Acesso a investimento é o maior desafio para as empreendedoras
Pesquisa ouviu 850 mulheres de todo o Brasil
A pesquisa “Mapeamento dos Negócios Inspiradores Femininos”, feita pela NOZ Inteligência, em parceria com o Movimento Expansão e Plataforma Empreendedoras Maduras, ouviu 850 mulheres de todas as regiões do Brasil para listar as dificuldades enfrentadas por elas na hora de executar um negócio próprio. Segundo a pesquisa, na vida profissional, essas mulheres encontram um grande desafio: o acesso de investimentos em seus negócios. Entre as maiores dificuldades e desafios citados pelas entrevistadas, estão: captação de recursos financeiros; capital de giro; estratégia e posicionamento de marketing; e gestão e custo com funcionários. Um marcador que coloca as empreendedoras com dificuldade para captação de recursos é a idade: 63% das mulheres acima de 50 anos consideram a captação ou “difícil e desafiador” ou “muito difícil e desafiador”.
Dupla jornada de trabalho
Outro assunto levantado pela pesquisa é a compreensão dessas mulheres ao se depararem com a dupla jornada de trabalho, ou seja, a conciliação das vidas profissional e doméstica: 40% das entrevistadas pensam que a dupla jornada, é “difícil e desafiador” e 23% pensam que é “muito difícil e desafiador”. Portanto, são 63% das respondentes da pesquisa que encontram algum grau de dificuldade na dupla jornada.
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O que faz elas repensarem o empreendedorismo?
Na vida pessoal das mulheres ouvidas, a realização de trabalhar com o que gostam atrai 68% delas; 59% buscam melhorar a qualidade de vida; e 38% têm o objetivo de complementar a renda. Dentre os três maiores motivos que as fazem pensar melhor antes de começar a empreender, estão a falta de recursos com 69% das respostas, riscos financeiros com 50% e a falta de conhecimento em gestão de negócios em terceiro lugar, com 46% das respostas.
“Uma revelação importante que analisamos é sobre os maiores motivadores para mulheres brasileiras empreenderem: insatisfação profissional, necessidade de se reinventar e de buscar associar o trabalho ao seu propósito de vida”, explica Juliana Vanin, responsável pela pesquisa, economista e fundadora da NOZ. A busca de reinvenção profissional apareceu em 41% das respostas, a busca de propósito profissional em 35% e insatisfação profissional em 27% delas.
Dinheiro do próprio bolso
Para iniciar seus negócios, 89% das mulheres utilizaram recursos próprios, e apenas 2 a cada 100 entrevistadas utilizaram linhas de crédito disponíveis a investidores. Em outros momentos que não o início do empreendimento, 24% tomaram empréstimos de amigos e familiares e 20% realizaram empréstimos através de linhas de crédito para empresas.
Quando o assunto é acesso ao crédito, elas veem como “nada justo e acessível” as taxa de juros; a burocracia e documentação necessária; a aprovação do crédito; e a renegociação do valor. Segundo empreendedoras entrevistadas, um programa de crédito menos burocrático e com taxas de juros acessíveis seriam essenciais no investimento de seus negócios, ainda mais porque essas mulheres se consideram organizadas com pagamentos e comprometidas em fazer seus empreendimentos crescerem.
O levantamento levou em consideração a faixa etária, perfil socioeconômico, tamanho e segmento da empresa, variedade étnica, escolaridade, se têm filhos ou não, renda familiar, seu momento de vida quando começaram a empreender, quais recursos ou falta deles, para iniciar, manter e escalar o empreendimento. Foram ouvidas mulheres que já empreendem e aquelas que desejam, mas ainda não conseguiram.
Com reportagem do Valor Investe