Protecionismo aumenta inquietações sobre abastecimento global de alimentos

OMC avalia o alerta de que um número crescente de países tem segurando suas colheitas para sua própria população

Foto: Dirceu Portugal/Fotoarena/Agência O Globo
Foto: Dirceu Portugal/Fotoarena/Agência O Globo

A invasão da Ucrânia pela Rússia deflagrou mais uma inquietação global: o protecionismo dos alimentos, com crescente número de países segurando suas colheitas para sua própria população. O tema entrou em cheio na agenda da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Recentemente, o Egito proibiu exportação de farinha, lentilha, trigo e massas. A Rússia tem a suspensão das exportações de fertilizantes e proibição de grãos para alguns países. Moldávia, Hungria, Sérvia proibiram algumas exportações de grãos. A Indonésia, o maior exportador mundial de óleos comestíveis, impôs mais controle sobre vendas do óleo de palma.

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No Comitê de Agricultura da OMC, houve hoje uma preocupação generalizada com aumento de protecionismo no comércio mundial de alimentos e escassez de insumos, como fertilizantes. Nenhum país citou nome de parceiros. Mas vários alertaram que que tudo isso acarretará problemas na segurança alimentar de todos os continentes e que todos sofrerão.

O Egito, líder de países em desenvolvimento importadores líquidos de alimentos, mostrou-se especialmente inquieto. Disse que vai faltar comida no país e que a OMC precisa adotar medidas para proteger a segurança alimentar dos países em desenvolvimento altamente dependentes das importações.

A Ucrânia, cada vez mais bombardeada, acusou a Rússia de ter fechado o acesso aos portos e de estar destruindo sua infraestrutura agrícola, de maquinários à produção. Ou seja, as restrições a exportação se justificam ainda mais nesse caso, para o país garantir que tudo o que resta das colheitas seja destinado ao mercado doméstico. EUA, Canadá e vários outros países manifestaram compreensão.

Já a Rússia usou sua tática tradicional de reclamar que não se deve fazer referência na OMC à guerra na Ucrânia, e deixar o tema para o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ao mesmo tempo, Moscou divulgou na entidade global um documento acusando os aliados ocidentais de violações diretas das regras básicas da OMC ao retirarem as concessões comerciais para a Rússia.

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Para Moscou, isso vai ter forte pressão sobre o fornecimento global e nas cadeias de valor, que ainda são frágeis após a pandemia. Para os russos, as sanções impostas contra o regime de Vladimir Putin têm consequências imediatas com restrições comerciais e econômicas, como aumento dos preços para os produtos básicos, recursos energéticos, minerais e alimentos, e que comprometem a segurança alimentar global.

O que a Rússia não mencionou foi que os aliados assumem que romperam com as regras de não discriminação, mas com base num artigo sobre segurança nacional que está previsto no próprio acordo da OMC.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico

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