Trio 3G: de Americanas a BK, conheça os negócios de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Alberto Sicupira

Donos da 3G Capital investem em empresas há mais de quatro décadas e são os mais ricos do Brasil

Carlos Alberto Sicupira (esquerda), Marcel Telles (centro) e Jorge Paulo Lemann, acionistas da Americanas (AMER3)  / Arquivo Valor
Carlos Alberto Sicupira (esquerda), Marcel Telles (centro) e Jorge Paulo Lemann, acionistas da Americanas (AMER3) / Arquivo Valor

Desde que o escândalo contábil da Americanas (AMER3) estourou, três nomes estão em evidência: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Conhecidos como trio 3G, eles são controladores da 3G Capital e acionistas de referência da varejista endividada. 

Até agora, tudo o que o mercado tem de concreto sobre a relação deles com a crise da Americanas é uma carta assinada pelo trio, escrita 11 dias depois do início do imbróglio. Separamos o que você precisa saber sobre os três bilionários e explicamos por que eles são importantes para a economia brasileira. 

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Quem são os sócios da 3G Capital? 

Jorge Paulo Lemann tem 83 anos, é formado em economia pela universidade de Harvard e filho de um casal de suíços, o que lhe rendeu uma dupla cidadania. Ele já trabalhou no Credit Suisse, em Genebra, e em outras financeiras antes de fundar a 3G Capital. 

Atualmente, Lemann tem um patrimônio de R$ 80,5 bilhões, segundo a revista Forbes. Ele é a pessoa mais rica do Brasil no momento. O pódio é formado pelos três controladores da 3G Capital. 

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Sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno

Jorge Paulo Lemann

O segundo mais rico do Brasil e dessa tríade atualmente é Marcel Hermann Telles (72), que tem patrimônio estimado em R$ 54,5 bilhões. Ele cursou economia na UFRJ e já trabalhava no mercado financeiro antes de entrar na corretora Garantia, que tinha Lemann como dono. Lá, começou a construir sua fortuna. Ele se tornou sócio da empresa, que depois virou banco. 

O Garantia comprou a Brahma em 1989 e Telles foi o escolhido para comandar a operação. Esse movimento foi crucial para o futuro do trio e culminou na criação da maior cervejaria do mundo. 

Para pegar um peixe grande, é preciso entrar na água

Marcel Hermann Telles

O terceiro mais rico do trio 3G e quarto mais rico do Brasil é Carlos Aberto Sicupira. A Forbes estima seu patrimônio em R$ 44,7 bilhões. Ele tem 74 anos. Sicupira já trabalhou como revendedor de carros usados, foi funcionário público e funcionário de um banco em Londres antes de entrar na corretora Garantia. 

A chegada de Sicupira ao Garantia se deu por meio da pesca, hobby que ele e Lemann compartilhavam – hoje sócios, eles se conheceram na pesca submarina, esporte que já rendeu quatro títulos mundiais e seis brasileiros para Sicupira. 

O executivo foi o responsável por assumir o comando da Americanas depois que o Garantia comprou a varejista. 

Custo é como unha, tem de cortar sempre

Carlos Alberto Sicupira

Quais são os negócios do trio 3G? 

Após mais de quatro décadas investindo em empresas, o trio de bilionários acumula um portfólio importante. Não à toa, as empresas que ainda os têm no quadro de sócios estão sob os holofotes do mercado financeiro. 

Americanas

A varejista, hoje em crise, foi a primeira empresa comprada pelo trio, em 1982. Na época, o valor de mercado da companhia era muito inferior ao valor dos imóveis que a empresa tinha. A ideia, então, era vender os imóveis caso o investimento desse errado.

Carlos Alberto Sicupira assumiu o comando da empresa e deu um “choque de gestão”, com cortes agressivos de custos, incluindo a demissão de 40% dos funcionários e mudanças na remuneração dos executivos da varejista.

