Rússia e Ucrânia sinalizam avanços nas negociações sobre a guerra

Os dois países estariam perto de chegar a um acordo sobre alguns pontos específicos para encerrar o conflito

Representantes de Rússia e Ucrânia indicaram nesta quarta-feira que houve avanços significativos nas negociações para encerrar a guerra iniciada por Vladimir Putin há 21 dias.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou hoje que os dois países estão perto de chegar a um acordo sobre alguns pontos específicos, entre eles garantias de segurança para Moscou e o status de neutralidade da Ucrânia.

As declarações foram feitas pouco depois de o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ter afirmado que as conversas com a Rússia para encerrar a guerra começaram a “soar mais realistas”, embora continuem difíceis.

“Todas as guerras terminam em acordos… Como me disseram, as posições nas negociações parecem mais realistas”, disse ele em um discurso gravado em vídeo. “No entanto, ainda é necessário tempo para que as decisões sejam do interesse da Ucrânia.”

Já Lavrov afirmou que Zelensky está agora fazendo uma “avaliação realista do que está acontecendo” e indicou que os negociadores russos estão cautelosamente otimistas sobre a possibilidade de um acordo.

“[Nossos representantes] dizem que as negociações são difíceis, por razões óbvias, mas, mesmo assim, há uma certa esperança de chegar a um acordo”, disse o chanceler russo em uma entrevista. “Alguns membros da delegação ucraniana estão fazendo a mesma avaliação.”

Em paralelo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, indicou que a Rússia poderia aceitar que a Ucrânia mantivesse seu Exército e assumisse um status de neutralidade, como fazem atualmente Áustria e Suécia. Até então, Moscou exigia a desmilitarização ucraniana.

Os sinais positivos foram dados após Zelensky ter admitido, de maneira mais explícita do que em ocasiões anteriores, de que a Ucrânia deve renunciar à pretensão de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar ocidental. Esta é uma das principais exigências da Rússia para desistir da invasão do país vizinho.

A Rússia também quer que a Ucrânia reconheça a independência de duas áreas controladas por separatistas pró-Moscou no leste do país e a soberania russa sobre a península da Crimeia, anexada em 2014.

Apesar dos sinais de avanço nas negociações, os combates entre tropas russas e ucranianas continuam. Moscou segue tentando cercar Kiev, a capital do país, e a bombardear outras cidades. Mais de 3 milhões de pessoas já fugiram da Ucrânia desde o início do conflito, segundo a ONU.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico