Empresas suspendem produção após novos lockdowns contra a covid-19 na China

A medida ameaça as já pressionadas cadeias globais de suprimentos e recuperação da economia mundial

Reprodução: Pixabay

Os novos lockdowns anunciados pela China para conter o maior surto de covid-19 no país desde o início da pandemia estão forçando diversas empresas a interromperem suas operações, o que ameaça as já pressionadas cadeias globais de suprimentos e a economia global.

A Foxconn, uma das principais fornecedoras da Apple, e outras diversas fábricas em Shenzhen deixaram de operar após as autoridades do país terem decretado um lockdown na cidade de 17,5 milhões de habitantes, um dos principais centros tecnológicos e industriais da China.

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Na lista estão mais de 30 empresas de Taiwan, que fabricam diversos componentes eletrônicos importantes, como placas de circuito e módulos de telas sensíveis ao toque, segundo o jornal britânico “Financial Times”. A maior parte delas disse que as operações ficariam suspensas até domingo, quando o lockdown em Shenzhen está previsto para terminar.

Em Shenzhen, todos os serviços de ônibus e metrô deixaram de operar, assim como as empresas não essenciais. Os moradores foram proibidos de sair da cidade, que tem um dos portos mais movimentados da China – também afetado pelas medidas – e é sede de gigantes como a Huawei Technologies Co. e Tencent Holdings Ltd.

Em paralelo, a Toyota Motors informou hoje que suspendeu as operações em uma fábrica em Changchun, na província de Jilin, cidade de 9 milhões de habitantes onde um confinamento foi decretado na última sexta-feira para combater a propagação da variante ômicron do coronavírus.

A montadora japonesa não informou quando poderá reabrir a fábrica, mas disse que a situação pode afetar a venda de novos carros na China. “Planejamos reabri-la assim que recebermos instruções do governo e confirmarmos a segurança das pessoas em nossas comunidades locais e parceiros”, disse a empresa em um comunicado.

A velocidade de disseminação da variante ômicron está testando a estratégia de “covid zero” adotada por Pequim, que exige que as cidades realizem a testagem em massa de seus cidadãos e adotem rígidas restrições logo depois de um caso ser confirmado.

“A situação da covid na China se deteriorou em um ritmo alarmante na semana passada”, disse Ting Lu, economista-chefe para China do Nomura, ao “FT”. “Com o agravamento da pandemia e a resistência de Pequim em manter sua estratégia, acreditamos que a meta de crescimento do PIB de ‘cerca de 5,5%’ este ano está se tornando cada vez mais irreal.”

A Comissão Nacional de Saúde da China registrou 1.337 novos casos transmitidos localmente de covid-19 nas últimas 24 horas, sendo 895 deles na província industrial de Jilin. Pequim proibiu que a maior parte das pessoas deixe a região por causa do surto.

Mais de 7 mil reservistas foram enviados a Jilin para ajudar na resposta à nova onda de casos. Eles ajudarão a manter a ordem na província, a registrar pessoas nos centros de testes e usarão drones para realizar a desinfecção de áreas, segundo a emissora estatal chinesa CCTV.

Zhang Wenhong, um dos principais epidemiologistas chineses, afirmou que os surtos nas cidades do país estão sendo causados pela subvariante BA.2 da ômicron. Pesquisas recentes indicam que ela se espalha ainda mais rápido do que a ômicron original. No entanto, ele defende a manutenção da estratégia de “covid zero” de Pequim.

“Se o nosso país se reabrir rapidamente agora, isso causará um grande número de infecções em um curto período de tempo”, disse Zhang ao “Caixin”. “Não importa quão baixa seja a taxa de mortalidade, isso ainda causará uma corrida aos recursos médicos e um choque de curto prazo na vida social, causando danos irreparáveis às famílias e à sociedade.”

A origem exata dos surtos na China é desconhecida, mas alguns culpam Hong Kong, que está lutando para lidar com uma onda de contágios que está sobrecarregando o sistema de saúde e provocando diversas mortes. Hoje, a cidade registrou 26.908 novos casos e 249 óbitos, segundo as autoridades locais.

A chefe do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, afirmou que as autoridades locais não pretendem reforçar as restrições. “Tenho que considerar se o público, se as pessoas, aceitariam novas medidas”, disse ela em entrevista coletiva.

A diferença na estratégia adotada por Hong Kong também provocando irritação entre os chineses que continuam sendo submetidos a rígidos lockdowns para conter o vírus. A cidade copiou algumas das medidas adotadas por Pequim para conter os surtos, mas resiste a confinamentos generalizados.

“Por que Hong Kong está experimentando tal privilégio? Sem lockdowns, sem testes em toda a cidade”, disse um homem no Weibo, o “Twitter chinês”.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico

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