CEO da Caixa garante que não vai faltar crédito imobiliário para a classe média; confira entrevista
Concessões de novos empréstimos no banco cresceram cerca de 30% ante mesma etapa do ano passado
Não vai faltar financiamento imobiliário para a classe média na Caixa Econômica Federal, garante o presidente do banco estatal, Carlos Vieira.
Na semana passada, conforme a Inteligência Financeira antecipou, a Caixa anunciou a redução do teto de financiamento com recursos da poupança para compra da casa própria.
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A medida atinge os empréstimos para compra de imóveis com preços acima de R$ 350 mil e até R$ 1,5 milhão. Assim, o empréstimo pagará no máximo 70% do valor do imóvel, ante 80% anteriormente.
“As pessoas não precisam correr até as agências para obter financiamento, não vão faltar recursos”, disse Vieira à Inteligência Financeira.
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Seus comentários chegam no momento em que Caixa, que concede cerca de 70% do crédito para a compra da casa própria no país, procura alternativas para compensar a queda nos recursos da caderneta de poupança, principal fonte de capital para o setor.
Somando os resgates para os anos de 2021 e 2023, os saques líquidos na poupança ultrapassaram R$ 200 bilhões.
Período de referência | Movimentações na caderneta de poupança (em R$ bilhões) |
2021 | -35,5 |
2022 | -103,2 |
2023 | -87,8 |
2024 | -11,2 |
Segundo profissionais do mercado, essa tendência deve se prolongar à medida que poupadores buscam alternativas mais rentáveis de investimentos.
De fato, só no mês passado os resgates na poupança superaram R$ 11 bilhões. Isso após o Banco Central (BC) começar um ciclo de aumento da Selic.
Caixa capta recursos com LCIs e planeja FIDCs
E se por um lado essa fonte de recursos vai secando, por outro a demanda por empréstimos não para de bater recordes.
Assim, neste ano, até os primeiros dias de outubro, a Caixa já desembolsou quase todo o recurso que tinha planejado para todo o ano de 2024, considerando o financiamento imobiliário para a classe média.
As concessões de novos empréstimos no banco cresceram cerca de 30% ante mesma etapa do ano passado.
Assim, não resta à Caixa alternativas senão afunilar a concessão de financiamento imobiliário pelo SBPE, o sistema brasileiro de poupança e empréstimo.
Enquanto isso, a Caixa vem captando recursos no mercado de capitais por meio de letra de crédito imobiliário (LCI). O objetivo é compensar a menor oferta de poupança.
Além disso, o banco pretende usar outro instrumento de mercado, o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) para captar recursos para o setor em 2025, contou Vieira. Trata-se de um investimento de renda fixa que aplica em títulos de crédito gerados a partir de contas a receber de uma entidade.
Simultaneamente, o banco vem pleiteando que o Banco Central reduza o volume de depósitos compulsórios. Também como forma de liberar mais dinheiro para habitação.
Para entender |
O depósito compulsório é um mecanismo que obriga os bancos a depositarem parte dos depósitos de clientes em uma conta mantida pelo Banco Central. |
Prevenção contra aumento da inadimplência
Uma motivação extra da Caixa para conter o ritmo de financiamento imobiliário é o temor de aumento da inadimplência, revelou Vieira.
“O pagamento de um valor maior à vista é bom para o banco e para o tomador”, disse o presidente do banco.
Dois terços da carteira total de crédito de Caixa Econômica, de R$ 1,2 trilhão, são de crédito para compra da casa própria.
Como o próprio imóvel é a garantia desses empréstimos, a Caixa tem um nível de inadimplência muito menor do que os demais bancos comerciais.
No fim de junho, o índice de calotes acima de 90 dias no banco era de 2,2%, de longe a menor do sistema financeiro.
Contudo, a combinação de juros e inflação alta vêm concorrendo para pressionar a renda disponível das famílias.