Tesouro RendA+: vale a pena planejar a aposentadoria com o Tesouro Direto?

Novo título, que garante renda complementar por 20 anos, começa a ser negociado a partir de 30 de janeiro

- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF
- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF

A aposentadoria sempre foi entendida como o momento em que nos retirávamos formalmente do campo de trabalho, passávamos a viver com renda limitada e íamos para a praça deixar o tempo correr sem preocupações. As fases da vida até então eram aprender, ganhar e se aposentar.

Não é mais assim. Hoje, alguém que se aposente aos 65 anos ainda pode ter 35% de sua vida pela frente, se chegar aos 100 anos. As novas perspectivas fazem com que tenhamos uma necessidade maior de organizar nossa poupança.

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Mas como montar um planejamento financeiro e ter uma carteira preparada para a longevidade? A resposta começa com uma questão básica e pessoal: como quero viver quando estiver nesse estágio da vida?

As estratégias para programar a aposentadoria

Na verdade, devemos considerar não (simplesmente) um novo estágio, mas novos estágios de nossas vidas e que não há uma regrinha básica que nos diga quanto de recursos devemos poupar. Assim, devemos elaborar um plano financeiro que atenda essa fase da vida nos seus diferentes estágios.

Para preparar esse roteiro as pessoas devem conhecer as suas necessidades de aposentado, livrar-se de dívidas, viver mais modestamente, manter controle de seu orçamento familiar e adotar um plano de investimentos adequado aos seus objetivos.

Importante também é entender que não há número mágico que nos resguarde para isso tudo. É comum no ambiente financeiro serem criadas regrinhas. Uma das mais famosas é a dos 60/40, que diz que na preparação para a aposentadoria devemos investir 60% dos recursos em ações e 40% em renda fixa.

No Brasil, essa regra não é muito usada. Aqui, a renda fixa, de maneira geral, traz ganhos reais. Embora, isso dependa do momento econômico. Nos últimos meses quem manteve uma carteira mais agressiva acumulou perdas.

Os investidores com menos idade podem manter carteiras com mais risco porque historicamente os mercados se recuperam e os jovens contam com o tempo para recompor potenciais perdas.

Para a geração mais velha, particularmente os “boomers”, a manutenção da renda é muito importante. Devem buscar organizar uma carteira que permita a renda crescer de maneira estável: uma carteira mais carregada em títulos de renda fixa e que paguem rendimentos periódicos.

Para aqueles que mantêm renda variável, a dica é manter ações boas pagadoras de dividendos ou fundos imobiliários.

De forma geral, há diversas boas opções para a construção de uma carteira dedicada a fase da vida fora do campo de trabalho formal. Desde comprar títulos e aplicar diretamente em ativos, investir em fundos, entrar num plano de previdência privada ou investir em títulos do Tesouro Direto.

Tesouro RendA+: 20 anos de renda garantida

A novidade é que o Tesouro Direto lançou o programa Tesouro RendA+ para permitir a opção de renda adicional na aposentadoria. Esse título poderá ser comprado pelas pessoas físicas a partir de 30 de janeiro.

Como os outros títulos do Tesouro Direto, o Tesouro RendA+ será vendido pela internet. Como ocorre em produtos dedicados à Previdência, neste título deve ser observado um período de acumulação no qual o investidor não recebe nenhum pagamento de juros. Ao aplicar nesse ativo, a pessoa escolhe uma data de aposentadoria e garante renda por 20 anos após esse vencimento. São 240 meses de rendimento que complementam a renda do aposentado.

O Tesouro RendA+ é um título da série NTN-B, que são aqueles papéis que oferecem uma taxa de juros mais a variação do IPCA do período. Em outros termos, o investidor tem uma renda coberta da inflação.

Serão oferecidos pelo Tesouro oito prazos de vencimento, com intervalos de cinco anos, entre 2030 e 2065. Assim, quem comprar um título com vencimento para 2050, a partir desta data irá receber rendimentos mensais até 2070.

Quando o Tesouro RendA+ pode valer a pena?

Investir nesse tipo de título tem algumas vantagens interessantes. A primeira delas é a simplicidade do investimento. Esse é o foco declarado pelo Tesouro Direto, o objetivo foi lançar um produto que qualquer pessoa pudesse entender e aplicar.

É possível começar o investimento com R$ 30. Mas, este papel, diferentemente de outros títulos do Tesouro, não será possível a venda nos primeiros 60 dias.

Em relação aos produtos de previdência privada há diferenças substanciais, como a opção de tributação definitiva na fonte, que faz que a alíquota de imposto caia a 10% para aplicações acima de 10 anos. Além disso, nos planos tipo PGBL é possível a dedução de até 12% da renda tributável anual.

Já no título RendA+, a tributação é a mesma de toda a renda fixa: até seis meses, 22,5%; de 181 a 360 dias, 20,0%; de 361 a 720 dias, 17,5%; e 15% após esse último período.

No RendA+ não é cobrado taxa de administração, somente a custódia que pode chegar a zero. Assim, os custos desses títulos compensam a perda de benefícios tributários que ocorrem nos planos de previdência.

Sem dúvida, a maior vantagem do título do Tesouro é a facilidade de seu investimento porque a pessoa não terá que tomar todas as decisões que são necessárias ao adquirir um plano de previdência privada.

O site do Tesouro Direto irá permitir fazer simulações para o interessado poder verificar qual o nível de renda poderá ser obtido. Numa simulação simples, num título com 6% de remuneração ao ano, para o investidor receber a renda de um salário-mínimo ao longo de 20 anos, a aplicação inicial mensal é em torno de R$ 32.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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