Pela primeira vez, desde o início do atual ciclo de alta da taxa básica de juros, os diretores do Banco Central admitem uma possível queda da Selic.
A ata da última reunião do colegiado mostra que os técnicos consideram as chances de voltar a estimular a economia com a redução da Selic.
No documento, os diretores do BC destacam que a Selic só deve recuar se for mantida a atual tendência de queda na taxa de inflação. Essa opinião, apesar de “predominante”, divide uma parte do colegiado.
Parte dos diretores se mostra mais cético em relação ao atual processo de queda de preços. Segundo o texto, eles não acreditam na consistência dessa redução.
O documento ressalta que o ambiente externo ainda apresenta adversidades, apesar da redução do estresse nos mercados financeiros internacionais. O bancos centrais das principais economias continuam empenhados em combater a inflação. Isso pode afetar países emergentes, como o Brasil.
Na análise de riscos, o Copom destaca que a conjuntura internacional está um pouco mais favorável para o Brasil, mas que outros fatores devem manter as pressões inflacionárias por mais tempo.
No cenário doméstico, a ata destaca que os indicadores apontam para uma desaceleração gradual da economia. O PIB do 1º trimestre de 2023 surpreendeu positivamente, impulsionado pelo agropecuário, mas com menor dinamismo em outros setores mais cíclicos.
O Copom avalia que a tramitação do arcabouço fiscal reduz substancialmente a incerteza sobre o risco fiscal. No entanto, desafios ainda persistem para o cumprimento das metas estipuladas para o resultado primário.
Em relação à inflação, o Copom aponta que há riscos tanto para alta quanto para baixa. Entre os riscos de alta estão a persistência das pressões inflacionárias globais, a incerteza sobre o arcabouço fiscal e a desancoragem das expectativas de inflação.
Diante desse cenário, o Copom ressalta a importância de manter a atenção e a cautela na condução da política monetária. O Comitê destaca que é necessário acompanhar de perto a evolução dos diferentes riscos para garantir a estabilidade de preços e o controle da inflação.