Como proteger o patrimônio durante relações afetivas?

Questão financeira do casamento não tem nada a ver com amor, explica a professora da FGV Direito São Paulo, Viviane Ferreira

"Quando o assunto não é discutido entre o casal e membros da família, todos ficam à mercê de uma solução legal", diz Viviane Ferreira
"Quando o assunto não é discutido entre o casal e membros da família, todos ficam à mercê de uma solução legal", diz Viviane Ferreira
Alguns Passos para se Proteger de Traição Financeira | Inteligência Financeira


A proteção do patrimônio em um casamento, na maioria das vezes, não costuma ser discutida por casais com grandes fortunas, nem por celebridades, nem por pobres mortais. Definir a questão financeira do casamento indica falta de romantismo? Por que as pessoas evitam tocar no assunto?

Em entrevista para a Inteligência Financeira, a professora de direito de família e sucessões na FGV Direito São Paulo, Viviane Ferreira, explica que a questão financeira do casamento não tem nada a ver com a existência ou inexistência de amor.

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“São questões separadas. Quando o assunto não é discutido entre o casal e membros da família, todos ficam à mercê de uma solução legal que nem sempre é a melhor saída para a realidade dos envolvidos”, explica.

Segundo Viviane, a discussão sobre o patrimônio acontece, com antecedência, é mais frequente entre pessoas que já foram casadas e se divorciaram. “Como já tiveram problemas, aí sim a discussão patrimonial vem antes do casamento”, afirma.

Resistência ao assunto morte

Em relação à morte de uma das partes, a resistência à discussão prévia é maior ainda. Diante da morte de cada um dos cônjuges, uma parcela maior desse patrimônio deve ser destinada para estudo, educação, para manutenção das crianças.

Pela lei, simplesmente, o patrimônio seria distribuído entre as pessoas que a legislação determina que são as mais próximas. Isso nem sempre corresponde à realidade.

Insegurança jurídica da união estável

A questão da união estável, em que as pessoas não querem se casar e decidem viver juntas, é uma situação de insegurança jurídica e de risco patrimonial. “É preciso conversar com antecedência sobre dívidas, divórcio, guarda de filhos, sobre morte”, diz a especialista no assunto.

Para Viviane Ferreira, a proteção começa antes da união estável, com a escolha do regime de bens adequado a partir do conhecimento do patrimônio de cada uma das pessoas, atividade profissional, desenvolvimento profissional.

Na prática, o regime da separação de bens resguarda melhor a situação individual de cada pessoa na união estável.

Historicamente, no casamento, a mulher é a pessoa mais vulnerável do ponto de vista econômico por conta da maternidade e redução da carga de trabalho neste período.

Proteção em relação às dívidas

Viviane explica que, no Brasil, o regime legal é o de comunhão parcial de bens. Nele, tudo que foi recebido por herança ou por doação, não entra no patrimônio comum. Já os bens adquiridos e comprados passam a ser patrimônio comum. No final do casamento, seja por divórcio, seja por morte de uma das partes, o patrimônio comum tem que ser dividido.

O regime parcial de bens prevê proteção maior em relação às dívidas do cônjuge após o casamento. Quando o assunto é levado ao tribunal, é analisado se a dívida contraída, por uma das partes, trouxe vantagens concretas para a família ou para apenas uma pessoa.

Parceiros aceitam dívidas

Já o regime de comunhão universal é um regime que tem de ser escolhido pelo casal. Costuma ser bem complicado para casos com infidelidade patrimonial porque tudo entra no bolo do patrimônio comum, inclusive os bens e dívidas antes do casamento. Assim, o casal aceita dívidas que já existiam.

“A gente diz que é o regime escolhido por quem está muito apaixonado e não pensa direito”, diz a professora.

O regime da comunhão universal pode ser acertado entre o casal, quando a mulher concorda parar de trabalhar durante o casamento por conta da maternidade ou por qualquer outra questão. “Esse regime serviria para resguardar a mulher”, afirma.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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