A Inteligência Financeira explica o que derrubou alguns títulos enquanto outros renderam quase 20% ao mês.
INVESTIMENTOS
O Tesouro Direto é uma das modalidades mais conhecidas e utilizadas de renda fixa, de investir com segurança de acordo com uma rentabilidade pré-definida no momento da aplicação.
Ao investir em títulos públicos, você na prática empresta um valor ao governo, que te devolve pagando juros num prazo determinado. Entre as opções disponíveis estão títulos indexados à taxa Selic, ao IPCA ou a uma taxa pré-fixada.
Quando você opta pelo Tesouro IPCA+ ou pelo Tesouro Prefixado, está sujeito à marcação a mercado. Isso significa que os preços dos títulos mudam a cada dia e, se quiser revender, vai receber o valor de mercado do título, independentemente da rentabilidade contratada.
“Se você mantiver o título até o vencimento, vai receber aquela taxa que foi combinada. Se valorizar e você resgatar antes, você vai ter um rendimento. Mas se caiu e você precisar revender, você vai tirar menos dinheiro do que colocou”, diz explica Victor Beyruti.
Esse é um fator que pode te levar tanto a rentabilidades altas, acima de 20% em um ano, quanto a perder dinheiro.
De acordo com o último balanço do Tesouro Direto, 6 títulos disponíveis à venda valorizaram mais de 20% no último ano. No entanto, os dados merecem ser olhados com cuidado. Afinal, a variação de mercado no passado não é garantia alguma de valorização futura.
“Não é incomum você ter uma oscilação tão grande dos títulos, mas é algo muito difícil de capturar”, afirma Laís Costa. Os títulos podem valorizar 20% ou mais em um ano, mas não existem títulos do Tesouro Direto com uma taxa de rendimento de mais de 20%.
Quando emite títulos da sua dívida, o governo estipula uma taxa para o rendimento daquele valor que acompanha o rumo do mercado. Quanto mais altas são as expectativas para os juros e a inflação, mais caro o governo se dispõe a pagar para quem aceitar lhe emprestar dinheiro.
“A Selic estava muito alta e a perspectiva de inflação também estava alta, com a perspectiva de um governo que gastasse mais. Mas você teve uma melhora do risco fiscal, com a aprovação do arcabouço, e o arrefecimento da inflação”, explica Victor Beyruti.
“O Copom indicou novos cortes de 0,50 p.p., mas isso o mercado já precificou, já está considerado no preço atual. Para você ganhar dinheiro, o Copom precisaria acelerar mais do que isso”, diz Victor Beyruti.
Vale observar que parte dos títulos que tiveram altas em 12 meses observaram quedas no último mês registrado no balanço. É o caso do Tesouro IPCA+ Juros Semestrais 2055, que subiu 21,09% em 12 meses, mas caiu 0,11% em 30 dias, o que demonstra a volatilidade.
Victor Beyruti explica que se o título perder valor, a melhor indicação é evitar vendê-lo. Mesmo que o título veja uma desvalorização: “Se eu segurar até o vencimento, eu nunca vou perder dinheiro”.
O Tesouro Selic rende a taxa básica de juros mais um pequeno percentual. A taxa atual do Tesouro Selic 2026 é soma dos juros (hoje em 12,75%) + 0,04% ao ano. Portanto, rendimento estimado em 12,79% ao ano. Da mesma maneira, o título com vencimento em 2029 paga a Selic + 0,16 a.a. Portanto, cerca de 12,91% ao ano.
O Tesouro Prefixado tem uma opção com vencimento em 2026 e rentabilidade de 10,30% ao ano e outra com término em 2029 e rendimento de 11,12%. Por fim, há uma opção com o pagamento de juros ao longo do investimento e não apenas ao final, os cupons semestrais. Nesse caso, há um título com vencimento em 2033 e rentabilidade de 11,37%.
Os títulos IPCA+ atualmente disponíveis oferecem um prêmio acima da inflação que vai de 5,36% a 5,75%. Portanto, estamos falando de taxas de rendimento de aproximadamente 9,97% até 10,36% ao ano. Vale lembrar que a meta de inflação perseguida pelo governo para o próximo ano é de 3% a.a., que, se alcançada, reduzirá o potencial de rentabilidade.