PRIVATIZAÇÃO
A Sabesp (SBSP3) está a caminho de se tornar uma gigante mundial do saneamento básico. Essa é a perspectiva da secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Natália Resende, que lidera o processo de desestatização da companhia no governo paulista.
A tese é de que, uma vez sob controle privado, a companhia terá condições de atuar não só nos processos de concessão fora de São Paulo, como até fora do país. A companhia inclusive já contratou BTG Pactual, Bank of America, Citi e UBS BB para coordenarem a oferta de ações, prevista para maio.
Ao final do processo, o governo manterá uma participação de 15% a 30% na empresa, mas mantendo poder de veto em algumas questões.
Com a sanção ao projeto de desestatização, logo após a aprovação pela Assembleia Legislativa, no começo de dezembro, agora começam as negociações com municípios. A adesão maciça das 375 cidades atendidas pela Sabesp é parte vital do sucesso da privatização, que pode ser a maior do país em 2024.
A companhia divulgou neste mês que pretende investir uma média de quase R$ 10 bilhões por ano entre 2024 e 2028. A expectativa do governo é de que essa média dobre com a privatização, liderada por um grande investidor.
Desde a aprovação pelo Congresso Nacional do marco do saneamento, em 2020, governos regionais vêm se movendo para atrair recursos privados para tentar corrigir um déficit histórico do país no setor. De acordo com a consultoria Trata Brasil, cerca de 100 milhões de pessoas no país não têm acesso à coleta de esgoto.
Segundo a Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), o Brasil precisará investir quase R$ 900 bilhões para atingir metas de universalização do marco do saneamento.
Enquanto contrata bancos para o corpo a corpo com investidores e tenta seduzir prefeituras para o projeto, o governo paulista ainda terá de convencer críticos à privatização da companhia. Embora tenha obtido ampla aprovação parlamentar, o projeto ainda tem que vencer uma consulta pública.
Para garantir a aprovação, o governo paulista promete que a água vai ficar mais barata após a privatização da Sabesp. Além disso, propõe estabelecer uma regra que proíba a companhia desestatizada de praticar, em qualquer momento, tarifas superiores às cobradas enquanto estatal.
No Rio de Janeiro, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) detectou queda da poluição das águas e melhora nos índices de balneabilidade nas praias, dois anos após a concessão do serviço ao setor privado.
Entre investidores, o otimismo com a privatização é amplamente majoritário. Segundo o WSJ Markets, 10 de 11 analistas que analisam a companhia recomendam compra das ações. Como reflexo desse quadro, em 2023, o papel da Sabesp acumula valorização de 35% na B3 , enquanto o Ibovespa avançou cerca de 22%.