Lira diz que é preciso ‘discutir algumas situações em Brasília’ para manter dólar abaixo de R$ 5

Presidente da Câmara, no entanto, não detalhou as medidas que acredita que devem ser adotadas

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na quinta-feira que precisa discutir “algumas situações em Brasília” para evitar que o dólar ultrapasse de novo a cotação de R$ 5 e que, para ele, o ideal é que a moeda americana fique abaixo desse patamar para não pressionar ainda mais a inflação no país.

Lira participou de evento no Conselho de Federações Empresariais de Santa Catarina para falar sobre o ano legislativo e defendeu uma agenda de reformas, mas admitiu que parte delas, como a administrativa, é difícil no ano eleitoral. Ele cobrou que os empresários que não se manifestaram a favor da reforma e que passem a atuar mais.

Sobre o dólar, Lira não detalhou as medidas que acredita que devem ser adotadas, mas defendeu uma ação para que a moeda estanque a subida. “O dólar sobe de novo, sofre pressão exterior, e a gente tem que discutir algumas situações em Brasília para controlar essa situação e não sair de novo da casa de R$ 5. Tem que ser ali de R$ 5 para baixo”, disse.

Ele elogiou a ação do Banco Central brasileiro, “que saiu na frente ao aumentar o juros e atrair o capital externo para o Brasil”, mas ressaltou que outras conjunturas globais fizeram com que a moeda voltasse a subir esta semana. Se o dólar continuar subindo, destacou, a população sofrerá com uma inflação maior e combater isso é uma das metas da Câmara para o ano.

Outra meta, afirmou, é reduzir o desemprego, e serão tomadas medidas para “otimizar a economia”. Ele defendeu ainda medidas aprovadas na sua gestão, como a mudança nas regras de liberação de agrotóxicos e a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, e se queixou de precisar perder tempo respondendo sobre a prisão de parlamentares ou se haverá eleições ou não.

Segundo o presidente da Câmara, uma nova negociação está em curso para tentar aprovar um programa de refinanciamento tributário (Refis) este ano. O Senado aprovou uma versão do projeto no ano passado, mas que foi ampla demais, segundo ele, e a Câmara não conseguiu votar em dezembro por causa dessas divergências com o governo.

Lira vinha trabalhando para incluir uma versão do Refis na medida provisória (MP) 1090, que renegocia dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), mas nesta quinta-feira afirmou que nessa medida deve entrar apenas o “aprimoramento” de regras para a transação tributária (negociação direta entre o devedor e a Procuradoria-Geral da Fazenda para conceder descontos de acordo com a capacidade do pagador de quitar a dívida).

O Refis, afirmou Lira, pode vir na reforma do Imposto de Renda, o que está em negociação com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Junto com a cobrança de imposto sobre os dividendos das empresas, os senadores incluiriam regras para parcelar a dívida das empresas que tiveram prejuízo com a pandemia.

A intenção seria votar a reforma do Imposto de Renda junto com o Refis no Senado e as modificações na Câmara até 1º de junho, disse. O prazo também valeria para as mudanças na transação tributária, que entrarão dentro da MP 1090.