Vale cai 6,3% com preços do minério de ferro; Ibovespa avança 0,7%

Entre as altas na B3 hoje. as Lojas Americanas são destaque após avanço do plano de fusão com a B2W

A Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, perde valor na Bolsa de Valores nesta quarta-feira (3), acompanhando a queda do metal, após anunciar um lucro menor do que o esperado no terceiro trimestre do ano justamente devido à contínua baixa da commodity.

Às 13h13, a ação da Vale caía 6,3%, para R$ 67,79. Na segunda (1), a companhia informou que o seu lucro ficou em US$ 3,9 bilhões entre julho e setembro – quase a metade do registrado no segundo trimestre e 22% inferior à projeção dos analistas de mercado. O preço médio do minério de ferro recuou 19% no terceiro trimestre, para US$ 162,9 a tonelada, por causa do acúmulo do metal nos portos chineses, já que a produção de aço na China está caindo. Como a tendência de baixa do minério prossegue neste quarto trimestre, os investidores estão vendendo as ações da Vale ao antecipar mais reduções no lucro.

Embora a mineradora tenha peso de 12,1% no Ibovespa, o principal índice da B3 registrava alta de 0,7% no início da tarde, aos 106.256 pontos. As ações das Lojas Americanas se destacavam entre as altas, subindo 13%, para R$ 5,76, enquanto o plano para fusão com a empresa de comércio eletrônico B2W, dos mesmos donos, avança. Os bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, do fundo 3G, abriram mão de ter o controle da companhia resultante.

À espera do Fed e dos precatórios

Dois importantes eventos ainda podem mexer com o mercado hoje.

Às 14h, nos Estados Unidos, o Comitê de Mercado Aberto do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) divulga sua decisão sobre os rumos da taxa de juros no país. Existe também uma expectativa de que anunciará as diretrizes do programa de redução de compra de ativos (chamado, em inglês, de tapering ). A compra, que há 19 meses vem injetando dinheiro na economia americana, atualmente está em US$ 120 bilhões por mês e deve começar sendo cortada em US$ 15 bilhões. Desde a crise financeira mundial de 2008, o Fed vem usando a estratégia de adquirir títulos públicos em poder de instituições financeiras, dando-lhes dinheiro a ser liberado para empresas e consumidores. Durante a pandemia de covid-19, tal expediente foi reforçado, mas agora as autoridades americanas acham que é possível começar a reduzir esse estímulo. Como significativa parte desses recursos foram destinados ao investimento no mercado financeiro, inclusive em países como o Brasil, a retirada pode levar a quedas na Bolsa e mais aumento da cotação do dólar ante o real.

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, vai fazer uma nova tentativa de votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 23/2021, que ficou conhecida como PEC dos precatórios, no plenário da casa. A sessão está marcada para as 18h. Essa lei permite que o governo faça o parcelamento dos precatórios que deve pagar em determinado ano. Antes, a quitação deveria ser feita à vista. A PEC também muda o fator de correção do teto de gastos. O texto já foi aprovado na comissão especial da Câmara, mas precisa passar pelo plenário das duas casas do Congresso, com voto a favor de 3/5 dos legisladores. Se aprovada, a PEC liberaria R$ 91,6 bilhões do orçamento de 2022, que poderiam ser usados para pagar parte do novo benefício de distribuição de renda, o Auxílio Brasil, estimado em R$ 400 mensais.

A discussão sobre o financiamento do Auxílio Brasil azedou o humor dos investidores na semana passada. O governo Bolsonaro vem demonstrando intenção de desobedecer às regras que o impedem de gastar demais (o teto de gastos), com vistas à eleição do ano que vem. Essa atitude prejudica a credibilidade do país, alimentando o medo de que o Brasil não cumpra os seus compromissos.