Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza. A crise de imagem levou Tallis a renunciar ao comando da G4 Educação, empresa que ele presidia desde janeiro de 2019.
O executivo foi sucedido à frente da empresa por uma mulher. Maria Isabel Antonini, sócia e CFO da G4, assumiu o posto que era de Tallis Gomes na empresa. Mas quem é Tallis Gomes, qual é seu histórico no mundo polêmico e quais as falas polêmicas que culminaram na saída do comando da G4 Educação?
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Quem é Tallis Gomes?
Tallis Gomes tem 37 anos e nasceu em Carangola (MG). Ele é formado em marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Seu primeiro negócio de maior destaque foi a Easy Táxi, aplicativo que conectava motoristas de táxi com passageiros interessados nos serviços de mobilidade.
Tallis vendeu a empresa, avaliada em R$ 1 bilhão, em 2017. A compradora foi a espanhola Cabify, que posteriormente encerrou as atividades no Brasil. Ele escreveu um livro sobre a experiência, chamado “Nada Easy”.
Quando fechou o negócio, o empresário já tinha fundado uma outra empresa, a Singu. Trata-se de um app de delivery de serviços de beleza que passou em abril de 2023 definitivamente ao controle da Natura. Há 3 semanas, o app foi rebatizado como Bluma.
O que é a G4 Educação?
O próximo negócio que Tallis Gomes fundou foi a G4 Educação, em sociedade com Alfredo Soares, Bruno Nardon e Tony Celestino. A empresa tem como slogan ser a “evolução da escola de negócios”. Além de gestor, Tallis também atua como mentor de gestão e liderança dos clientes da G4 Educação.
De acordo com a página oficial da empresa, os sócios “desenvolveram um framework de gestão horizontalizado focado no crescimento exponencial e durável”. Essa é, portanto, a linha mestra de ensino da G4 Educação.
Em seu portfólio, a empresa possui treinamentos presenciais, treinamentos online e cursos de formação. O foco é a formação de gestores e empreendedorismo.
De não contratar “esquerdistas” à fala sobre mulheres
Em julho, Tallis Gomes participou do podcast Café com Ferri. Na conversa, ele afirmou que faz seleção dos seus funcionários a partir de opções políticas. “Não contrato esquerdistas”, afirmou. Tallis também argumentou que na sua empresa são comuns jornadas de trabalho de 70 ou 80 horas semanais.
De acordo com o site JOTA, o Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu três investigações contra a G4 Educação. Após as falas de Tallis, funcionários fizeram denúncias anônimas a respeito dos temas tratados no podcast.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o empresário afirmou que sua intenção era chamar a atenção e converter a visibilidade em vendas.
“Eu usei um termo mais polêmico porque sabia que iria chamar atenção. A gente vive uma guerra por atenções, então é positivo para o nosso negócio que haja mais atenção e que isso se transforme em vendas”, disse.
Em resposta ao jornal, a G4 afirmou que preza “pelo bom funcionamento da cadeia de prestadores, fornecedores, colaboradores, alunos e membros de sua comunidade”. A empresa também disse que se defenderá diante das investigações.
O que Tallis Gomes disse sobre mulheres sendo CEO?
Um seguidor questionou Tallis Gomes sobre se ele estaria noivo caso a sua companheira fosse CEO de uma empresa. O empresário começa a sua resposta com a frase “Deus me livre de uma mulher CEO” e detalha sua posição a respeito.
Ele disse que não aceitaria porque a posição de CEO levaria essa mulher a “um processo de masculinização”, que a faria priorizar o trabalho em detrimento da família. Tallis diz que o cargo provoca estresse e cansaço físico e mental. “Pra quê fazer a vida da mulher pior dessa forma?”, questiona, sem tratar do desejo de mulheres em ocupar posições como as de CEO.
“Criei três filhos trabalhando muito, inclusive como CEO do Magalu”, afirmou Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magalu, no LinkedIn. “De uma coisa tenho certeza: nós, mulheres, podemos ser aquilo que queremos e optamos ser”, prosseguiu a executiva, uma das líderes empresariais a responder a Tallis.
“Às mulheres, peço que não deixem que posicionamentos como esse abalem seus desejos e opções”, disse Luiza Trajano na publicação.
Tallis Gomes pediu desculpas também nos stories do Instagram. “Muitas mulheres se sentiram machucadas pelas minhas palavras, e eu estou profundamente chateado por ter magoado essas pessoas”, escreveu, também nos stories. “Fui infeliz no meu texto ao dizer qual tipo de mulher eu gostaria para a minha vida e acabei tocando em pontos sensíveis, usando palavras que não deveria usar”, disse.