‘Brain rot’: por que Oxford elegeu ‘podridão cerebral’ como a palavra que define 2024?
Dicionário da universidade americana prega o debate sobre o quanto passar o dia nas redes sociais está prejudicando o nosso cérebro
Todos os anos, o Dicionário Oxford elege a “palavra do ano”. Geralmente, trata-se de uma expressão que ganhou um peso grande quando associada a hábitos e debates sociais que estejam em destaque naquele ano. Em 2025 a palavra é “brain rot”. Ou, em português, “podridão cerebral”.
Mas o que é isso? Nas palavras da Oxford University Press, brain rot é “a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, vista como resultado de um consumo excessivo de material (atualmente conteúdo online particularmente) trivial ou não desafiador”.
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Ou, em outras palavras, um certo “apodrecimento” do cérebro que vem como resultado de ficarmos horas intermináveis na internet vendo conteúdos bobos ou que não nos desafiam intelectualmente. Especialmente nas redes sociais. O uso desse termo, de acordo com Oxford, cresceu 230% entre 2023 e 2024.
O objetivo das escolhas da equipe do Dicionário Oxford é entender quais temas serão grandes motivos de atenção ou preocupação nos próximos anos. Ou seja, os especialistas acreditam que debateremos muito nos próximos anos os efeitos supostamente danosos dessa chuva de conteúdo online sobre os nossos cérebros.
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“‘Brain rot’ trata de um dos riscos perceptíveis da vida digital, e como nós estamos usando o nosso tempo livre. Parece como o correto próximo capítulo da conversa cultural sobre humanidade e tecnologia”, afirmou Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages, em nota.
A origem da palavra remete a 1854, ao livro “Walden”, de Henry David Thoreau. Na obra, Thoreau critica a sociedade por rejeitar ideias complexas e preferir pensamentos mais simples, o que, para ele, significava uma preguiça intelectual crescente. Repare: em 1854, há 170 anos atrás.
De ‘pós-verdade’ ao bom e velho charme: a palavra do ano dos últimos anos
Em 2016, por exemplo, a escolha foi “pós-verdade”. Donald Trump havia acabado de ser eleito presidente dos Estados Unidos pela primeira vez e o Dicionário Oxford enxergava um cenário em que o que é verdade de fato não importasse mais tanto assim.
Três anos depois, em 2019 foi a vez de “emergência climática”. Não mais crise climática ou algo que o valha, mas emergência, que se tornou cada vez mais a expressão usada pelos especialistas em meio ambiente para definir a nossa situação.
No ano passado, por outro lado, uma escolha mais curiosa. A premiação foi para a palavra “rizz”, sem uma tradução clara para o português. É uma redução da palavra “carisma”, mas com um algo a mais.
É a ideia de que todos nós estamos nos tornando relações-públicas de nós mesmos, que você precisa estar se vendendo o tempo todo. E aí quem tem “rizz” é aquela pessoa que é capaz de se diferenciar naturalmente, de conquistar com menos esforço que a média de nós mortais.