Biografia de Martin Luther King é fundamental ao trazer o homem para além do mito
Foram menos de doze meses para que um pastor dos EUA se tornasse conhecido em todo o mundo. Livro conta isso e mais
Foram menos de doze meses. Menos de um ano para que Martin Luther King Jr. ficassem conhecido em todo o mundo e para sempre. Entre 1º de dezembro de 1955 e 13 de novembro de 1956, King tornou-se mais do que um pastor negro norte-americano. Tornou-se uma figura icônica a ser lembrada, e exaltada, pela sua luta pelos direitos civis, contra o racismo. Contra o racismo nos estados do Norte e do Sul dos Estados Unidos. Bem como por sua orientação pacifista intransigente e pela luta contra a Guerra do Vietnã.
Mas Martin Luther King foi mais do que isso. Bem mais. E mostrar isso para o leitor em quinhentas e poucas páginas é o grande acerto da biografia ‘King, uma vida’. O livro escrito por Jonathan Eig venceu o prêmio Pulitzer.
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Acima de tudo, é a mescla entre o mito e o homem que faz a obra de Eig especial. O leitor não encontra ali apenas o retrato de um homem sobrenatural que desde o princípio de sua vida adulta sabia exatamente qual era a sua missão especial. Não, o que se tem ali é o homem muitas vezes angustiado, com dúvidas. Com receios. E com falhas em sua vida pessoal.
Martin Luther King famoso nos Estados Unidos e no mundo
Data | Fato |
1/dez/1955 | Rosa Parks decide não ceder seu lugar para brancos numa viagem de ônibus em Montgomery. Ela é detida pela polícia. |
5/dez/1955 | Começa um boicote na cidade. Negros se recusam a andar de ônibus. King, pastor evangélico na região, faz um discurso em favor do movimento. |
30/jan/1956 | Ocorre um atentado a bomba em sua casa de Montgomery, Alabama. A mulher de King e sua primeira filha estão no local, mas ninguém fica ferido. |
21/fev/1956 | Justiça do Alabama considera o boicote dos negros contra a companhia de ônibus que serve Montgmory uma conspiração. King, a essa altura uma das principais vozes do movimento, é indiciado com mais de 100 pessoas. |
22/mar/1956 | Justiça declara King culpado. Ele paga fiança. |
Maio de 1955 | Rosa Parks, que deu início do movimento, perde o emprego que possuía em uma loja de departamentos. |
1/jun/1956 | Procurador do Alabama consegue ordem no Tribunal para que a NAACP, uma entidade de apoio aos negros e contra o racismo, não atue mais no Alabama. |
13/nov/1956 | Supremo Tribunal dos Estados Unidos considera que a segregação no transporte público é ilegal, |
King parecia saber disso. E uma frase escolhida pelo autor mostra exatamente isso. Quando o pastor e líder dos direitos civis nos Estados Unidos se diz despreparado. “Às vezes penso que sou um símbolo bastante despreparado. Mas as pessoas não têm como se devotar a uma grande causa sem encontrar alguém que se torne a personificação daquela causa”, inicia.
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“As pessoas não tem como se devotar ao cristianismo enquanto não encontrarem Cristo, à democracia enquanto não encontrarem Lincon, Jefferson e Roosevelt, ao comunismo enquanto não entrarem Marx, Lênin e Stálin. Sei que essa é uma causa justa e que, estando ligado a ela, estou ligado a um valor transcendente de Justiça”, conclui.
Livro sobre King é biografia clássica
Eig não inventa. Sobretudo a biografia concentra-se menos em seus ancestrais e mais no personagem principal. Passa pela formação inicial acadêmica até a luta pelos direitos civis e a aproximação com o poder.
Assim, tudo de maneira linear. Isso facilita a leitura e a torna mais agradável. Então, aqui cabe dizer que o livro é bastante simples de ler. Não há menções específicas a termos ou referências conhecidas apenas do público norte-americano.
Mas a exceção é o uso do termo Leis Jim Crow. Assim, o leitor precisa interromper o livro e buscar quem foi Jim Crow. Dessa forma, descobre-se que se trata de um personagem de teatro racista. Ele se veste com trapos, sapatos rasgados e que retrata os negros como preguiçosos e que mereceriam viver apartados dos brancos.
Então, o livro mostra que para além de Montgomery, na década de 1950, muitas outras cidades se tornariam cenários icônicos da luta contra o racismo nos Estados Unidos. Albany, Selma, Birmingham e, claro, Washington, onde se deu o discurso “Eu tenho um sonho”.
Personagens secundários e fascinantes na biografia de King
Por fim, o mérito final da biografia é apresentar o desfile de personagens secundários dentro da história do pastor. Isso nos faz querer ler mais a respeito dele.
Assim, aparecem Malcolm X, Stokely Carmichael, que cunhou o termo ‘Black Powe’, James Meredith, o primeiro negro na Universidade do Mississipi. E claro. Em muitos trechos surge a figura de Coretta King, mulher do personagem principal e sua principal referência durante a vida.
Resumindo: livro vale cada página e, ao se chegar perto do fim, o sentimento é de lamentação. Afinal, a leitura está terminando e vai ser difícil – durante algum tempo – encontrar algo melhor para ler.
King, uma vida |
R$ 139,90 (livro físico no site da editora) O autor é Jonathan Eig e a tradução de Denise Bottman |