ENTREVISTA
Em entrevista exclusiva, Carlos Vieira, presidente-executivo do banco estatal, contou que está negociando com investidores internacionais na oferta de financiamento imobiliário
“Nós tivemos alguns bancos do continente asiático, tivemos conversando especificamente com um país da Europa sobre isso”, disse Vieira.
Segundo o executivo, estão sendo discutidas algumas preocupações dos potenciais investidores, cujos nomes ele declinou de revelar, em especial a proteção contra oscilação cambial. “Resolvidas essas questões cambiais, acho que a gente avança bem”, disse o presidente do banco.
A iniciativa é uma das soluções em discussão na Caixa para tentar cobrir a continuada evasão de recursos da caderneta de poupança, principal fonte de financiamento imobiliário no país. Com a combinação de juros altos e crescente busca do público por produtos alternativos de investimentos, a poupança não para de perder recursos.
Diante disso, em 2023 os resgates na poupança superaram as aplicações em R$ 88 bilhões. Isso, após uma saída líquida de R$ 103 bilhões no ano anterior. No ano passado, a caderneta teve rentabilidade de 8,2%. Enquanto isso, o CDI, que referencia aplicações em títulos públicos, rendeu 12,05%. Com a Selic atualmente em queda, a poupança fica de novo mais atrativa, o que tende a diminuir o volume de saques, sinalizou o executivo.
Desta forma, com menos recursos da poupança, a Caixa tem sido obrigada a buscar outras fontes. O banco recorreu a captações com instrumentos de mercado, como Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Letra Imobiliária Garantida (LIG). Com custo de captação maior, a tendência natural seria também aumentar o custo do crédito para a compra da casa própria. Pelo menos por ora, a Caixa tem preferido não fazer isso.