Especialistas falam sobre o potencial da empresadepois de valorização histórica; confira
AÇÕES
Até 2019, as ações da WEG (WEGE3) pareciam navegar em um mar sem ondas. Os papéis registravam precificação abaixo dos dois dígitos. No quadriênio seguinte, tudo mudou. As ações dispararam, passando de pouco mais de R$ 9 para o pico de quase R$ 45 em meados de 2021.
Antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2023 da Weg, o Itaú BBA já havia apontado uma “desaceleração moderada” em receita e margens da empresa. O banco disse que os resultados tinham vindo “um pouco abaixo” das expectativas, acentuando a queda das ações no ano. Uma surpresa positiva, se houvesse, poderia desencadear uma recuperação de curto prazo, já que a ação está subavaliada. “Porém, este não foi o caso, e os resultados confirmaram a tendência de desaceleração”, avaliou o banco.
A queda no preço das ações se deu por conta de um otimismo exacerbado, disse Alberto Valerio, analista de equity research do UBS BB. “Talvez o mercado estivesse muito otimista e não visualizou esse topo de ciclo em 2023”, avaliou. Valerio explica que chegou o momento da WEG sofrer o ajuste do preço de suas ações com relação à expectativa dos mercados, que estavam muito altas.
“Crescimento é um fator importante no valuation das empresas. Ter crescimento e ao mesmo tempo manter o nível de rentabilidade é ainda mais importante. Outro componente fundamental para avaliação das empresas é o custo de capital, que caiu durante a ascensão da empresa na bolsa. Isso tudo colaborou com a disparada dos papéis”, diz Valerio. “O resultado foi uma super apreciação das ações, com o valuation chegando a 70x preço/lucro”, destaca.
O Itaú BBA diz manter-se “fiel” à classificação anterior que o banco fez da empresa, indicando neutralidade para os papéis. Ou seja, nem compra nem venda.
Com tendências negativas ainda vigorando para a empresa, o Itaú BBA afirma que, ao cobrir a empresa na bolsa, observa três fatores importantes: expectativas de crescimento, previsões de rentabilidade e custo de capital próprio. “Num horizonte de 12 meses, continuamos a observar tendências negativas para todos esses vetores, sem sinais de inflexão futura”, diz o banco.
Para Valerio, do UBS, a WEG é especialista em surpreender o mercado, mas quanto maior ela fica, mais difícil é sustentar crescimentos extraordinários como os registrados anteriormente, como a elevação de 10% na receita em 2019 e de 30% em 2020 e 2021.