Anbima: investidor sacou R$ 128 bilhões de fundos de investimentos em 2023
Investidores migraram para produtos isentos de imposto de renda, como LCIs e LCAs
Os investidores brasileiros sacaram R$ 127,9 bilhões de fundos de investimento em 2023, segundo dados da Anbima divulgados nesta terça-feira (9).
Foi o segundo ano consecutivo em que os resgates líquidos na indústria de fundos de investimentos no país superaram as aplicações.
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Em 2022, as saídas tinham sido de R$ 129 bilhões.
Por categorias, os fundos de investimentos que registraram os maiores volumes de saídas em 2023 foram os multimercados, com R$ 134,3 bilhões.
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A seguir, a renda fixa perdeu R$ 59,8 bilhões, enquanto os fundos de ações tiveram resgates líquidos de R$ 17 bilhões.
Baixo desempenho dos fundos de investimentos
Esse movimento aconteceu em paralelo ao fraco desempenho médio do setor em termos de rentabilidade.
Segundo o relatório da Anbima, as subcategorias de fundos multimercado tiveram no ano passado rentabilidade da faixa entre 9,1% e 12,8%.
No mesmo período, o CDI, referência para investimentos em renda fixa, evoluiu 13,1%, segundo a própria Anbima.
Já na renda fixa, quem conseguiu superar o CDI foram os de crédito livre (13,6%) e indexados (13,3%).
Enquanto isso, os compostos por títulos soberanos (12,2%) e da subcategoria simples (12,4%) também ficaram abaixo do CDI.
Foi uma situação similar nas carteiras de renda variável, com a maioria das carteiras rendendo menos do que o Ibovespa, que subiu 22,3% em 2023.
Assim, com exceção da subcategoria Ações Livre, com alta média de 23,6%, todos os demais tiveram desempenho inferior ao do índice.
Foram os casos, por exemplo, das carteiras de small caps (14,9%), investimento no exterior (19,3%) e índices (21,7%).
Incentivados
Dessa forma, enquanto os fundos perderam recursos, produtos de investimentos isentos de imposto de renda receberam novas aplicações.
No conjunto, veículos como LCI e CRI (ambos do setor imobiliário), LCA e CRA (agronegócio), além das debêntures incentivadas, tiveram ingresso de R$ 283,9 bilhões em 2023.
Com exceção da poupança (R$ 44,3 bilhões), todos os demais títulos de renda fixa tiveram entrada líquida no ano passado, segundo a Anbima. A métrica a Anbima para a poupança difere da usada pelo Banco Central.
Os CDBs, por exemplo, que são emitidos pelos bancos, tiveram entrada líquida de R$ 119,8 bilhões.
Pessimismo explica performance?
Assim, para o vice-presidente da Anbima, Pedro Rudge, a atratividade dos produtos isentos explica em parte a sangria recente nos fundos de investimentos.
“Talvez isso se mantenha nos primeiros seis meses de 2024”, disse ele a jornalistas nesta terça-feira, explicando que eles oferecem segurança e rentabilidade.
Mas não foi só isso.
Dessa forma, segundo Rudge, as estratégias dos gestores de fundos multimercados foram bastante dificultadas por causa do pessimismo com o cenário para a economia doméstica e internacional.
Para o especialista, com a sequência do ciclo de queda de juros no Brasil, a atratividade por produtos de maior risco deve voltar, beneficiando a demanda por algumas classes de fundos.