Quem ainda não entrou na bolsa, pode ter perdido parte importante da valorização, reflete especialista.
“Quem ainda não entrou no Ibovespa, pode já ter perdido uma parte importante da sua valorização nesse ciclo da economia”, diz o investidor Felipe Arslan, acostumado a prever cenário com pelo menos seis meses de antecedência.
Em um momento em que boa parte dos relatórios especializados incentivam o investidor aos ativos de risco, as preocupações de Arslan encontram eco nas estratégias de investidores institucionais, que são os profissionais que operam no mercado financeiro em grande escala.
Eles seguem uma lógica pouco comentada: a de que, quando uma dica começa a ser distribuída, é sinal de que os profissionais do ramo já ganharam quase tudo o que podiam com ela antes. “A gente sempre chega na frente”, diz Arslan.
Quando a economia dá sinais de melhoras e o Banco Central (BC) ameaça cortar os juros, os relatórios feitos para o pequeno investidor incentivam o aporte de risco, colocando os ativos da bolsa de valores em evidência.
Como consequência de tudo isso, praticamente todas as instituições financeiras revisaram as projeções para o desempenho da B3 no ano. Na pior das hipóteses, as projeções apontam para uma valorização do Ibovespa na casa 20% neste ano.
Nohad Harati, do family office Harati Participações, diz que o desafio para quem quer se apropriar de algum ganho neste momento é o de mirar corretamente nos setores-chaves do crescimento esperado. E comprar as ações o quanto antes.
Gisele Colombo de Andrade, da Saroh, desconsidera o momento da economia e mira sempre no longo prazo: “Estuda as empresas, cria uma convicção e compra as ações das empresas que considera relevantes ao longo dos anos”.
Outra estratégia se assemelha à dinâmica do trader, que é de buscar pechinchas para vender mais caro depois. É nesse segundo caso que alguns gestores fazem suas apostas neste momento.
A gestora Átmo comunica seus clientes sobre os setores em que está aportando, considerando as oportunidades a médio e longo prazos. A tendência atual entre os investimentos é de apostar no crescimento do país e, sobretudo, no apetite de compra das classes média e média-alta.
A estrela neste momento, é a Equatorial Energia (EQTL3). Em maio, a Átmos reportou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que cerca de 17% de sua posição em ações eram de papeis da companhia de energia. A estratégia é seguida por outros fundos de ações.
Com a imagem castigada pelo rombo contábil da Americanas (AMER3) e pelos prejuízos em série da Lojas Marisa (AMAR3), o varejo é um dos motivos para os investidores institucionais estarem tão animados com o segmento de consumo. A preferida do nicho é o Soma (SOMA3), o maior grupo de moda do Brasil.
Outra empresa da área de consumo que hoje ocupa participação relevante dos portfólios é a Natura (NTCO3). “A empresa tem também uma preocupação com governança e meio ambiente”, afirma Marcos Olmos, sócio da VOX Capital. Ele explica que a preocupação social, na prática, se traduz em um desempenho mais linear dos ativos.
Também há um bom olhar para as empresas da área financeira. As instituições são vistas como uma proteção ao portfólio, já que seguram uma capacidade de geração de receita independentemente do momento econômico. Nesse mercado, Itausa (ITSA4) tem sido visto como um ativo promissor, porque é mais barato do que a ação pura do Itaú-Unibanco, a ITUB4.