Otan avalia como alertar a China contra apoio à Rússia na guerra

Comunicado deve ser enviado após a reunião extraordiária do grupo na quinta-feira (24)

Os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) estão debatendo a melhor forma de expressar preocupação com uma possível cooperação da China com a Rússia, em meio às preocupações de que um eventual apoio militar e financeiro de Pequim possa revigorar a ofensiva de Moscou contra a Ucrânia.

O alerta deve ser enviado em um comunicado conjunto a ser publicado após uma cúpula extraordinária da Otan na quinta-feira (24). O presidente dos EUA, Joe Biden, irá a Bruxelas para participar do encontro.

Um diplomata europeu com conhecimento das discussões disse que o rascunho do comunicado menciona “preocupações sobre o potencial apoio militar da China à Rússia”. As conversas estão em andamento para decidir se o texto incluirá menções às consequências se a ajuda for dada.

“Precisamos enviar uma mensagem muito clara e educada à China de que é um erro [cooperar com a Rússia]”, disse Deividas Matulionis, representante permanente da Lituânia na Otan. “É realista dizer que haverá alguma menção na declaração sobre isso”, acrescentou.

Segundo Matulionis, não há divergências dentro do bloco sobre a questão. A Otan considera que a Rússia é o agressor e, segundo o representante lituano, “quem apoia um agressor se torna cúmplice”.

A expectativa é que a aliança reafirme sua posição unificada contra a Rússia sobre a invasão e anuncie mais apoio à Ucrânia. Líderes dos EUA, Reino Unido, França e Alemanha conversaram ontem por telefone e confirmaram os planos de continuar oferecendo assistência militar a Kiev.

Em particular, a Casa Branca ficou alarmada com a perspectiva de Pequim dar apoio militar a Moscou e está tentando pressionar a China a manter distância do governo de Vladimir Putin.

Biden alertou o presidente chinês, Xi Jinping, durante uma videoconferência na última sexta-feira, para as consequências que Pequim enfrentaria caso optasse por ajudar Moscou, sugerindo a possibilidade de sanções.

A ligação ocorreu após representantes do governo americano terem afirmado que a China sinalizou disposição de fornecer assistência militar à Rússia após um pedido de Moscou.

Os EUA repassaram essa informação a aliados por telegramas diplomáticos, em uma tentativa de estabelecer as bases para uma cooperação mais próxima com os aliados europeus.

A Otan afirmou em junho do ano passado que considera a China como um rival de longo prazo. Em um comunicado, a aliança militar disse que as “ambições declaradas” de Pequim e seu “comportamento assertivo” apresentam “desafios sistêmicos à ordem internacional baseada em regras e a áreas relevantes para a segurança da Ásia”.

O aprofundamento da parceria entre China e Rússia no contexto da invasão da Ucrânia também pode se tornar uma ameaça de segurança de curto prazo.

Washington precisará de uma ampla cooperação para ter sucesso em qualquer eventual ação contra Pequim. Mas isso pode ser mais difícil de conseguir do que o apoio às sanções contra a Rússia, já que muitos países europeus possuem laços econômicos estreitos com a China.