Vale a pena investir na Petrobras (PETR4) mesmo sem dividendos extraordinários?

RENDA VARIÁVEL

Os dividendos extraordinários da Petrobras (PETR4) estão em xeque diante da troca de comando na estatal. Mas o que pode acontecer daqui para frente? Vale a pena ter as ações na carteira mesmo sem os proventos adicionais?

Analistas consultado pela Inteligência Financeira não esperam, pelo menos em um primeiro momento, grandes mudanças na gestão da estatal. O que não significa que não existe risco político adiante. O ponto nevrálgico é o próximo plano de investimentos da Petrobras.

Então, os dividendos extraordinários da Petrobras podem acabar? A perspectiva não é consensual dentro do mercado financeiro. Alguns analistas, enquanto avaliam que podem haver mudanças na política de distribuição de proventos a partir de 2025, afirmam ao mesmo tempo que o governo federal enfrenta desafios fiscais que podem requerer distribuições extras de estatais.

É o caso da Petrobras, afirma Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. Apesar da troca de comando, a Ativa manteve recomendação de alocação de 10% da carteira de clientes nas ações da Petrobras. E, mesmo com a retenção do dividendo extraordinário, as ações ON e PN da estatal permaneceram no portfólio de dividendos da corretora.

Onde uma eventual mudança pode ocorrer no curto prazo é na frequência de distribuição dos dividendos, ordinários ou extraordinários. Essa é a avaliação de Bruno Benassi, da Monte Bravo. Se a Petrobras vinha pagando trimestralmente a acionistas, é esperado que ela diminua o ritmo e faça repasses a cada seis meses, por exemplo. “O que a Petrobras pode fazer é acelerar programa de recompra de ações. Não deixa de ser uma maneira de remunerar.”

Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos, aponta que a Petrobras pode focar mais em aquisições daqui para frente. “Ou seja, veríamos o Capex da empresa aumentando, o que pode impactar os dividendos”. Em outras palavras, explica o especialista, é menos caixa para distribuir com mais investimentos a fazer.

O mercado mantém sua previsão de início de ano de que a Petrobras deve pagar 10% do preço da ação em dividendos até dezembro. Alguns analistas explicam que os dividendos extraordinários acrescentam 1,5% sobre as ações. “Mesmo com dúvidas, o yield a ser distribuído em 2024 será superior a 10%”, diz Ilan Arbetman, da Ativa.

Em suas projeções, a Petrobras deve pagar um dividend yield de 13,60% em dividendos ordinários e mais 1,5% em dividendos extraordinários. “Com o preço da ação hoje a mais ou menos R$ 40, um yield equivalente a R$ 4 é difícil de bater no mercado”, aponta Arbetman.

“Tranquilamente a Petrobras deve pagar um yield superior a 10%”, faz coro Rafael Schmidt, da One Investimentos. A avaliação dele é de que a política de dividendos da Petrobras “não deve sofrer tanta alteração quanto imaginávamos”. Porque o principal beneficiado é a União, que detém 28% do capital da petroleira.