Tsunami bolsonarista no Senado e o ocaso do PSDB

Na corrida presidencial, ex-presidente e presidente voltam a se enfrentar nas urnas no dia 30 de outubro

A eleição presidencial de 2022 terá um segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Pouco depois das 23h (horário de Brasília), com 100% das seções eleitorais totalizadas, o petista contava 48,33% dos votos válidos, contra 43,29% do atual presidente da República, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Leia matéria completa aqui.

Neste domingo, JOTA, em parceria com a Inteligência Financeira, transmitiram o GPS Eleitoral, live que trouxe as principais notícias e análises do primeiro turno das eleições 2022. Confira.

A transmissão foi comandada por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA, Bárbara Baião, analista de Congresso, e Iago Bolívar, consultor digital do JOTA.

Recado das urnas: Tsunami bolsonarista no Senado e o ocaso do PSDB

1. Segundo turno difícil para Lula

Diferentemente do que as pesquisas pré-primeiro turno mostraram, a diferença entre Lula e Bolsonaro foram inferiores a 5 p.p. Segundo Fabio Zambeli, analista do Jota, o resultado do primeiro turno deve fortalecer a campanha de Bolsonaro, dando munição às críticas do presidente aos institutos de pesquisa. Além disso, o resultado da eleição para o governo do estado de SP, que teve como destaque o desempenho do candidato bolsonarista surpreendeu. Em São Paulo, Tarcísio e Haddad chegam ao 2º turno em São Paulo e impõem derrota histórica ao PSDB. Também em SP, Bolsonaro conseguiu viabilizar a vitória do ministro Marcos Pontes ao Senado.

2. Tsunami bolsonarista no Senado

A apuração que o Congresso está apontando para um Senado muito mais bolsonarista e também uma presença grande de aliados do atual presidente na Câmara, o que pode se tornar uma barreira de contenção às propostas da esquerda.

“Isso complica muito o cenário para um governo petista. Vai dificultar muito a negociação e pode colocar no horizonte do PT barreiras que impeçam a revogação do teto de gastos”, diz Fabio Graner, analista de economia do JOTA em Brasília.

Se Bolsonaro for eleito, o ambiente deve ser mais favorável, diz Graner. “Ele vai fazer os ajustes que está planejando. Fica mais fácil de construir a continuidade do Auxílio Brasil, e até achar fontes de financiamento vai ficar mais fácil”, avalia. (Raphael Coraccini)

Veja alguns dos candidatos bolsonaristas que provaram sua força nas urnas e se elegeram hoje para o Senado.

Tereza Cristina

A deputada federal Tereza Cristina (PP) foi eleita senadora por Mato Grosso do Sul, neste domingo (2), com 60% dos votos válidos, o que representa mais de 788 mil votos. O resultado foi divulgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) às 18h40, com 95% das urnas apuradas.

Marcos Pontes

Marcos Pontes, candidato a senador de São Paulo pelo partido do atual presidente Bolsonaro, partido Liberal, vence no estado com mais de 3 milhões de votos válidos.

Hamilton Mourão

Hamilton Mourão está eleito para a única vaga de senador no Estado disputada este ano, com pouco mais de 96% das urnas apuradas no Rio Grande do Sul. O candidato do Republicanos vai fazendo 44,33% dos votos válidos, e não pode mais ser alcançado. Atrás dele estão Olívio Dutra (PT), com 37,63%, e Ana Amélia Lemos (PSD), com 16,44% dos votos. O resultado até aqui surpreende em relação ao que diziam as pesquisas eleitorais, que apontavam para eleição do candidato petista nas urnas.

Damares Alves

A ex-ministra Damares Alves (Republicanos)  venceu a disputa ao Senado pelo Distrito Federal. Ela estava concorrendo com a ex-secretária Flávia Arruda (PL).

Magno Malta

Magno Malta (PL) foi eleito para representar o Espírito Santo no Senado Federal, em seu retorno à Casa após uma disputa apertada com a candidata apoiada pelo PT, Rose de Freitas (MDB), que tentava a reeleição.

