CEO da Caixa garante que não vai faltar crédito imobiliário para a classe média; confira entrevista

Concessões de novos empréstimos no banco cresceram cerca de 30% ante mesma etapa do ano passado

Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Não vai faltar financiamento imobiliário para a classe média na Caixa Econômica Federal, garante o presidente do banco estatal, Carlos Vieira.

Na semana passada, conforme a Inteligência Financeira antecipou, a Caixa anunciou a redução do teto de financiamento com recursos da poupança para compra da casa própria.

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A medida atinge os empréstimos para compra de imóveis com preços acima de R$ 350 mil e até R$ 1,5 milhão. Assim, o empréstimo pagará no máximo 70% do valor do imóvel, ante 80% anteriormente.

“As pessoas não precisam correr até as agências para obter financiamento, não vão faltar recursos”, disse Vieira à Inteligência Financeira.

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Seus comentários chegam no momento em que Caixa, que concede cerca de 70% do crédito para a compra da casa própria no país, procura alternativas para compensar a queda nos recursos da caderneta de poupança, principal fonte de capital para o setor.

Somando os resgates para os anos de 2021 e 2023, os saques líquidos na poupança ultrapassaram R$ 200 bilhões.

Período de
referência
Movimentações na caderneta
de poupança (em R$ bilhões)
2021-35,5
2022-103,2
2023-87,8
2024-11,2
Fonte: Banco Central

Segundo profissionais do mercado, essa tendência deve se prolongar à medida que poupadores buscam alternativas mais rentáveis de investimentos.

De fato, só no mês passado os resgates na poupança superaram R$ 11 bilhões. Isso após o Banco Central (BC) começar um ciclo de aumento da Selic.

Caixa capta recursos com LCIs e planeja FIDCs

E se por um lado essa fonte de recursos vai secando, por outro a demanda por empréstimos não para de bater recordes.

Assim, neste ano, até os primeiros dias de outubro, a Caixa já desembolsou quase todo o recurso que tinha planejado para todo o ano de 2024, considerando o financiamento imobiliário para a classe média.

As concessões de novos empréstimos no banco cresceram cerca de 30% ante mesma etapa do ano passado.

Assim, não resta à Caixa alternativas senão afunilar a concessão de financiamento imobiliário pelo SBPE, o sistema brasileiro de poupança e empréstimo.

Enquanto isso, a Caixa vem captando recursos no mercado de capitais por meio de letra de crédito imobiliário (LCI). O objetivo é compensar a menor oferta de poupança.

Além disso, o banco pretende usar outro instrumento de mercado, o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) para captar recursos para o setor em 2025, contou Vieira. Trata-se de um investimento de renda fixa que aplica em títulos de crédito gerados a partir de contas a receber de uma entidade.

Simultaneamente, o banco vem pleiteando que o Banco Central reduza o volume de depósitos compulsórios. Também como forma de liberar mais dinheiro para habitação.

Para entender
O depósito compulsório é um mecanismo que obriga os bancos a depositarem parte dos depósitos de clientes em uma conta mantida pelo Banco Central.

Prevenção contra aumento da inadimplência

Uma motivação extra da Caixa para conter o ritmo de financiamento imobiliário é o temor de aumento da inadimplência, revelou Vieira.

“O pagamento de um valor maior à vista é bom para o banco e para o tomador”, disse o presidente do banco.

Dois terços da carteira total de crédito de Caixa Econômica, de R$ 1,2 trilhão, são de crédito para compra da casa própria.

Como o próprio imóvel é a garantia desses empréstimos, a Caixa tem um nível de inadimplência muito menor do que os demais bancos comerciais.

No fim de junho, o índice de calotes acima de 90 dias no banco era de 2,2%, de longe a menor do sistema financeiro.

Contudo, a combinação de juros e inflação alta vêm concorrendo para pressionar a renda disponível das famílias.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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