Como ensinar planejamento financeiro para os filhos? Veja as dicas de Gustavo Cerbasi
Saiba o que dizer sobre dinheiro para seu filho se ele tem 5, 10 ou 15 anos
Um desafio comum a muitos pais é saber que seus filhos vão crescer e precisar saber gerenciar bem os recursos que vão ter lá na frente. Mas como ensinar finanças para crianças e prepará-las para o mundo do dinheiro, criando adulto capazes de fazer boas escolhas com o bolso.
Para te ajudar com a tarefa, conversamos com Gustavo Cerbasi, especialista em inteligência financeira e sócio da SuperRico. Um dos escritores mais lidos do mundo das finanças, o autor de “Pais inteligentes enriquecem seus filhos” conversou com a Inteligência Financeira e compartilhou suas dicas.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Quando falar sobre finanças pessoais para crianças
De acordo com Gustavo Cerbasi, a prática de falar sobre finanças para crianças deve respeitar a faixa etária dos filhos. Ele explica que há momentos de se ensinar apenas pelo exemplo, outros de inserir brincadeiras lúdicas e ao final de falar sério sobre o assunto.
Para o escritor, o momento de dar a largada na educação financeira é “a partir do momento em que a criança começa a demonstrar a curiosidade pelo mundo adulto“. Cerbasi explica que quando os filhos começam a imitar os adultos, brincando de colocar um sapato, um óculos, emulando trejeitos, pode-se dar os primeiros passos.
Últimas em Finanças pessoais
No entanto, o especialista diz que ainda não é o momento de se explicar o mundo das finanças em detalhe. Ele diz que essa primeira etapa deve ser a de educar pelo exemplo, com os pais focados em passar adiante bons hábitos financeiros.
Para colocar em números, essa dica é para quando seu filho tiver por volta dos 5 anos, por exemplo.
“É o momento de a criança perceber que os adultos têm uma rotina dedicada ao dinheiro, que isso é saudável e que torna o dia a dia desses adultos mais seguro e mais feliz”, defende Cerbasi. O escritor propõe que a criança acompanhe algumas conversas e entenda que os pais precisam se planejar para concretizar os desejos da família.
“É um momento para chamar a atenção para algumas pequenas rotinas que fazem parte da sua vida, como parar para conversar sobre os planos da viagem do final de semana. Incluir a criança nessa conversa, para decidir quais vão ser as prioridades do passeio na praia, na Avenida Paulista ou na casa da vovó”, explica.
Como falar sobre dinheiro para filhos de forma lúdica
Com os filhos um pouco mais velhos, por volta dos 10 anos, é possível dar um passo além. Gustavo Cerbasi sugere que o assunto de finanças para crianças seja trabalhado de forma lúdica, com brincadeiras que ensinem alguns conceitos e formas de pensar do mundo das finanças.
Por exemplo, através de jogos de tabuleiro e de brincadeiras. Demonstrar usando esses instrumentos para que as crianças entendam de forma lúdica conceitos como por que as pessoas trabalham, o que é o dinheiro e como tudo isso funciona.
Gustavo Cerbasi, por exemplo, desenvolveu um jogo, batizado de Renda Passiva. Na brincadeira, as crianças devem brincar de administrar uma carteira de investimentos, de modo que terminem a partida garantindo um rendimento mensal maior do que o seu gasto.
O escritor diz ainda que algumas leituras leves, que tragam os conceitos de forma lúdica, também podem fazer parte dos planos, mas sem queimar etapas.
“Acho pouco saudável trabalhar elementos quantitativos, tanto quanto convidar crianças a fazer exercícios físicos pesados. Eu prefiro que nós desenvolvamos a capacidade de fazer boas escolhas”, diz ele, que leva a ideia dentro e fora das finanças.
“Nessa fase do ensino fundamental, temos que ensinar a fazer comparações, a ler o rótulo de um iogurte no supermercado, a qualidade de um alimento, o quanto se gasta na compra de um brinquedo ou numa experiência”, argumenta.
Finanças para crianças: quando e como pagar mesada
Gustavo Cerbasi não é contra pagar mesada para os filhos. Nessa etapa que estamos falando, por volta dos 10 anos, isso já é possível. No entanto, o escritor argumenta que não se trata de dar um dinheiro na mão das crianças para que elas gastem livremente sem critério.
“Por exemplo, a partir dessa semana a criança vai receber um determinado valor X, mas nós vamos decidir juntos como esse dinheiro vai ser gasto. Se vai ser na escola, em maquiagens, em brinquedos. Vamos discutir a cada semana como a criança está gastando o dinheiro. Não para criticar, mas questionando se está dando certo a forma como ela está usando, a estratégia”, explica.
Como falar de finanças com os adolescentes
Nos últimos anos do ensino fundamental, Cerbasi entende que já se pode começar a falar mais em detalhes sobre os assuntos. Sem abandonar completamente a forma lúdica, que ele acredita ser útil para todas as idades.
Essa transição de etapas se encerra ali por volta dos 15 anos, quando o adolescente passa a ter de adultos. “Aí já é a literatura comum da educação financeira. Tudo ligado a construção de riqueza, produtividade, empreendedorismo. Os conteúdos feitos para os adultos já servem para os jovens de 15 anos de idade”, explica Cerbasi.
Invisto para o futuro do meu filho: falo para ele?
Uma outra dúvida dos pais é como contar para o filho que há um investimento feito para o futuro dele. Para Gustavo Cerbasi, o assunto deve ser tratado, mas o ideal é que os pais não estimulem uma ideia de ganância ou de vida ganha. O escritor argumenta que é importante deixar sobre a mesa qual é a finalidade do investimento, que o jovem saiba qual é o destino daquele dinheiro.
“Os jovens não têm noção que R$ 10, R$ 15 ou R$ 20 mil são valores para um começo muito poderoso para garantir uma renda robusta na aposentadoria. O que deve ser cultivado é o conceito de utilidade do recurso e não o conceito da oportunidade de se ter um dinheiro que poucas pessoas têm”. Isso gera no jovem um sentimento de liberdade que é desproporcional”, afirma.
“Se ele focar que vai ter R$ 100 mil, pode achar que a vida está ganha. O jovem não percebe que R$ 100 mil é algo que gera uma renda consistente de R$ 700 pro resto da vida. Se isso for ensinado, ele vai perceber que acrescentar algumas dezenas de reais vai ampliar essa renda”, prossegue.
Para Cerbasi, os pais devem usar a experiência de vida e manter sob controle o destino dos recursos acumulados.
“Supondo que o dinheiro esteja acumulado para a faculdade. Se o filho entrar numa universidade pública, os pais podem decidir junto com ele guardar para uma pós-graduação. Se ele não precisar de uma especialização, se começar a trabalhar, aí vão juntos pensar numa destinação alternativa para o recurso. Por exemplo, como a semente de uma renda futura”, diz o escritor.