Jorge Seif

Ex-secretário de Bolsonaro, Jorge Seif (PL) é eleito senador. O empresário, ex-secretário da pesca do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi eleito senador por Santa Catarina.

3. O fiasco do PSDB em SP e MG

Em São Paulo, Tarcísio e Haddad chegam ao 2º turno em São Paulo e impõem derrota histórica ao PSDB. Com 83% das urnas apuradas, às 20h30, candidato bolsonarista tem 42,64% dos votos e deve terminar na frente, projeta Datafolha.

O resultado impõe uma derrota inédita ao PSDB do atual governador, Rodrigo Garcia, 48, que terminou em terceiro, e compromete o futuro da sigla.

Desde 1994, os tucanos vinham vencendo as eleições paulistas –inclusive no primeiro turno em 2006, 2010 e 2014. Segundo aliados, Rodrigo não deve declarar apoio formal a nenhum dos adversários no segundo turno.

Minas Gerais

O resultado das urnas em Minas Gerais marca o pior desempenho do PSDB em eleições desde a redemocratização. Os tucanos perderam no Estado, um conhecido reduto eleitoral do partido, de onde membros proeminentes surgiram, como Aécio Neves e Eduardo Azeredo.

O candidato do PSDB em Minas, Marcus Pestana, não obteve nem 1% dos votos totais para a eleição de governador, que consagrou a reeleição de Romeu Zema (Novo). (Pedro Knoth)

Datafolha projeta segundo turno entre Lula e Bolsonaro

O Instituto Datafolha projeta que haverá um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 30 de outubro.

Parcial: Lula passa Bolsonaro às 20h02, com 70% urnas apuradas

Evolução do percentual dos candidatos

Fonte: TSE

Lula passou Bolsonaro na contagem pela primeira vez às 20h02, com 70% das urnas apuradas.

O petista tem 45,74%, contra 45,51% do atual mandatário.

Tebet tem 4,45%, e Ciro 3,08%.

Às 19h04, com 24,2% das urnas apuradas, Bolsonaro tinha 47,8% dos votos, contra 43,42% de Lula.

Às 19h15, com 33,1%, Bolsonaro tinha 47,45 contra 43,7%.

Às 19h42, com 54,59% das urnas apuradas, Bolsonaro tinha 46,31% e Lula 44,87%.

Bolsonaro terá dificuldade de atrair governadores eleitos

Bolsonaro terá dificuldade de atrair governadores eleitos. Essa é a avaliação de Cila Schulman, vice-presidente do Instituto Ideia. “Eu vejo um segundo turno dificílimo para Bolsonaro, se houver. Não vejo os votos disponíveis, vão ser de oposição e não vejo incentivo de candidatos trabalharem para ele (nos estados)”, diz Schulman.

A analista diz ainda que Bolsonaro deve ter apoio apenas em disputas estaduais que se prolongarem e mantenham a polarização presente no âmbito federal. “Não vejo governadores eleitos se matando por Bolsonaro, a exceção será onde acontecer segundo turno entre bolsonaristas e petistas”, diz.

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“Brasil tem três grandes riscos fiscais”, diz Manoel Pires, da FGV-Ibre

O economista e coordenador do Núcleo de Política Econômica e do Observatório de Política Fiscal da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Manoel Pires, afirmou em entrevista ao GPS Eleitoral que sua projeção de riscos fiscais para a União em 2023 está na casa dos R$ 430 bilhões.

De acordo com um estudo conduzido pelo especialista, o Brasil tem três grandes riscos ficais em 2023:

  • Os precatórios, cujo pagamento foi adiado pelo governo em 2021;
  • O ressarcimento do governo aos Estados pela redução do ICMS em combustíveis e na energia elétrica;
  • E o orçamento secreto.

“Acho que existe uma visão pessimista da economia brasileira para o ano que vem. A maioria dos analistas de mercado prevê um crescimento muito baixo. Se acontecer de fato algo no cenário internacional que aponte para uma desaceleração da economia, faz sentido prever um desempenho ruim, mas não acho que isto esteja certo”, avalia Pires. O economista prevê um cenário de retração da economia brasileira de 2% a 2,2% para o ano que vem.

