Marília Mendonça: carreira meteórica e legado para a indústria da música sertaneja

Cantora Marília Mendonça, 26 anos, morreu na tarde desta sexta-feira (5) em uma queda de um avião, no interior de Minas Gerais

A cantora Marília Mendonça, 26 anos, morreu, nesta sexta-feira (5), no ponto mais alto da carreira. Foto: divulgação
A cantora Marília Mendonça, 26 anos, morreu, nesta sexta-feira (5), no ponto mais alto da carreira. Foto: divulgação

A cantora de voz grave e potente Marília Mendonça, 26 anos, morreu na tarde desta sexta-feira (5) em uma queda de um avião de pequeno porte em que ela estava no interior de Minas Gerais. O acidente aconteceu próximo a uma cachoeira localizada na zona rural da cidade de Piedade de Caratinga. Também faleceram no acidente o tio, o produtor, o piloto e o copiloto.

O corpo da cantora deixou o IML (Instituto Médico Legal) de Caratinga (MG) no começo da madrugada deste sábado (6). O velório de Marília será realizado neste sábado, no Ginásio Goiânia Arena, em Goiânia (GO). A cerimônia será aberta ao público das 13h às 16h.

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O enterro contará apenas com a presença de familiares. O governador de estado, Ronaldo Caiado (DEM), indicou que a previsão inicial é que 100 mil pessoas passem pelo local para prestar homenagens.

O filho de Marília com Murilo Huff, o pequeno Leo, de dois anos, está com o cantor sertanejo. A cantora o deixou com o ex-marido para começar sua agenda de shows, que teria inicio neste final de semana.

De Cristianópolis para o Brasil

Marília Mendonça nasceu em Cristianópolis, Goiás, em 22 de julho de 1995 e cresceu na capital Goiânia. Começou na música muito cedo. Aos 12, já era compositora. Ganhou destaque com canções como “Minha Herança”, executada por João Neto & Frederico, e “Troca de calçada”, parceria da artista com Juliano Tchula e Vitor Ferrari. De acordo com o Valor Econômico, ela compôs para intérpretes como Wesley Safadão, Matheus e Kayan, Jorge & Matheus e Cristiano Araújo.

Estreou como cantora em 2016, com um EP que leva seu nome, mas foi com o álbum “Marília Mendonça: Ao Vivo”, de 2016, que ela ganhou fama. Em 2017, lançou o DVD “Realidade”, gravado em Manaus. Em 2018 veio o álbum “Agora é que são elas”, primeira parceria com as amigas Maiara e Maraísa.

No ano seguinte, 2019, foi lançado “Todos os Cantos”, com uma música gravada em cada capital. A obra foi premiada com o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Sertaneja. Depois vieram “Patroas” e “Patroas 35%”. O primeiro concorre na edição deste ano da premiação, na mesma categoria.

Popular entre músicos, Marília gravou ao lado de Gal Costa, Ivete Sangalo, Leo Santana, Luísa Sonza, Tierry, Xamã, Péricles, Henrique & Juliano, Simone e Simaria, Zé Neto e Cristiano, Jorge e Mateus. e o grupo de pagode Menos é Mais.

Os números da carreira exponencial de Marília Mendonça

Poucas horas antes da tragédia em Caratinga, Marília trabalhava na divulgação do clipe de uma nova música, a faixa Fã clube. Para a cantora, o novo sucesso contava uma história marcada pela felicidade – a relação apaixonada com os fãs.

Por meio de sua música, Marília arrebatou o coração de milhões de fãs, como também quebrou paradigmas na música popular brasileira. Ela rompeu a hegemonia masculina da música sertaneja, segmento dominado por duplas há décadas. Ele é precursora do que ficou conhecido como “feminejo”, gênero que valoriza a sentimento feminino.

Suas músicas têm em média 8,3 milhões de ouvintes mensais no Spotify — onde chegou a colocar 34 músicas no Top 200 — e seu canal no YouTube tem 22 milhões de inscritos.

Em 2019 e 2020 Marília foi a cantora mais ouvida do Brasil, e o cachê de seus shows chegava a R$ 2 milhões, de acordo com o site Poder 360. Segundo a Folha de S. Paulo, a cantora foi a mais ouvida também em 2017.

Fenômeno das redes sociais, os perfis da artista têm mais de 39 milhões de seguidores no Instagram, 15 milhões no Facebook e 7,8 milhões no Twitter. Marília quebrou o recorde de público para uma live no YouTube em abril de 2020, no início da pandemia de Covid-19, com mais de 3,3 milhões de espectadores.

Foi nas redes que a cantora deixou sua última mensagem aos fãs, um vídeo gravado ao embarcar no avião para Caratinga.

Músicas inéditas de Marília Mendonça em parcerias

Marília tinha músicas gravadas com diversos artistas, incluindo parcerias internacionais. De acordo com o site PopLine, ela deixou músicas com Ludmilla, Dulce María e Lucas Lucco. O lançamento das faixas ainda é incerto. No começo de outubro, Ludmilla contou aos fãs que gravou uma parceria com Marília para o projeto Numanice 2, onde a funkeira carioca aposta em pagodes e sambas.

Lucas Lucco contou pelo Twitter que gravou um dueto com Marília, e que ela faria uma participação no DVD do artista. “A gente acreditava MUUUUUUUITO.. é sempre falamos que iria ser um tremendo sucesso”, escreveu.

Marília declarou diversas vezes ser fã do grupo mexicano RBD, que se separou em 2008. Há alguns meses, a cantora realizou o sonho de gravar uma música com uma ex-integrante do grupo, a mexicana Dulce María. Durante uma live nesta sexta-feira (5), a ex-RBD contou a novidade.

“Não sei se algum dia vão ouvir a música, porque tenho que respeitar sua partida, sua vida. Não sei se em algum momento poderei lançar. Ela tinha vontade de lançar”, compartilhou Dulce. Segundo o site do Correio Brasiliense, Marília viajaria para o México para gravar um videoclipe para a música.

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