Governo pede para Petrobras segurar reajustes no diesel e na gasolina, diz jornal

O Valor apurou que houve uma reunião entre o presidente da companhia, José Mauro Coelho, e o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida

A pressão por reajustes nos combustíveis, nas refinarias da Petrobras, se mantém à medida em que não cede a defasagem nos preços da gasolina e do diesel em relação às cotações internacionais.

Mesmo assim, permanece indefinido o cenário para um aumento nos preços dos combustíveis nos próximos dias.

O Valor apurou que houve pedido do governo para que a Petrobras espere mais um pouco para reajustar o diesel e a gasolina enquanto não se define a questão de limitar em 17% a alíquota de ICMS sobre os combustíveis, energia elétrica, serviços de telecomunicações e transporte público, em discussão no Congresso Nacional.

Estimativas de mercado indicam que o diesel estaria sendo vendido, nas refinarias da Petrobras, 18% abaixo da paridade internacional enquanto a gasolina estaria com o preço 20% defasado.

Segurar os preços tornou-se estratégico para o governo dada a alta da inflação e o calendário eleitoral.

O Valor apurou que houve uma reunião, ontem, entre o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, e o ministro de Minas e Energia (MME), Adolfo Sachsida, em Brasília. Também participou da reunião o presidente do conselho de administração da Petrobras, Marcio Weber. O encontro discutiu o reajuste dos combustíveis, mas foi inconclusivo.

A Petrobras estaria pronta, desde ontem, para aplicar reajustes que recomporiam parte da defasagem no diesel e na gasolina nas refinarias, mas resolveu esperar depois do pedido de interlocutores do governo, apurou o Valor.

Há que entenda a que é baixa a probabilidade de a Petrobras segurar um reajuste a curtíssimo prazo, embora a pressão política possa adiá-lo por uns dias. O feriado de Corpus Christi, na quinta, poderia ajudar o governo nessa estratégia.

De acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço da gasolina comum nos postos de combustíveis da região Sudeste situou-se em R$ 7,160 por litro, em média, na semana de 5 a 11 de junho. No diesel, o preço médio na região foi de R$ 6,794 por litro no mesmo período.

Ao mesmo tempo, o processo de escolha dos novos indicados da União ao conselho da Petrobras continua em compasso de espera.

As documentações dos indicados ainda não foram todas envidadas para análise pelo Comitê de Elegibilidade (Celeg), ligado ao Comitê de Pessoas (Cope), que se encarrega de avaliar a conformidade dos candidatos aos regramentos internos da empresa e da Lei das Estatais.

A troca na alta administração da Petrobras é parte da estratégia do governo de tentar controlar os preços dos combustíveis.