40 anos depois do início da operação, o trio de sócios foi pressionado a abrir mão do controle da Americanas e anunciou a decisão em novembro de 2021. Acionistas minoritários pediam a simplificação da estrutura de capital da empresa. Depois do movimento, o trio 3G passou a ter 29,2% da companhia consolidada. 

AB InBev

Em 1989, Lemann, ainda à frente do Garantia, decidiu comprar a Brahma por US$ 60 milhões. Foi o embrião que se tornaria a AB Inbev, a maior cervejaria do mundo. Telles foi o escolhido para comandar o novo negócio, com o objetivo de cortar as despesas em 10% e aumentar as receitas na mesma proporção anualmente.

10 anos depois, em 1999, a empresa comprou a concorrente Antarctica e criou a Ambev 45 dias depois do negócio. Um pouco mais tarde, em 2004, a belga Interbrew comprou a Ambev, formando a InBev. Aos poucos, Lemann, Telles e Sicupira foram aumentando a participação no negócio até se tornarem os maiores acionistas individuais. 

O próximo passo seria comprar a Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser, por US$ 52 bilhões. O negócio aconteceu em 2008 e deu origem à AB InBev, que é dona de marcas como Skol, Stella Artois, Corona e Budweiser. 

Hoje, a Ambev, que pertence ao grupo, é observada de perto pelo mercado, já que tem o trio da 3G no quadro societário, assim como a Americanas. A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, formada por concorrentes da Ambev, já disse que há um rombo de R$ 30 bilhões no balanço da empresa. A Ambev nega a acusação, mas as ações vêm sofrendo desvalorização desde o início da crise na Americanas

Kraft Heinz

O grupo se juntou ao investidor Warren Buffett em 2013 para comprar a fabricante de alimentos Heinz, que fez fusão com a Kraft e formou a líder nos segmentos de ketchup e molhos de tomate. Marcas como Hemmer, Quero e, claro, Heinz estão no portfólio da empresa. 

Porém, esse movimento não foi bem sucedido. Lemann admitiu, em 2019, que o negócio foi um fracasso, dizendo que “o sonho não andou como queríamos”. 

O caso Americanas não foi a primeira polêmica que envolve o trio. Há quatro anos, a empresa se tornou alvo de investigação da Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM dos EUA), que apontava baixa contábil de US$ 15,4 bilhões. A acusão envolvia a área de compras, que supostamente mantinha contratos falsos com fornecedores para disfarçar o custo que tinha com eles, gerando um Ebitda inflado. Em 2021, a Kraft Heinz fechou um acordo de US$ 62 milhões para o encerramento das investigações. 

Em maio do ano passado, a 3G Capital reduziu pela metade sua participação na Kraft Heinz ao distribuir 88 milhões de ações ordinárias da companhia diretamente a investidores, movimento que derrubou o preço dos papéis na época. 

Burger King

Logo após criarem o fundo 3G, o trio comprou o controle do Burger King por US$ 3,26 bilhões, em 2011. Depois, o fundo adquiriu a Restaurant Brands International, responsável pela marca Popeye’s.

O trio já enfrentou o assédio do fundo soberano de Abu Dhabi para comprar a Zamp, holding que controla os restaurantes comprados pela 3G, mas recusou duas ofertas que o Mubadala fez. 

iFood e Snapchat 

Para se adaptar à nova economia, Jorge Paulo Lemann decidiu investir em empresas de tecnologia através da Inova Capital. Ele já colocou dinheiro na Movile, dona do iFood e no Snapchat. . 

Light

Beto Sicupira investiu na distribuidora de energia do Rio de Janeiro e hoje detém 10% da empresa. A companhia, porém, passa por um momento difícil.

Apuração do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, mostra que a empresa contratou a Laplace Finanças para trabalhar em sua reestruturação financeira e precisa de um financiamento de R$ 3,3 bilhões nos próximos dois anos. 

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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