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Precificando vitória do Lula no primeiro turno

Na live GPS Eleitoral, Fabio Graner, analista de economia do JOTA em Brasília, comentou o impacto no preço de ativos, caso Lula vença. “Acho que o que mais afeta preço no mercado é a orientação da política econômica do Lula”, disse.

É uma informação que a campanha do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não tornou pública. Na live GPS eleitoral de ontem, Rui Falcão, ex-presidente nacional do PT e atual coordenador de comunicação da campanha de Lula, disse:

“O que não definimos é aquilo que (o mercado) quer que a gente defina: quem é que vai conduzir a economia? Isso o presidente Lula não vai antecipar”, disse.

Em um evento no dia 20 de setembro, Luis Stuhlberger, um dos maiores gestores de fundos do país, disse que, em caso de vitória, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) provavelmente não será radical, o que seria positivo para o mercado.

Há duas semanas, em um painel organizado pela Bolsa (B3) e a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), Stuhlberger  afirmou que “um aceno moderado do PT”, em caso de vitória do partido, “é suficiente para trazer mais investidores estrangeiros.”

Há chance de contestação do resultado do primeiro turno?

Análise Felipe Recondo, diretor de conteúdo do JOTA, em Brasília, sobre votação “tranquila e harmoniosa”, avaliação feita pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“De fato o clima das eleições de hoje foi de normalidade, sem denúncias relevantes de fraude no sistema eleitoral, e sim mais ocorrências bizarras: vídeos de pessoas quebrando urnas, digitando um número e aparecendo outro candidato, que são conhecidos por serem vídeos falsos. Pela fala do ministro, vemos que são poucas as chances de pedidos de auditoria das urnas e recontagem serem atendidos pelo TSE. Esse é o tratamento que o TSE deve dar. A apuração deste ano deve ser muito mais rápida do que nas eleições anteriores, e eventuais pedidos de recontagem das urnas eletrônicas devem ser igualmente rápidos. Em entrevista, a ‘defesa’ de Jair Bolsonaro disse que vai contestar, mas, por enquanto, advogados e membros da defesa não apontam caminhos para fazer essa contestação.” (Pedro Knoth)

Moraes compara contestação do resultado a choro de perdedor no futebol

A duas horas do encerramento da votação neste domingo, 2, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, minimizou eventuais tentativas contestação dos resultados da eleição por candidatos e autoridades públicas, como as Forças Armadas.

O ministro recorreu à uma analogia futebolística para defender que questionamentos às informações registradas nas urnas eletrônicas devem ser tratadas pela Justiça Eleitoral como reclamações de torcedores cujos times foram derrotados em campo – ou seja, sem relevância ou capacidade de mudar o final da disputa.

Segundo Moraes, eleitores e candidatos descontentes com o resultado do processo devem guardar as queixas para si. “Sou Corintiano, todos sabem. Até hoje contesto a vitória do Internacional, em 1976, com aquela bola que bateu na trave e foi dado gol. Eu fico com minha contestação para mim mesmo e é assim que o TSE vai tratar quem contestar as eleições”, afirmou.

No Instagram da IF: melhores momentos da live GPS Eleitoral

No site da IF, você acompanha reportagens a partir da live, a cobertura de resultados com nossos parceiros Valor Econômico, O Globo e g1. No Instagram da IF, os melhores momentos, em vídeo, da cobertura do GPS Eleitoral.

Neste domingo, mais de 156,5 milhões de brasileiros estiveram aptos a comparecer às urnas neste domingo (2/10) nas eleições 2022, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 9 milhões de eleitores em potencial a mais do que nas eleições de 2018. O número oficial de eleitores que efetivamente votaram será divulgado pelo TSE em breve.

Os eleitores que compareceram às urnas escolheram seus candidatos para presidente, governador, senador, deputado federal e estadual. Entre os candidatos na disputa para a Presidência da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera as pesquisas de intenção de voto. Atrás dele vem o presidente Jair Bolsonaro (PL), que luta para levar a disputa ao segundo turno.