Quem é João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, bilionário e fundador da Hypera
Discreto, mas bom de aquisição: João Alves de Queiroz Filho construiu Hypermarcas e fortuna bilionária com pé em diferentes setores
Discreto, mas dono de um império que mistura medicamentos, telecomunicações e até imprensa. O empresário bilionário João Alves de Queiroz Filho, conhecido como Júnior, evita entrevistas, ser fotografado ou sair nas capas de revista. Mas ele construiu ao longo do tempo uma gigante no setor de medicamentos, a Hypera, com alguns dos jingles mais marcantes da publicidade brasileira.
A Hypera (HYPE3), afinal, é dona de Benegrip, Doril e outros medicamentos de prateleira, que não exigem receita médica. Ela é forte neste segmento, uma das razões pelas quais Júnior negou a oferta de fusão da EMS. O bilionário é conhecido no mercado por fazer investimentos na hora adequada e nas empresas certas.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Conheça o homem por trás da Hypera.
Quem é João Alves de Queiroz Filho e qual sua fortuna?
A construção da fortuna de João Alves de Queiroz Filho passa pela fundação da primeira empresa que geriu com seu pai. Em 1981, ele e Cirilo Marcio Alves fundaram a companhia de transporte de carga Arisco, que mais tarde foi vendida ao grupo norte-americano BestFoods por US$ 490 milhões de dólares.
Últimas em Quem é?
Depois, a Unilever adquiriu a BestFoods e levou consigo os ativos da Arisco.
Segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, Júnior e seu pai tinham participação de 50% cada na Arisco, com capital de R$ 500 mil.
Nascido em Goiás, Júnior então abre ao lado do pai a Hypermarcas, também com a sua própria holding dentro do negócio, a Monte Cristalino. Júnior assumiu o cargo de presidente do conselho de administração da empresa em 2007, quando recebeu R$ 8,5 milhões, valor que dividiu com outros dois conselheiros.
No início, a Hypermarcas era uma empresa que vendia produtos de limpeza e alimentos. E comercializava até fertilizantes no mercado.
Depois que a Hypermarcas comprou a DM Farmacêutica e a SulQuímica, Júnior e seu pai decidiram deixar para trás o modelo de sociedade limitada e transformar a marca em uma sociedade anônima. A empresa passou a ter capital de R$ 410 milhões, com 10 filiais no Brasil.
Na esteira do sucesso, Júnior funda em 2008 a joia da coroa de sua fortuna. É a Hypera. Em 2024, a Forbes listou João Alves de Queiroz Filho como um dos 69 bilionários brasileiros vivos, com fortuna de R$ 2,1 bilhão.
Os investimentos de Júnior além da Hypera
A Hypera é um dos investimentos de Júnior. Ele possui participação em outras companhias e se interessa pelo setor de telecomunicação e mídia.
Em telecomunicação, o empresário goiano é dono da Megatelecom. A empresa oferece serviços para empresas e possui 36 mil quilômetros de fibra óptica, 23 mil quilômetros de cabos submarinos e sete data centers.
A aquisição mais recente do grupo saiu de um acordo com o Grupo CCR, concessionária de rodovias. A operadora Samm, presente em 161 municípios de cinco estados, também administra infraestrutura de fibra. Ele a adquiriu por R$ 100 milhões.
João Alves de Queiroz Filho tem laços estreitos com a família Abravanel, dona da rede SBT, criada por Silvio Santos. Ele é sócio da TV Serra Dourada, filial do SBT em Goiânia, e foi, até pouco tempo, sócio da TV Alphaville, transmissora que cuida da programação do canal para as regiões de Barueri e Santana de Parnaíba.
Tanto a Megatelecom como as filiais do SBT têm como sócio majoritário a Herbeys Holdings, controlada por Júnior.
Por fim, Júnior possui uma empresa nas Ilhas Cayman. Trata-se da Warung Investments, comprada por US$ 107 milhões em 2014 pela Igarapava Participações. Esta é mais uma holding de investimentos de Júnior, inclusive controlada pela Monte Cristalino.
A Igarapava entrou no foco do mercado quando transferiu suas ações da Hypera em 2017 para o bilionário. Assim, João Alves de Queiroz Filho passou a deter 21,42% da farmacêutica.
Bom de aquisições: como Junior fez da Hypera o que é hoje
Ao mesmo tempo em que é discreto em sua vida privada, Júnior deu foco à Hypermarcas desde que assumiu como presidente do conselho. O objetivo era claro: investir em publicidade e comprar outras marcas.
“Tomou Doril, a dor sumiu”, e “tem gripe, Benegripe” são apenas dois dos jingles célebres que saíram da Hypera nos últimos anos.
Na escolha do garoto-propaganda de Neosaldina, o empresário selecionou Endrick, revelação do Palmeiras, a dedo. Além disso, foi João Alves de Queiroz Filho quem mandou a NeoQuímica, divisão de vitaminas e suplementos da Hypera, comprar o naming rights do estádio do Corinthians.
Para uma fonte que trabalhou próximo ao empresário por anos, a inteligência de Júnior está no giro de portfólio.
“Ele não tem apego a portfólio.”
A influência de Júnior sobre a Hypera aumentou conforme os anos. Ele, contudo, não aparece com frequência na sede e não tem mais cadeira no conselho de administração.
“Ele pode não estar tão presente, mas a filha dele está todos os dias na empresa, são os olhos do Júnior lá dentro”, diz a fonte. A filha é Luciana Schneiffer Alvez de Queiroz, conselheira da Hypera há 17 anos.
Júnior também é craque em aquisições. E é um negociador de último minuto. A fonte lembra a aquisição da divisão de produtos cosméticos da Hypermarcas pela Coty, feita de última hora e passando por cima da proposta anterior da Henkel.
Sobre a possibilidade de fusão entre EMS e Hypera, a fonte explica que Júnior pode negociar, mesmo com o forte tom da carta divulgada nesta quinta-feira (24). O bilionário rejeitou veementemente a fusão.
“Ele tem 72 anos. É, talvez, o maior e um dos últimos trades da vida dele.”