Carnaval 2024: como as rainhas de bateria cuidam das finanças

INVESTIMENTOS

As rainhas de bateria são personagens importantes do carnaval. E muitas delas têm como principal e única profissão a dança.  Por isso, nem sempre é fácil manter as economias em dia. A Inteligência Financeira conversou com algumas sambistas de escolas do Rio e de São Paulo que contaram sobre suas rotinas financeiras e se conseguem, ou não, realizar algum tipo de aplicação.

Aos 13 anos, Bianca Monteiro, hoje com 34, chegou à quadra da Portela para ser passista. Mas o sonho era outro: ser rainha de bateria. Em 2017, Bianca foi coroada e segue à frente da batucada desde então. “É uma profissão de altos e baixos. Tem épocas que entra uma boa grana, como também tem momentos que recebo o suficiente para pagar minhas contas”.

Bianca Monteiro - Portela

Bianca Monteiro diz que usa de alguns artifícios para conseguir juntar dinheiro. “Depois do Carnaval, geralmente, a gente viaja pra fora do país para fazer algumas apresentações. E aí, eu acabo trazendo um pouco de dólar e guardo a moeda para quando precisar fazer câmbio, por exemplo, ou usar em outra viagem”.

Estratégias para juntar dinheiro

Além de sambista, Bianca Monteiro também trabalha em eventos para conseguir complementar a renda. “Quando eu faço algum trabalho grande, deixo esse dinheiro guardado no banco, investido na poupança. Mesmo com os altos e baixos da profissão, eu tento ter sempre um dinheiro guardado para fazer algo no futuro”.

Eventos trazem renda extra

De acordo com a sambista, muitas pessoas acreditam que as rainhas de bateria são ricas, mas não é bem assim. “As empresas também precisam olhar para gente não só durante o Carnaval, como também em outras épocas, para fazer campanhas publicitárias, por exemplo”, argumenta.

Rainhas de bateria são ricas?

Em um ensaio da escola de samba Inocentes de Belford Roxo, em 2008, Sávia Davi, de 35 anos, conheceu uma diretora da Beija-flor que a levou para a quadra da tradicional escola. “Quando cheguei na Beija-flor, conheci o Laíla, diretor de Carnaval, que imediatamente disse que eu iria desfilar pela escola”.

Sávia Davi – Unidos de Vila Maria

Sávia cresceu dentro do samba até receber o convite para ser rainha de bateria da Unidos de Vila Maria, em São Paulo, no ano de 2018. “Eu sou formada em educação física e direito e atualmente tenho sete lofts, sendo seis em Copacabana e um em São Paulo, que alugo por temporada”.

Longo caminho no samba

É com o dinheiro de sua empresa que Sávia Davi cuida das despesas pessoais. “As contas da casa e de meus dois filhos ficam com meu marido, o que, eu sei, é bem diferente da realidade da maioria das mulheres por aí. Tenho essa consciência de privilégio”.

Empresa paga despesas pessoais

Sávia Davi tem uma carteira de investimentos diversificada. Parte da aplicação está em renda fixa e outra parte fica alocada em renda variável. Para isso, conta com uma assessoria financeira. “Eu vou lá de seis em seis meses para saber como estão meus rendimentos. Afinal de contas, são aplicações em tecnologia, CD, criptomoedas”.

Entre a renda fixa e a variável

Sávia não se preocupava em investir dinheiro até a chegada de seu 2º filho, Lorenzo, de 9 anos. “Eu comecei a perceber que a educação é muito cara. Além disso, gostaria que os dois (Sávia também é mãe da Laura, 10) fizessem a graduação deles fora do país. Então, fiquei pensando como que eu faria isto acontecer”.

Maternidade e finanças

Quitéria Chagas, de 41 anos, afirma que é muito difícil ganhar dinheiro como rainha de bateria. “Nós somos para a escola de samba um produto em potencial. Somos as mulheres da mídia, mas o mercado publicitário não nos enxerga”.

Quitéria Chagas - Império Serrano

A dançarina, que é casada e mora na Itália, diz que todos os gastos com o Carnaval saem do bolso de sua família. “O dinheiro vem do patrimônio do meu marido, que tem o salário dele. Mas eu, claro, como mulher empoderada e profissional, quero ser reconhecida e ganhar dinheiro pelo meu trabalho”.

Dinheiro para o Carnaval vem da família

Quitéria Chagas faz uma conta por cima e diz que uma fantasia pode chegar a R$ 30 mil. “O deslocamento da Itália até o Brasil fica em torno de R$ 8 mil. Neste caso, por exemplo, seria muito importante ter um contrato com uma companhia aérea para realizar este deslocamento, mas nunca consegui”.

Gastos passam dos R$ 30 mil

Quitéria conta que, infelizmente, não é possível investir. “Sabe quantos contratos eu consegui este ano? Nenhum! Inclusive, eu prefiro nem olhar a fatura do meu cartão de crédito neste momento”.

É possível investir?

Mesmo com quase 340 mil seguidores nas redes sociais, Quitéria conta que é muito difícil fechar algum tipo de publicidade. “O que as empresas querem é fazer permuta, mas ninguém sobrevive só disso, não é mesmo?”.

Em busca de contratos

Vanessa Alves, de 40 anos, começou a participar dos desfiles da Águia de Ouro em 2017. Ano, inclusive, que ela foi convidada a representar a agremiação no concurso Musa do Carnaval de São Paulo, no programa Caldeirão do Huck. “Venci o concurso e fui a última musa eleita no programa”.

Vanessa Alves - Águia de Ouro

Assim como Sávia, Vanessa também não trabalha com o Carnaval. Ela é nutricionista e coordena uma Unidade Básica de Saúde (UBS), em Indaiatuba, no interior de São Paulo, onde mora. “Eu arco com todas as despesas de deslocamento entre uma cidade e outra. Então, tenho gasolina, pedágio, hospedagem todos os fins de semana e mais o figurino”.

Trabalho em UBS banca o carnaval

Muito cuidadosa com as finanças, Vanessa consegue aplicar parte do seu dinheiro em uma carteira de investimentos bem diversificada. “Invisto em ações e fundos imobiliários. E a reserva de emergência em RDB (Recibo de Depósito Bancário) – produto muito parecido com o CDB – aplicação com rendimento de 100% do CDI e liquidez diária, o que me permite resgatar rapidamente”.

Rainha de bateria, rainha das finanças

Toda essa diversificação de ativos financeiros tem um objetivo: “garantir uma aposentadoria tranquila e segura, além da tradicional que a maioria de nossa população já conhece, que é o INSS/Previdência privada”.

De olho na aposentadoria

Vanessa Alves conta que tem a ajuda de seu amigo e assessor pessoal para investir. Ela diz que também aprende bastante com ele sobre educação financeira. “Acredito que o imediatismo é o inimigo da vida financeira saudável, inimigo da liberdade financeir

Aprender é essencial