Cenário de Ibovespa acima dos 110 mil pontos perde espaço entre gestores

Nova rodada de pesquisa do Bank of America consultou 31 agentes com US$ 47 bilhões sob gestão

O mercado voltou a ficar pessimista com a performance do Ibovespa em 2022, entendendo que incertezas externas, eleições e riscos fiscais ainda devem impactar os negócios, dizem gestores de 31 fundos latino-americanos, com aproximadamente US$ 47 bilhões sob gestão, ao Bank of America, na edição de julho do “LatAm Fund Manager Survey”.

Segundo a pesquisa, dois terços dos agentes entrevistados acreditam que o principal índice brasileiro deve ficar entre os 95 mil pontos e os 110 mil pontos até o final de 2022, enquanto a maioria apontava para um intervalo entre os 110 mil pontos e os 130 mil pontos na pesquisa do mês passado.

Os principais riscos citados pelos profissionais são: avanço dos juros nos Estados Unidos, desaceleração da economia americana, China e commodities, política latino-americana e o fortalecimento do dólar. Especificamente em relação ao Brasil, a maioria dos participantes também está preocupada com a atual situação fiscal do país.

“As discussões eleitorais estão esquentando no Brasil, com os dois principais candidatos do pleito falando sobre mudanças no teto de gastos. 40% dos investidores consultados afirmaram que devem se preocupar com possíveis problemas fiscais após as eleições, enquanto 45% já estão preocupados com a situação no curto prazo. A maioria espera que o mercado reaja às pesquisas eleitorais”, aponta o documento.

Com isso, os níveis de caixa permanecem próximos às máximas da pesquisa (iniciada em 2018) em 6,8%, mantendo o patamar do mês passado e rodando consideravelmente acima dos 4,5% da média histórica. Os níveis de proteção passaram a estar ligeiramente abaixo da média histórica, assim como a tomada de risco. Em termos setoriais, os agentes estão “overweight” nos setores financeiro, de energia e de bens de consumo; e “underweight” em materiais, consumo discricionário e serviços de comunicação.

Já no ambiente macro, 77% dizem que o crescimento do PIB do Brasil deve ser maior que 1% este ano, contra 81% no mês passado. As expectativas para a Selic avançaram, com 61% esperando uma taxa entre 13,5% e 13,75% no final do ano e mais 30% enxergando que o juro básico fique entre 14% e 14,75% no período. Em relação ao real, agentes esperam cotação entre R$ 5,11 e R$ 5,70 ao fim de 2022. E 71% esperam um dólar mais forte em relação aos pares (contra 35% no mês passado).