Cafezinho do dia a dia vai ficar mais caro? Fomos atrás da resposta

Preço do café na bolsa internacional dispara com seca e é o maior em 13 anos, mas especialistas veem piora daqui para frente

Preço do café no mercado internacional e no Brasil dispara; especialistas veem cenário de estresse para grão. Foto: Valter Campanato/EBC
Preço do café no mercado internacional e no Brasil dispara; especialistas veem cenário de estresse para grão. Foto: Valter Campanato/EBC

O café, desde os pacotes vendidos vendidos no supermercado às capsulas de escritório, deve ficar mais caro daqui para frente, segundo especialistas. Os contratos futuros de sacas de café arábico, negociados na Bolsa Internacional de Commodities (ICE, na sigla em inglês) de Londres, atingiram nesta quarta-feira (25) o valor de US$ 265 por saca, chegando à máxima desde 2011.

No Brasil, o preço do café moído registrou alta de 16,64% em 12 meses, de acordo com o IPCA, do IBGE. Enquanto isso, o tradicional cafezinho ficou quase 10% mais caro. Especialistas alertam que, devido à seca que assola produtores no Brasil o no exterior, o café não deve ficar mais barato tão cedo

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Consumidores já sentem alta do café hoje, diz pesquisador

Os dois tipos de café produzidos no Brasil, o robusto e o arábica, ficaram mais caros com a seca recorde e as queimadas que assolam o agronegócio.

De acordo com levantamento do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a saca de 60 quilogramas do café robusto negociada entre produtores brasileiros saltou para R$ 1.525 em setembro, alta de 2% frente a agosto, mas maior patamar da série histórica de dois anos.

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Enquanto isso, o café arábica tem a saca com mesmo peso avaliada em R$ 1.507, também na máxima e com alta de 4,07% ante o mês passado.

Renato Garcia, pesquisador do CEPEA, afirma que o preço do café vive um momento “raro”. Ele explica que o mais comum é que o café robusto costuma valer menos no mercado que o arábica pela disponibilidade global. Além disso, é a espécie de café considerada “menos sofisticada” no mercado.

“O café robusto passou a arábica e isso não é comum. No Brasil, 66% (da safra) são arábica, enquanto 33% é café robusto. Produzimos Arábica, em Minas, São Paulo e no Sul. Mas o mundo vem buscando mais o café robusto”, diz Garcia.

Conforme a explicação do especialista, entre dezembro de 2023 até setembro deste ano, o café robusto quase dobrou de preço ao produtor, enquanto o preço do café arábica subiu 45%. “E isso vai ser repassado ao consumidor. O café vai ficar mais caro”, completa.

Preço do café vai subir? Entenda pessimismo sobre o grão

A demanda por café não diminuiu no mundo, o que secou foi a oferta. Assim, o que leva a uma alta histórica do preço de café são as chamadas quebras de safra. Não apenas no Brasil, mas no outro principal exportador do grão no mundo, o Vietnã.

Portanto, o preço do café vai subir?

Somente em agosto, o Brasil exportou R$ 4,7 bilhões em café torrado, cujo preço por tonelada, segundo o Ministério de Desenvolvimento, Comércio e Indústria (MDIC), variou 27% entre agosto de 2023 a 2024

Alexandre Delara, fundador e CEO da consultoria de agronegócio Pine, diz que o Vietnã vem sofrendo com secas prejudiciais para as flores de café, que marcam o início de safra.

“Isso traz produtores de café ao Brasil, renovando recordes de exportação”, diz Delara. “Assim, o robusto puxa o preço do café arábica, o que é raro”.

Acontece que as queimadas e seca acenderam um alerta por aqui. “O período de seca é preocupante porque a recuperação da safra de café entre 2025 e 2026 será lenta”, finaliza Garcia.

Nem o cafezinho de escritório escapa. As famosas capsulas de café de marcas como Nespresso têm em sua composição 50% do café robusto e a outra metade de café arábico.

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